Em certo momento da vida, supreendi-me sendo levado a pensar, cada vez mais, sobre os males e as tragédias do mundo. Para onde quer que olhasse, fosse para o passado da história humana ou para as primeiras páginas dos jornais, poucas eram as evidências de que houvesse um Deus totalmente bom. De fato, percebi que estava enfrentando montanhas de evidências de que não poderia haver uma deidade que fosse inteligente ou interessada, e que a vida era ilógica e fortuita, evoluída materialmente, e sem nenhum significado para o coração humano. Tudo parecia sombrio. Sentia uma tristeza que ultrapassava qualquer coisa que já havia vivenciado.
Fora criado em uma família de Cientistas Cristãos, sabia alguma coisa referente a como orar e havia testemunhado pessoalmente curas de doenças. Contudo, essa drástica perda de qualquer confiança em Deus, essa perda da luz espiritual, pegou-me de surpresa. Esse sentimento estava me gerando certos problemas de ordem prática. Havia saído do emprego que tivera por vários anos, a fim de orar mais sobre os próximos passos. Minha esposa e eu tínhamos um filho pequeno e somente algumas economias. Portanto, esperava-se que eu estivesse procurando outro emprego. Naquele momento, porém, não conseguia orar. Não sentia vontade de comer nem de me barbear e, francamente, não tinha vontade de fazer nada.
Esse estado mental sombrio e a inércia se estenderam por várias semanas. Minha esposa estava orando. Entretanto, tudo aquilo em que eu havia acreditado anteriormente, parecia muito distante e, de alguma maneira fora de alcance. Certo dia, porém, enquanto eu dirigia por uma estrada, no auge do frio do inverno, olhava perplexo para a grama ao lado da estrada. Ela estava totalmente esbranquiçada. Parecia tão sem vida quanto meus próprios pensamentos. Contudo, havia um raio de sol invernal, o qual conseguira romper as nuvens escuras e carregadas, brilhando sobre a grama da estrada. Meu coração se animou com aquele raio de luz, apesar da ladainha de desesperança da mente humana, e este protesto me veio fortemente ao pensamento: "Afinal, há um sentido em tudo isso".
Milhoes de pessoas enfrentam insistentes questionamentos sobre encontrar alguma razao para acreditar em Deus.
Apesar da arrasadora aparência do mal em um mundo material, comecei a perceber que algo mais podia ter uma influência muito maior sobre mim. À medida que seguia essa linha de pensamento, embora hesitantemente, não demorou muito para que minha vida mudasse. A inércia desapareceu. Em seu lugar, surgiram novas atividades, novos interesses, como também logo apareceu um novo emprego, que tinha um propósito espiritual.
Não foi apenas um raio de luz física que eu havia visto, mas foi muito mais semelhante ao que a Bíblia se refere como luz, ou seja, àquilo que restaura o sentido espiritual ou alma. Como disse certa vez o profeta hebreu Isaías: "O povo que andava em trevas viu grande luz, e aos que viviam na região da sombra da morte, resplandeceu-lhes a luz" (Isaías 9:2). O domínio de uma perspectiva material sem esperança começou a ruir. Eu me sentia livre para vivenciar novamente o sentido espiritual que antes havia significado tudo para mim!
Apesar da arrasadora aparência do mal em um mundo material, comecei a perceber que algo mais podia ter uma influência muito maior sobre mim.
No Sêculo XXI, milhões de pessoas enfrentam de forma persistente muitas dúvidas sobre acreditar ou não em Deus. O materialismo vem aumentando incessantemente suas pretensões de ser tudo e saber tudo. Estranhamente, com cada promessa científica de cura de doenças e de maior longevidade para os seres humanos, surge uma opinião arraigada de que a essência das pessoas é mecânica ou química e, portanto, que elas possuem uma natureza inevitavelmente finita e mortal. Estudiosos e pesquisadores nos mantêm constantemente "informados" de que nossos impulsos mais altruístas são meramente evolucionários, neurobiológicos. Recentemente, muitos livros passaram a atacar a crença em Deus com mais intrepidez e de maneira bem direta.
A luz surge e brilha sobre o que ela ilumina
Entretanto, é interessante notar que, quanto mais o materialismo científico se autoafirma, mais sua incapacidade de satisfazer o coração e a alma da humanidade se torna aparente, e cada vez mais almejamos pela luz proclamada por Isaías brilhando sobre as trevas. Não há a menor dúvida de que, como nunca antes, muitas pessoas anseiam e se empenham em conhecer a Deus. Uma simples pesquisa do Google pela Internet registrou aproximadamente 6.500.000 buscas relativas à pergunta: "Por que acreditar em Deus"?
Minhas próprias respostas quanto à razão por que acredito em Deus estão moldadas principalmente por uma vida inteira como Cientista Cristão. Elas se encontram mais sob a forma de anotações práticas que venho fazendo para mim mesmo, ao longo do tempo, do que um tratado sobre o assunto.
Por exemplo, esse conceito de luz espiritual desempenha um papel importante. O tema luz obviamente percorre toda a Bíblia, começando pelo início: "E viu Deus que a luz era boa; e fez separação entre a luz e as trevas" (Gênesis 1:4). Ele continua no Evangelho de João: "De novo lhes falava Jesus, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da vida" (João 8:12). Em seguida, passa para a Primeira Epístola de João: "Ora, a mensagem que, da parte dele, temos ouvido e vos anunciamos é esta: que Deus é luz, e não há nele treva nenhuma" (1 João 1:5).
Minha crença em Deus, ou compreensão a respeito dEle, parece-me mais como uma ideia que está constantemente iluminada, do que algo que eu possa escolher por meio da minha justificação própria.
A luz surge e brilha sobre o que ela ilumina. Minha crença em Deus, ou compreensão a respeito dEle, pa-rece-me mais como uma ideia que está constantemente iluminada, do que algo que eu possa escolher por meio da minha justificação própria ou construir sobre uma base de força de vontade ou mesmo lógica e observação. A maravilha da experiência humana é que existe luz disponível para todos. Nós não a criamos, mas podemos nos volver em sua direção, por assim dizer.
O unico conceito de Deus digno desse nome e que faz algum sentido para mim, e um Deus que e supremamente bom que e todo luz.
Podemos aprender a tirar do caminho tudo quanto possa bloquear a luz ou nos desviar dela. "Bemaventurados os limpos de coração, porque verão a Deus" (Mateus 5:8), prometeu Jesus. A fonte dessa luz é Deus, ou Verdade, com a qual Jesus esteve sempre unido. O Salmista é muito claro quanto ao efeito para todos nós: "Pois em ti está o manancial da vida; na tua luz, vemos a luz" (Salmos 36:9).
A luz, tanto quanto a verdade, tem a capacidade de libertar. Não me refiro apenas à capacidade de inspirar, embora certamente esse também seja um sentimento de libertação. Quero dizer libertação dos tipos mais tangíveis de trevas com as quais os seres humanos se defrontam, tais como:raiva, medo, pecado, ódio, suspeita e conflito, pesar, doença. Sem qualquer efeito, científico ou demonstrável, da verdade e da luz, naturalmente seria muito mais difícil acreditar em Deus. A vida de Cristo Jesus, contudo, não se constituiu somente em pregar a Palavra, mas também em uma miríade de efeitos sanadores, tanto para si mesmo como para seus seguidores. Esses mesmos efeitos continuam poderosos ainda hoje. Eles ilustram, de uma forma que a humanidade compreenderá cada vez mais, a realidade cristãmente científica dos ensinamentos de Jesus, ou seja, a grande praticidade de tudo quanto é espiritualmente verdadeiro.
O Deus no qual acredito não é responsável por criar o mal ou permitir sua existência, por limitar a vida colocando-a, em primeiro lugar, na matéria e no tempo. Não tenho de defendê-Lo ou duvidar dEle quanto a isso. O único conceito de Deus digno desse nome, e que faz algum sentido para mim, é um Deus que é supremamente bom, todo luz. Portanto, eu busco de todo meu coração e de todo meu ser, aprender mais sobre essa singular e importante realidade, aprender mais sobre a realidade do Amor divino, sempre agindo como Princípio.
À medida que procuro Deus da forma correta, torno-me mais capacitado a encontrá-Lo e a vivenciar a experiência espiritual que me fala de Sua presença e de Sua ação justa e boa.
Longe de se afastar de Deus em uma nova onda de ateismo, a humanidade esta comecando a conhecê-Lo
À medida que procuro Deus da forma correta, torno-me mais capacitado a encontrá-Lo e a vivenciar a experiência espiritual que me fala de Sua presença e de Sua açāo justa e boa. Mary Baker Eddy, que descobriu e fundou a Ciência Cristã, certa vez escreveu: "Não podemos sondar a natureza e a qualidade da criação de Deus, mergulhando nos baixios das crenças dos mortais. Temos de inverter o rumo dos nossos fracos adejos—nossos esforços por achar vida e verdade na matéria —e elevarnos acima do testemunho dos sentidos materiais, acima do mortal, até a idéia imortal de Deus. Esses modos de ver mais claros, mais elevados, inspiram o homem divinal a que alcance o centro e a circunferência absolutos de seu ser" (Ciência e Saúde, p. 262).
O que eu acredito sobre Deus é que, longe de se afastar dEle em uma nova onda de ateísmo, a humanidade está começando a conhecê-Lo. Para mim, não estamos mais tão inclinados a procurá-Lo na superstição, no dogma ou nas formulações teológicas, como estamos em nossas próprias experiências honestas, persuasivas e espirituais. São os conceitos primitivos sobre Deus que estão se perdendo, mas não a própria presença de Deus. Estamos, de fato, encontrando um novo significado para a antiga palavra Deus.
Estamos compreendendo e aceitando um Deus infinito, que é Espírito, e não um deus circundado e confinado pela materialidade. A consciência liberta e expansiva que é encontrada na luz e no Amor, que é Deus, abre desígnios e propósitos ilimitados a todos nós que somos, em realidade, Sua criação.
