Como jornalista experiente, acompanho a política de perto. Em uma noite de eleição, há alguns anos, sentada à frente da televisão, minha frustração e indignação atingiam o ponto máximo, uma vez que os resultados não eram os que eu esperava.
Como era possível que aqueles candidatos estivessem ganhando? Como tantos eleitores se deixaram enganar pelo que eu havia visto como uma campanha astuta e manipuladora? Teria toda aquela propaganda negativa dado resultado? O que poderia ter influenciado os resultados?
Eu era um feixe de emoções negativas. Uma sensação de desamparo, até mesmo de raiva, brotava dentro de mim. Estava dominada por pensamentos sobre o que o futuro poderia oferecer à minha comunidade, ao meu país e até para o mundo, sob o governo do partido vencedor.
Ao mesmo tempo, sabia que esses sentimentos e emoções não provinham de Deus, e precisavam ser mudados.
Deus governa tudo
Por meio do estudo da Ciência Cristã, vim a conhecer a Deus, o Princípio divino, como um poder que tudo sabe, que a tudo ama, todo-sábio. Mary Baker Eddy, que descobriu essa Ciência, escreveu: "Tudo quanto é governado por Deus, nunca está privado, nem por um instante, da luz e do poder da inteligência e da Vida" (Ciência e Saúde, p. 215). Deus governa tudo.
Contudo, naquela noite de eleição, eu estava tão obcecada pelo drama humano, que o governo de Deus parecia uma potência distante, e não uma realidade sempre presente. Eu sabia que essa perspectiva não beneficiaria a ninguém. Portanto, à medida que a emoção tensionava meu coração, comecei a orar.
Um dos meus versículos favoritos na Bíblia me veio ao pensamento: "Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova dentro de mim um espírito inabalável" (Salmos 51:10). Enquanto ponderava sobre essa passagem, ansiava por uma convicção profunda de que Deus, não o homem, estava no controle completo e que Sua sabedoria e Seu amor permeavam todo o ser.
Volvi-me a Deus com o desejo de me libertar da minha limitada perspectiva humana de justificação própria. Sabia que devia calar o debate intelectual interior, a fim de abrir espaço para a voz de Deus. Como o salmista cantou: "Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus..." (Salmos 46:10). Minhas orações começaram a me proporcionar a tranqüilidade mental de que necessitava. Comecei a sentir uma confiança renovada no poder do Princípio divino.
Fiquei muito reconfortada com a idéia de que tudo o que não é de Deus não permanece. Como escreveu Mary Baker Eddy: "O Amor divino corrige e governa o homem" (Ciência e Saúde, p. 6).
A raiva e a frustração não provinham de Deus
Ao pensar sobre essas idéias, fiquei mais calma, um sinal seguro de que a vontade humana e a indignação estavam se submetendo ao divino. A raiva, a frustração e a revolta que havia sentido, claramente não provinham de Deus e não poderiam me influenciar.
Embora parecesse que muita coisa estivesse em jogo na eleição, consegui mudar meu ponto de vista humano de qual deveria ser o resultado mais desejável, por uma compreensão mais elevada do governo do Amor divino sempre presente.
À medida que orava, passei a refletir sobre o fato espiritual básico de que todos nós somos filhos de Deus. Como membros de uma única família universal, nunca poderíamos verdadeiramente estar divididos em partidos políticos, em "nós" e "eles". No reino de Deus, não existem perdedores. Deus está no controle de todos os Seus filhos e Ele ama a cada um.
Mary Baker Eddy é muito clara com relação a onde o verdadeiro poder se encontra: "Deus faz e governa tudo" (Ibidem, p. 532). Aqui estava uma oportunidade para que eu tomasse uma posição. Precisava lançar meu pensamento para o lado do Espírito. Sabia que isso beneficiaria não só a mim, mas também a toda a humanidade.
Uma atitude respeitosa honra os ensinamentos de Jesus
Durante os dias que se seguiram, tornou-se ainda mais claro para mim que, ficar perturbada com os resultados das eleições era uma afronta a Deus. Demonstrava uma desconfiança no poder e no amor de Deus por Sua criação. Por outro lado, uma atitude calma e respeitosa honra os ensinamentos de Cristo Jesus e os imbui de humildade, amor e sabedoria.
Não importa quais sejam as questões humanas, não importa qual o resultado, um reconhecimento sincero da eterna presença de Deus sustenta o progresso e a melhoria da situação, de uma forma que nenhuma eleição jamais poderia fazê-lo.
Naturalmente, isso não significa que eu deva ficar passiva diante dos problemas do mundo. Desde aquela eleição, continuei a orar a fim de testemunhar a sabedoria e a orientação de Deus na arena política. Embora ainda tenha opiniões a respeito de determinados assuntos e candidatos, progredi muito ao me desapegar daquelas opiniões e dos resultados das eleições. As tentações de voltar ao inferno emocional da situação humana são muitas, mas a maneira de resistir a elas está claramente delineada para todos nós.
Como escreveu Mary Baker Eddy: "Não temos nada a temer quando o Amor está ao leme do pensamento, ao contrário, temos tudo para nos regozijar na terra e no céu" (Miscellaneous Writings, [Escritos Diversos] 1883-1896, p. 113).