Após fazermos um contrato com uma empresa para a construção de um empreendimento em um terreno que possuímos, projecto que incluía a renovação e utilização de uma casa localizada nesse terreno, fomos encarregados, pela empresa, de comunicar aos nossos vizinhos sobre a obra que seria realizada no local.
Para nós, essa era uma situação muito delicada, pois morávamos há muitos anos no bairro e mantínhamos fortes laços de amizade com a vizinhança. Entretanto, era preciso informá-los sobre o que seria realizado nos meses seguintes, para que ninguém fosse surpreendido. Assim o fizemos. Logo em seguida, mudamos de casa, conforme havíamos planejado, e começamos a obra poucos dias depois.
Tudo corria bem, mas depois de três meses fomos informados de que um embargo judicial suspenderia a obra. O caso foi divulgado nos meios de comunicação.
Para nós aquilo era inexplicável, pois havíamos sido beneficiados por uma lei de ocupação do terreno que nos permitia utilizar a propriedade para fins comerciais. Para nossa surpresa, a iniciativa dessa açāo havia sido de nossos vizinhos, o que motivou na época o rompimento de nossos laços de amizade.
O embargo da obra nos trouxe muitos prejuízos. Após esperarmos cinco anos por uma decisão judicial, finalmente obtivemos a permissão para somente reformarmos a casa, para em seguida disponibilizá-la para locação comercial. Alugar o imóvel seria uma forma de recuperar parte da quantia que havíamos investido no início da obra e de pagar as grandes dívidas que havíamos contraído.
Por quatro outras vezes seguidas nossos vizinhos tentaram, sem sucesso, embargar a obra novamente.
Eu queria entender a atitude daquelas pessoas, afinal ninguém seria prejudicado com a construção. Também não conseguia compreender como tinham conseguido parar um empreendimento que estava de acordo com a lei.
Diante da situaçāo, decidi recorrer a um Praticista da Ciência Cristã em busca de ajuda pela oraçāo. O praticista nos pediu que procurássemos ver nossos vizinhos como filhos de Deus, puros e perfeitos, e que afirmássemos que Deus é Tudo-em-tudo. Também recomendou que ponderássemos sobre este trecho: "Não há nenhuma lei de fracasso, não há insatisfação, pobreza, carência ou limitação. Não existe lei alguma, a não ser a divina, a qual é abundância para todos, harmonia e domínio. Hoje, nenhuma mente mortal, individual, coletiva ou universal, boa, má ou indiferente pode prejudicar a mim ou àqueles que ocuparem meu pensamento, porque Deus, o bem, governa a mim e a cada membro dessa família, com perfeição" (Autor desconhecido).
Nosso encontro só poderia mesmo ter sido pacífico, pois na Mente onipresente, que também é Amor, nunca havia existido nenhum atrito.
Afirmei essas ideias com muita convicção, e em uma tarde de fevereiro de 2008, após orar intensamente, senti um grande alívio e comuniquei ao praticista o fato de que havia superado a tristeza e a mágoa que sentia por nossos vizinhos. Como resposta, o praticista completou: "A bênção virá completa, aguarde".
No começo do mês de março, uma amiga me convidou para sua festa de aniversário, mas, para evitar constrangimentos, gentilmente me comunicou que uma das minhas vizinhas estaria na festa. Eu orei bastante para reconhecer que Deus, que é Pai e Mãe, me orientaria para que eu expressasse sinceridade e amor. O praticista também orou para que tivéssemos um encontro pacífico.
Eu já me encontrava na festa, quando a vizinha chegou. Eu a cumprimentei ao vê-la. De início, ela tentou seguir em frente, mas, de repente, se dirigiu a mim e me deu um abraço, sem dizer uma única palavra. Fiquei surpresa, mas retribuí o abraço.
Quando as senhoras presentes se dirigiram para a sala de jantar, novamente ficamos lado a lado, nos abraçamos e trocamos algumas palavras. Foi muito emocionante. No fim da noite, conversamos amigavelmente, como se os cincos anos de ressentimento tivessem sido uma ilusão, um erro que nunca deveria ter sido gerado nem nutrido na consciência de ninguém. A aniversariante nos agradeceu pelo lindo presente que havíamos lhe dado com a nossa reconciliação.
Aquela foi a prova de que eu estava completamente curada e a situação resolvida. Como a exposição científica do ser explica: "Tudo é Mente infinita e sua manifestação infinita, porque Deus é Tudo-em-tudo" (Ciência e Saúde, p. 468). Nosso encontro só poderia mesmo ter sido pacífico, pois na Mente onipresente, que também é Amor, nunca havia existido nenhum atrito. Ainda nos relacionamos cordialmente.
Hoje, nossa casa está reformada e alugada, para grande alegria, alívio e bênção de nossa família.
