A parábola da pérola de grande valor é muito simples, mas o que ela revela a respeito da substância do reino dos céus pode fazer uma diferença significativa na cura.
Ao apresentar a parábola, Jesus disse: "O reino dos céus é também semelhante a um que negocia e procura boas pérolas; e, tendo achado uma pérola de grande valor, vende tudo o que possui e a compra" (Mateus 13:45, 46). Durante a época de Jesus, uma pérola perfeita valia uma soma incrível. Uma coloração amarelada ou um formato que não fosse perfeitamente redondo e liso dininuía seu valor. Havia muitas pérolas de qualidade inferior, portanto, uma pérola de grande valor tinha um preço especial. Naquele tempo, pensava-se que a pérola fosse concebida por um peixe que surgia do orvalho que caía do céu. A qualidade do orvalho determinava se ela era pura e redonda ou se era manchada e deformada. Portanto, a parábola nos leva a entender que a pérola não era simplesmente um belo tesouro material, mas uma substância divina e pura. O negociador estava, na verdade, em busca de substância espiritual e, quando a encontrava, a única maneira pela qual ele poderia possuí-la era vendendo tudo o mais que possuía. Em outras palavras, ele tinha de abandonar a substância material em troca da substância espiritual; ele não poderia possuir as duas.
Embora a parábola não diga onde o negociador de pérolas encontrou essa de grande valor, Jesus disse que aqueles em busca do reino dos céus o encontram onde quer que estejam. Jesus também disse que o reino está "à mão" e "dentro". A partir dessas declarações, talvez possamos concluir que a verdadeira substância do nosso ser já está, e sempre esteve, presente, definindo nosso ser exatamente agora.
O que a substância da "pérola de grande valor" inclui? A palavra substância em inglês, "substance", tem duas partes: "sub" e "stance." "Sub" significa "under" (sob) e "stance) significa "stand" ou "standing" (posição ereta ou ficar em pé). Portanto, o conceito subjacente de "substance" é "understanding" (compreensão). Um dicionário define a palavra "understand" (compreender) como: "ter ideias corretas e adequadas sobre algo". Isso significa que a verdadeira substância é realmente uma abundância de ideias ou pensamentos corretos. Essas ideias verdadeiras são puras, indestrutíveis, belas, úteis, ordeiras, imutáveis, perfeitas e infinitas. As ideias corretas não se originam em nós, mas em Deus, a Mente, ou seja, a fonte de todas as ideias espirituais ou pensamentos. Criados à imagem e semelhança de Deus, somos as expressões individuais de todas as qualidades da Mente, refletindo a substância divina. Mary Baker Eddy foi um pouco mais além ao escrever sobre esse tema, quando escreveu: "[O homem] reflete Deus, sendo Deus a Mente do homem, e esse reflexo é substância—a substância do bem" (Retrospecção e Introspecção, p. 57). A substância que refletimos é tão eterna e completa como sua fonte, a Mente divina.
Compreender a verdadeira substância do nosso ser é como encontrar a pérola de grande valor. Além disso, quando a encontramos, abrimos mão naturalmente da matéria, ou da concepção material sobre substância.
Compreender a verdadeira substância do nosso ser é como encontrar a pérola de grande valor. Além disso, quando a encontramos, abrimos mão naturalmente da matéria, ou da concepção material errônea sobre substância. Ao explicar isso, Mary Baker Eddy escreveu: "Quando na Ciência Cristã aparece a substância do Espírito, então se reconhece a nulidade da matéria" (Ciência e Saúde, p. 480). Uma vez que o reino dos céus é infinito e sua substância é divina, não resta nenhum espaço para seu oposto, a matéria. Isso se deve ao fato de o Espírito, ou verdadeira substância, encher todo o espaço.
Nas ocasiões em que a substância em nossa vida parece estar doente, limitada ou ferida, podemos saber que o que aparece como substância discordante é apenas um estado mental material. Em Ciência e Saúde, Mary Baker Eddy explicou: "Tudo o que se abriga na mente mortal como condição física, projeta-se no corpo" (p. 411). Uma vez que uma condição física é meramente um falso senso de substância, quando ele desaparece, a condição física também desaparece. A cura, então, é como encontrar a pérola de grande valor, ou seja, trocamos o falso pelo verdadeiro senso de substância. Quando a substância for compreendida como sendo uma abundância de ideias corretas, nós a perceberemos instantaneamente evidente, na exata maneira em que é exigida, porque as ideias de Deus estão sempre presentes. A cura instantânea acontece porque não existe matéria para ser melhorada, somente uma percepção equivocada de substância a ser iluminada pelo Cristo, a Verdade, que manifesta a verdadeira substância de nosso ser. Esse fato se comprovou de forma prática em minha própria experiência.
Certa manhã, peguei inadvertidamente o aparelho de frisar cabelos pela parte quente, em vez de pelo cabo. Rapidamente o larguei e me volvi à oração. Meu pensamento retrocedeu alguns dias antes disso, quando havia alcançado um senso claro de substância espiritual, enquanto estudava a história bíblica de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego. Esses três hebreus foram amarrados e lançados em uma fornalha ardente, porque se recusaram a adorar um ídolo de ouro que o rei Nabucodonosor havia erigido para que todos o adorassem. Quando o rei olhou para a fornalha, ele viu quatro homens que caminhavam livremente no meio do fogo. O quarto homem parecia ser o filho de Deus e as chamas não os queimavam. O rei então pediu que Sadraque, Mesaque e Abede-Nego saíssem do fogo. Quando saíram, viu-se que eles nāo haviam sido tocados pelas chamas, nem um só fio de cabelo fora chamuscado, nem cheiro de fumaça passara sobre eles (ver Daniel, cap. 3). Que exemplo poderoso de que a compreensão acerca da verdadeira substância pode proporcionar ao nosso bemestar! Eles seguramente encontraram a "pérola de grande valor"!
A verdadeira substância do nosso ser está em segurança na Mente infinita, o reino de Deus e, portanto, impossível de ser alterada por qualquer outra suposta força.
Achei interessante que o rei descreveu aquele que caminhava bem no meio do fogo como o "filho de Deus". Comparei esse episódio à atividade do Cristo manifestando o fato de que os três hebreus (como também nós) nunca poderiam estar em um ambiente destrutivo, mas somente no reino dos céus, onde a verdadeira substância é indestrutível e espiritual. É como o exemplo de alguém que mantém no pensamento um belo floco de neve, e então entra em uma sauna super aquecida. Será que o floco de neve se derreterá? Claro que não! Como ideia, o floco de neve está protegido de qualquer ambiente destrutivo. A verdadeira substância do nosso ser está em segurança na Mente infinita, o reino de Deus e, portanto, impossível de ser alterada por qualquer outra suposta força.
Com essa história bíblica, também havia ponderado, em profundidade, uma passagem de Ciência e Saúde que diz: "Dizes: 'Eu queimei o dedo'. Eis uma declaração exata, mais exata do que supões; porque é a mente mortal, e não a matéria que o queima. A inspiração sagrada criou estados mentais que foram capazes de anular a açāo das chamas, como no caso bíblico dos três jovens hebreus cativos lançados dentro do forno babilônico; enquanto um estado mental oposto poderia produzir combustão espontânea" (p. 161).
No caso dos rapazes hebreus, não foi tanto a fornalha ardente, mas o pensamento deles, a respeito de onde estavam e quem eram, o que fez a diferença. Da mesma forma, a inspiração sagrada do Cristo tornou as chamas inofensivas. Portanto, em minha própria experiência, não foi o ferro quente, mas o que pensei sobre a substância verdadeira e meu lugar no reino, o que trouxe a libertação de qualquer dor ou discórdia. Comparei essa visão inspirada à busca da pérola de grande valor. Sabendo que minha substância verdadeira era indestrutível, consegui pôr de lado o conceito falso de substância e ouvir o que Deus estava me dizendo sobre minha identidade verdadeira.
Enquanto orava com essas ideias, compreendi que o que queima não é uma força material de calor, mas o pensamento mortal. Se fosse o calor das chamas que queimasse, não haveria como desfazer essa força, mas se é o pensamento mortal o que queima, então esse pensamento pode ser redimido com a ideia-Cristo, que declara que a substância verdadeira é espiritual. Ficou então evidente para mim que a matéria nāo tinha nenhum poder ou inteligência para causar qualquer dor ou condiçāo física. Era somente o pensamento que determinaria se minha mão seria queimada.
Ficou então evidente para mim que a matéria não tinha nenhum poder ou inteligência para causar qualquer dor ou condição física. Era somente o pensamento que determinaria se minha mão seria queimada.
Continuando a orar, reconheci que minha única substância era espiritual e que era composta de qualidades espirituais e ideias corretas. Essas qualidades de honestidade e de ideias de alegria e sabedoria estavam na Mente e não poderiam ser queimadas ou danificadas. O único poder real e a única força real do universo pertenciam a Deus, o bem, a força da harmonia, mantendo tudo em ordem. Simplesmente não havia nenhum espaço para qualquer força opositora. Afirmei que em Deus, o Princípio, não havia acidentes e que nunca houve um momento em que a lei de sabedoria e harmonia de Deus não estivesse em operação. Em minhas orações, estava acalentando algo que Mary Baker Eddy escreveu: "Lança tu o erro fora do pensamento, e seu efeito não aparecerá" (Ciência e Saúde, p. 40).
Orei até sentir que cada conceito material equivocado acerca de substância havia desaparecido e então me encaminhei para o escritório e fui trabalhar. Apesar de ter colocado minha mão sobre um ferro quente de frisar, não havia nenhuma dor, como também nenhuma evidência de queimadura. Compreender a substância verdadeira do ser removeu quaisquer efeitos e, naqueles poucos momentos de comunhão devota, a pérola de grande valor foi buscada e encontrada.
A parábola de Jesus ensina uma lição muito importante: Não existe nada mais valioso do que a pérola da verdadeira substância. Embora algumas vezes nossa substância possa parecer uma pérola manchada e irregular, podemos saber que a única substância que podemos em realidade ter é perfeita, divinamente pura e sempre presente. Portanto, quer enfrentemos diminuição de renda, saúde precária ou qualquer limitação, cada um de nós tem a oportunidade preciosa de perceber e encontrar a verdadeira substância, a pérola "de grande valor", a qual traz cura.
