Na parede do meu escritório há uma gravura de um quadro do pintor francês Eugene Burnand, a qual me inspira profundamente. Com o título "Os Discípulos", ele representa os apóstolos Pedro e João encaminhando-se apressadamente rumo ao sepulcro de Jesus, após ouvir as boas-novas sobre sua ressurreição. Suas expressões são muito marcantes. Ambos estão intensamente focados não apenas em chegar ao destino o mais rapidamente possível, mas também no profundo significado espiritual dessa ocasião.
João, caminhando um pouco à frente de Pedro, está vestido de branco, o que simboliza a pureza de sua fé. Sua confiança sincera na promessa de Cristo Jesus sobre a ressurreição transparece em sua fisionomia e ele olha fixamente à sua frente, enquanto caminha cheio de expectativa, sob os primeiros raios de luz daquela manhã. Pedro segue logo atrás, ansioso pelas dúvidas e temores remanescentes, rechaçados pela evidência do Cristo ressuscitado. Com cabelos e roupas esvoaçando contra o vento e suas faces resolutas e cheias de propósito, poderíamos dizer que esses eram homens extremamente empenhados em uma missão!
Em seu livro Ciência e Saúde, Mary Baker Eddy esclareceu exatamente o quanto a ressurreição transformou a vida dos discípulos: "A ressurreição dele foi também a ressurreição deles. Ajudou-os a elevarem-se, como também, aos outros, da apatia espiritual e da crença cega em Deus, até a percepção das possibilidades infinitas" (p. 34).
A manhã da ressurreição despertou os discípulos de forma permanente para a verdade de tudo o que Jesus havia revelado por meio de sua missão
Os dias que se seguiram à ressurreição e ascensão de Cristo Jesus devem ter sido dias de admiração, assombro e de profundo despertar espiritual. O Mestre conversou com seus discípulos, comeu com eles e provou que havia realmente ressuscitado dos mortos. Antes da sua ressurreição, a maioria, em sua descrença e desânimo, havia abandonado a missão espiritual de cura e pregação e retornado às suas profissões anteriores.
Entretanto, a manhã da ressurreição despertou os discípulos de forma permanente para a verdade de tudo o que Jesus havia revelado por meio de sua missão. Além disso, renovou neles uma compreensão a respeito de seu propósito como discípulos do Mestre, motivando-os à açāo ininterrupta.
Quando medito sobre a ressurreição, fico impressionada com os diferentes relatos no Evangelho das maneiras pelas quais Cristo Jesus apareceu aos seus seguidores. Cada aparecimento refletiu uma terna solicitude e o reconhecimento da individualidade daqueles que testemunharam a evidência do Cristo ressuscitado. Para as mulheres que vieram aos prantos até o sepulcro, um anjo saudou-as com as boas-novas. Essas mulheres tinham tamanha fé, que não houve nenhuma necessidade de ver o corpo de Jesus. Elas aceitaram o que intuíam como verdadeiro e saíram do sepulcro com alegria para compartilhar livremente as boas-novas de que Jesus estava vivo.
Como a ressurreição se revela a nós?
No caminho para Emaús, Jesus revelou-se a dois de seus discípulos por meio das ideias que compartilhou com eles, até que seus corações arderam, inflamados pela luz do Cristo. Até mesmo Tomé não conseguiu refutar esse notável feito após examinar o corpo de Jesus, o qual mostrava a evidência clara da crucificação. A refeição matinal que Jesus compartilhou com seus discípulos às margens do mar da Galileia provou de forma plena que Cristo Jesus era o Mestre ressuscitado.
O que a ressurreição significa para nós, hoje? Certamente, ela é muito mais do que um acontecimento distante, obscurecido pelo tempo, espaço, cultura e credo. Em todas as épocas, sua mensagem atemporal fala aos corações receptivos que anseiam conhecer a Deus. Ela fala sobre a Vida eterna, intocada pela morte, da vitória do bem sobre o mal, do amor sobre o ódio e da retidão sobre o pecado. Ao fazer isso, ela nos desperta para o nosso propósito, uma missão que é inspirada por Deus, uma bênção para nós e para Seu universo.
Como a ressurreição se revela a nós? Por meio do poder sanador e salvador do Cristo, exatamente como os discípulos a vivenciaram. Embora o homem Jesus não esteja mais aqui, o Cristo, que Jesus tão maravilhosamente expressou, está continuamente conosco, como a presença e o amor de Deus que curam.
Cada demonstração do Cristo a Verdade, conforme revelado na Ciência Cristã, é como a manhã da ressurreição
O Cristo é a eterna Verdade do homem criado à imagem e semelhança de Deus, e revela o relacionamento único e perpétuo que cada um de nós tem com Ele. Poderíamos dizer que cada demonstração do Cristo, a Verdade, conforme revelado na Ciência Cristã, é uma manhã de ressurreição despontando em nossos corações. Nesse estado de despertar do pensamento, o Cristo é renovado dentro de nós e então testemunhamos o poder de Deus.
Lembro-me de uma ocasião em que vivenciei esse despertar em minha própria vida. Minha irmã e eu estávamos na faculdade. Estivéramos muito doentes por uns dois dias. Isso aconteceu bem no meio do período escolar e nós duas nos preparávamos para os exames e tentávamos terminar projetos especiais. Havíamos nos esforçado diligentemente para seguir o exemplo de Cristo Jesus em nossas orações por cura, enquanto nos debatíamos fisicamente.
Na segunda noite, parecíamos estar vivenciando sintomas graves e fui tentada a imaginar como eu poderia terminar todas as coisas que tinham de ser feitas nos próximos dias. Então, minha irmã foi até o piano e começou a tocar hinos. A música era suave e confortadora. Embora não me lembre de nenhuma de nós cantando os hinos, realmente me lembro de cantar no pensamento as palavras dos hinos tocados. Foi então que percebi que, com cada hino vinha o Cristo sanador de uma maneira que podia compreender. O que eu sentia era semelhante à paz e o poder da manhã da ressurreição. Naquela noite ambas alcançamos a cura e conseguimos terminar com êxito todos os nossos trabalhos.
Essa foi uma das inúmeras curas que revelaram meu desejo de praticar e compartilhar mais abertamente a Ciência Cristã. É para mim uma experiência tão significativa e viva, que quando dela me lembro vivencio um pouco daquilo que Pedro e João devem ter sentido enquanto se apressavam para chegar ao sepulcro, e também posso dizer com alegria: "Ele ressuscitou!"
