O Natal é uma época tão especial do ano. Mas, às vezes, pode ser que nos sintamos pressionados, tentando fazer de tudo para que essa comemoração seja perfeita, e isso pode parecer como se tivéssemos de acomodar à força todas as coisas que prezamos dentro de um espaço limitado. É como se tivéssemos apenas uma oportunidade no ano para "fazer com que tudo dê certo" e nada de errado aconteça. Então, quando tudo termina, voltamos às atividades de sempre.
A Ciência Cristã tem me ajudado a pensar sobre o Natal de uma forma mais ampla, como um eterno evento contínuo, uma experiência de graça e verdade que acontece no pensamento como o efeito do amor incondicional que Deus tem por nós. Ele envolve o despontar do reconhecimento da nossa espiritualidade, e a adoção da pureza divina de pensamento e de vida que caracterizou o Filho da Virgem-mãe.
A luz do Cristo penetra o profundo sonho mortal sobre a suposta separação de Deus, sobre pecado e condenação, e abre nossos olhos para a gloriosa presença eterna do Espírito e para a inocência original de todos nós como filhos de Deus. Vislumbramos nossa eterna unidade com Deus e nossa semelhança com Ele, e ficamos plenos do regozijo de Emanuel ou Deus conosco.
A humildade é a serena manjedoura do pensamento onde podemos comungar com Deus
Com o passar dos anos, minha família e eu descobrimos que as circunstâncias especiais nas quais possamos nos encontrar em um determinado Dia de Natal, são, em última análise, irrelevantes. O que sempre podemos fazer, e isso é o que verdadeiramente importa ao final do dia (qualquer dia), é fazer um sincero esforço para permanecer na quietude da natureza humilde e inocente do Cristo. A humildade é a serena manjedoura do pensamento onde podemos comungar com Deus, na companhia de Seus pensamentos e receber o dom de Sua graça.
Lembro-me de uma ocasião em que parecia que estávamos caminhando para um Natal tranquilo, em casa. Não poderia imaginar nada melhor! Sem viagens, sem pressão. Depois de anos de alegres viagens de carro para outro estado, a fim de comemorarmos o Natal com inúmeros familiares, desta vez eu desejava não viajar. Ansiava comemorar o significado mais profundo do nascimento de Cristo Jesus da maneira que Mary Baker Eddy fazia: "Eu gosto de observar o Natal em quietude, humildade, benevolência, caridade, deixando que a boa vontade para com o homem, o silêncio eloquente, a oração e o louvor expressem minha concepção do aparecimento da Verdade" (The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, p. 262).
A parte referente à "quietude" era o que mais me interessava. Mas um Natal simples, em casa, não aconteceria. A família precisava de um pouco mais de amor e apoio naquele ano. Portanto, meu marido e eu decidimos viajar mais uma vez. Era a coisa certa a fazer, mas eu não nutria grandes expectativas. De fato, achava que talvez fosse gripar. No fundo, era a sugestão que não queria calar: "Este Natal está arruinado".
Então, enquanto embrulhava presentes e assava biscoitos, descobri que algo radiante e auspicioso assumiu o controle do meu pensamento. Um pequeno lampejo de alegria, que começou a crescer dentro de mim, dissipou todas as nuvens de frustração. Sabia por experiência que isso era um sinal do Cristo em ação; ele sempre nos eleva e nos encoraja. Ocorreu-me: "Como é estranho você acreditar que o dom magnificente do Cristo, dado por Deus, poderia alguma vez ser obscurecido pelas circunstâncias humanas". Essa não era a maneira que eu costumava pensar, visto que era uma perspectiva tão limitada sobre o Natal.
O próprio sentimento especial de alegria, paz e esperança que associamos ao Dia de Natal, não depende do tempo nem de circunstâncias materiais
Lembro-me de algo que eu no fundo realmente já sabia, mas que havia perdido de vista, quando meu plano pessoal para esse dia "ideal" fracassou: que o próprio sentimento especial de alegria, paz e esperança que associamos ao Dia de Natal, não depende do tempo nem de circunstâncias materiais. Não temos de estar em um determinado lugar, em uma determinada data, a fim de vivenciar a alegria do surgimento do Cristo, do aparecimento da Verdade. O Cristo não é sazonal. A Verdade não é sazonal. A influência cheia de graça e sanadora de Emanuel, "Deus conosco", é constante.
Prossegui raciocinando nesse sentido, enquanto continuava a assar bolinhos, a embrulhar e a empacotar presentes, quando, repentinamente, compreendi que eu podia ter meu lugar tranquilo e em quietude no Natal, apesar de tudo. Podia tê-lo, porque esse era um lugar na Mente divina, em Deus, não um local no mapa. Um lugar onde o barulho do interesse pessoal, da preocupação, do orgulho e da pressão é silenciado e onde a presença de Deus é sentida. Era um lugar de cura e amor que envolvia a todos. As condições humanas "ideais" não poderiam me proporcionar esse lugar de paz espiritual, como também as condições menos do que ideais não poderiam tirá-lo de mim. Minha perspectiva mudou. Fui invadida por uma nova expectativa do bem pela viagem que faria.
Alguns dias depois, quando chegamos à casa da minha irmã, mergulhamos direto nas atividades normais e intensas de uma grande família com quatro crianças pequenas se preparando para o Natal. Mas eu resolvi deixar que cada momento pertencesse ao "Acalma-te, emudece" do Cristo (ver Marcos 4:39). Orei para que meus pensamentos e ações pudessem permanecer centrados em Deus e assim contribuíssem para uma atmosfera de harmonia e cura para todos. Umas duas vezes senti que estava à beira de ficar doente. Entretanto, não temia mais que o Natal pudesse ser prejudicado por alguma coisa, ou que eu pudesse estragá-lo para os outros, ficando doente. A festa de Natal acontecerá, lembrava a mim mesma. Nada pode detê-la. A luz da Verdade e do Amor tocará o coração de todos aqui, de maneira significativa. Haverá bênçãos em toda parte.
É isso o que acontece com o Cristo. Ele vem nos livrar quando mais o necessitamos
Toda vez que eu orava para permanecer calmamente ciente da terna presença de Deus como a única presença, os sintomas desapareciam e a gripe, ou qualquer coisa que pudesse ser, nunca progredia. Naquele ano, a influência divina ficou aparente de muitas formas. As crianças estavam muito alegres, carinhosas, agradecidas. Uma parente que esteve inclinada a se sentir deslocada após o falecimento de seu marido, se sentiu plenamente incluída e estimada. Outro membro da família que sempre resmungava: "Odeio o Natal", participou mais do que no anterior e foi uma companhia muito agradável. Minha irmã, uma anfitriã sempre generosa, sentia-se extremamente pressionada por todas as coisas que tinha de fazer quando, de repente, enquanto estava junto à pia da cozinha, sentiu a presença de Deus. A paz simplesmente substituiu a pressão. Naquele momento, ela não havia sequer orado. A mudança simplesmente aconteceu. É isso o que acontece com o Cristo. Ele vem nos livrar quando mais o necessitamos, porque Deus ama muito a cada um de nós.
Aquele Natal me ensinou muitas coisas, acima de tudo que "o Cristo não está sujeito às condições materiais" (conforme escreveu Mary Baker Eddy em Ciência e Saúde, à p. 49), como também não está sujeito nem ao tempo nem ao espaço. O cenário de quietude pelo qual ansiava e que temia perder foi encontrado na simplicidade da humildade do Cristo, e não tive de procurá-lo muito além do que dentro do meu próprio coração.
Logo descobri que esse lugar silencioso no pensamento era também um lugar de atividade da oração abnegada e do terno interesse pelos outros. É um local onde vemos a graça de Deus fluindo imparcialmente sobre todos, em toda parte, sobre soldados e refugiados, sobre órfãos e prisioneiros, sobre os sem teto e os de coração partido. Ninguém é deixado de fora. É definitivamente desejável celebrar o Natal "em quietude", como a Sra. Eddy amava fazer. Mas não podemos nos esquecer de que o Natal continua com todas as outras qualidades cristãs provedoras de paz e bênçãos ao próximo, e que Eddy igualmente valorizava e praticava em sua celebração do Natal.
O dia 25 de dezembro continuará vindo e indo, à medida que o tempo vai passando. As comemorações virão e irão, algumas mais significativas do que outras. Mas o Cristo, essa influência de espiritualidade radiante e constante, não inclui nenhuma frustração depois que os presentes forem abertos e as festividades terminarem. Sua resplendente promessa é real, não se deixando abalar pelo espectro de erros passados, problemas não resolvidos ou a ameaça de incertezas futuras.
Nada pode anuviar a estrela de Belém do Cristo despontando em nosso coração. Há somente a presença radiante do eterno agora do Espírito e a certeza de cura e de salvação para todos. Todas as promessas representadas desde há muito pela chegada desse inocente bebê em uma manjedoura serão cumpridas com toda certeza e de forma progressiva, tanto em nossa vida individual, como no mundo. Esse é o grande presente de nosso Pai a todos os Seus filhos!
 
    
