"Se você tem liberdade para expressar sua opinião, então você tem liberdade para ofender", foi o parecer franco de um comediante inglês quando entrevistado pela rádio BBC local. Ele estava dando sua opinião a respeito de uma controvérsia internacional sobre algumas charges que ofenderam a muitos muçulmanos em todo o mundo, provocando reaçōes hostis também declaradas de maneira muito aberta.
Como devoto defensor da importância da liberdade de expressão, minha reação inicial ao comentário do comediante e às demonstrações agressivas aqui na Inglaterra foi: "Liberdade de expressão? Sim, mas espera aí"?
Não temos também a liberdade de escolha de não ofender ou reagir? Para mim, a questão é: "Cada um de nós não deveria se posicionar em defesa de uma liberdade de expressão ainda mais profunda em relação a todas as nossas ações, ou seja, da liberdade de nos expressarmos com sabedoria, compaixão e respeito"?
Eu descreveria isso como uma posição em defesa da liberdade para expressar nossa santidade inata como filhos da Mente divina, todo-sábia, quer chamemos Deus de Criador, ou de Alá, ou, até mesmo se simplesmente acharmos que temos de nos posicionar em favor da "verdade" na qual acreditamos.
Não ser apenas partidário do direito de dizer o que pensamos, mas pela nossa capacidade de fazê-lo com sabedoria, compaixão e respeito, não significa jogar pela janela o direito à liberdade de expressão, mas sim ajustar essa atitude com amor e sabedoria.
Agir assim, por sua vez, beneficia igualmente ao que se expressa, aos que são tocados pela mensagem e à comunidade mais ampla.
Em várias ocasiões, descobri minha reaçāo inicial sobre uma situação instigando-me a falar ou a agir sem medir as palavras e as açōes contra os marcos indicadores da sabedoria, da compaixão e do respeito pelo próximo. Claro que me arrependi por expressar minha opinião sob a influência de tais impulsos.
Quando ouço o que a sabedoria espiritual tem a me dizer, o resultado é positivo
Ao contrário, os resultados são positivos quando paro para ouvir a voz interior da sabedoria, da compaixão e do respeito, e obedeço a essa orientação.
Os resultados são positivos quando paro para ouvir a voz interior da sabedoria, da compaixão e do respeito, e obedeço a essa orientação.
Esse refinamento de motivos e açōes é a percepção orientadora que provém de Deus e leva em conta a visão mais ampla das necessidades de nosso semelhante, conduzindo a ações que abrandam uma situação, ao invés de exacerbá-la e polarizá-la.
Quando as charges ofensivas foram publicadas amplamente, provocando reações violentas que resultaram em várias mortes, ficou claro que a polarização necessitava urgentemente ser neutralizada. À medida que continuei com minhas orações, como sei que muitos cristãos, muçulmanos e outros em todo o mundo estavam fazendo, aprofundei minha busca por uma ideia sanadora.
Ao fazê-lo, vislumbrei uma nova dimensão com relação ao assunto liberdade de expressão que não havia considerado antes.
Deus tem uma liberdade mais elevada para Se expressar
Muito além da arduamente procurada, duramente conquistada e historicamente valiosa liberdade para escolher as palavras que falamos e os pensamentos, opiniões e ideias que transmitimos, além da liberdade espiritual que cada um de nós tem para amenizar o cumprimento do direito de expressar sabedoria, compaixão, respeito e outras boas qualidades, está uma liberdade ainda mais elevada: a liberdade que Deus tem de Se expressar para a perfeita harmonia de Sua criação.
Sob o ponto de vista humano a respeito das coisas, um choque de culturas parece inevitável. Entretanto, visto á luz do eterno direito divino de criar e sustentar a unidade da criação, o que deve emergir de forma dominante na humanidade não é nem uma cultura única predominante, nem um choque de culturas divididas, mas sim uma cultura universal dominada por ideias construtivas e abençoadas que emanam de todos.
Essas ideias estão fluindo de Deus por meio das vias ilimitadas de Sua criação e se constituem no resultado inevitável do amor espiritual. Como Mary Baker Eddy, a Fundadora da Ciência Cristã, escreveu: "Temos o mesmo parecer e conhecemos como somos conhecidos, retribuímos a bondade e trabalhamos com prudência, na medida em que amamos" (Miscellaneous Writings [Escritos Diversos] 1883-1896, p. 117).
