O conceito de substância desempenha um papel vital em tudo que fazemos ou pensamos. Ele está relacionado à nossa saúde, nossas necessidades diárias, nosso amor pelos outros e nossa felicidade. Se considerarmos a substância em termos materiais, ela pode ser variável e limitada. Mesmo quando as coisas vão bem, sempre há algum grau de incerteza conectado com tudo. Mas, ao elevar nosso conceito de substância como derivada de Deus e incluída em nossa identidade espiritual, então essas limitações e dificuldades desaparecem.
Jesus chamou nossa atenção para essa verdade a respeito do ser. Ele nos disse para considerarmos Deus, o Espírito, como a verdadeira substância e também que: "O espírito é o que vivifica; a carne para nada aproveita" (João 6:63). Estaria ele dizendo para ignorarmos tudo o que os sentidos materiais estão nos informando sobre substância? Não, acho que Jesus estava fazendo algo muito mais radical, ele estava persuadindo-nos a nos elevar espiritualmente, de tal maneira a nos libertar de forma total da perspectiva material.
Em Ciência e Saúde, Mary Baker Eddy ampliou essa compreensão quando disse: "A metafísica reduz as coisas a pensamentos e substitui os objetos dos sentidos pelas idéias da Alma" (p. 269). Considerar a vida dessa forma não significa ignorar "os objetos dos sentidos" ao nosso redor, mas transformá-los em percepções mentais.
O Amor divino é a própria substância do nosso pensamento
Mas a Ciência Cristã não se restringe a considerar o material como um fenômeno mental. Ela nos leva mais além, ao trocar essas percepções materiais pelas ideias da Alma, as únicas ideias que são divinas e eternas.
Fundamentados em Deus, não na matéria
A Ciência Cristã mostra que tudo quanto vivenciamos é, na verdade, mental, muito embora para os cinco sentidos físicos, como também do ponto de vista de tudo aquilo a que fomos educados a acreditar, pareça ser material. Essa Ciência mostra como substituir essas impressões mentais, consideradas como materiais, por ideias que demonstram a natureza de Deus, e faz isso O identificando como o fundamento de todo ser real, a própria Alma da existência. Alma, um sinônimo ou nome para Deus, é também Mente divina, a fonte de toda ideia verdadeira. Podemos olhar para essas ideias, fundamentadas em Deus, como permanentes e sempre disponíveis. Elas constituem a verdadeira substância de nossa saúde e felicidade, e são a resposta a todas as nossas necessidades. Considero as histórias bíblicas como o relato da busca humana por substância, a qual termina quando consideramos a Deus como a origem contínua da nossa verdadeira identidade e das ideias que essa identidade inclui.
A Ciência Cristã mostra como substituir as impressões mentais, consideradas como materiais, por ideias que demonstram a natureza de Deus, e faz isso O identificando como o fundamento de todo ser real, a própria Alma da existência.
Além de Deus ser Alma e Mente, outro sinônimo para Deus é Amor. Esse Amor cuida de cada elemento de Sua preciosa criação, de mim, de você e de cada indivíduo. O Amor é a verdadeira substância dos nossos pensamentos. Consequentemente, à medida que essa compreensão for desenvolvida, cada pensamento transmite o sentimento de que somos amados e supridos de tudo o que é bom. Esses pensamentos podem aparecer como moradia, alimento, vestuário, como necessidades humanas sendo supridas. Entretanto, sua solidez e permanência não estão na matéria, assim como o bem não se origina em pessoas. Ele é individualizado como o reflexo do infinito Amor, que é Deus.
Ela orou para saber que a matéria tinha de se submeter ao conceito correto de substância, como espiritual e harmoniosa
Toda manifestação desse Amor, desde o menor ato até a mais produtiva atividade global comprova a natureza e a existência de Deus. Essas indicações de Deus abrem nossos olhos para o alcance infinito das ideias do Amor e nos mostram a Vida, que é imortal, eterna e indestrutível. Mas, e se essas manifestações da Alma não aparecessem? Então, precisaríamos recorrer à eterna presença de Deus como nossa Vida, Amor e Mente, a fim de nos libertar do conceito de substância como passível de ser afetado pelo tempo ou por qualquer outro fator limitador.
A substância é constante, contínua
Permitam-me dar um exemplo muito simples de como ver a substância como espiritual, ao invés de material, resolveu o que parecia ser um problema físico. Uma garota que conheço, na época cursando o ensino médio, precisava fazer um exame médico a fim de jogar voleibol. O doutor disse que ela estava com uma infecção nos rins e que, portanto, não poderia participar dos jogos, sem medicação. A mãe da moça começou a orar para ver Deus como o único criador, e Sua criação como eternamente pura e perfeita. Ela compreendeu que Deus, como Mente, controla todas as funções e condições, não a matéria. Ela orou para saber que a matéria, sendo um falso conceito de substância, tinha de se submeter ao conceito correto de substância, como espiritual e harmoniosa. Depois dessa oração, a moça foi reexaminada e ela estava curada, nenhuma infecção foi encontrada.
Quando essa mesma garota era mais nova, ela teve um problema físico diferente, que levou sua mãe a pesquisar a palavra "kidney" [rim] no dicionário em inglês. Essa menina tinha um lindo cabelo ruivo que, algumas vezes, é identificado como mau temperamento e, naquela ocasião, ela estava realmente dando vazão a esse comportamento difícil. A mãe ficou surpresa em descobrir que uma das definições comuns de "kidney" [rim] no Dicionário Webster se referia a "temperamento". Ela sabia que uma filha de Deus refletia somente a ação consistente da serenidade da Mente. Então, ela se voltou para sua filhinha e disse: "Você é a filha perfeita de Deus. Isso sempre foi verdadeiro e é verdadeiro neste momento". Foi tão poderosa a compreensão da mãe sobre esse fato, que tanto o mau temperamento quanto o problema físico desapareceram.
Tudo o que precisava se cumprir em minha vida surgia de modo natural
O que realmente aconteceu nesses dois exemplos? A condição material mudou? É o que parecia. Mas o que realmente estava acontecendo? O fato eterno da verdadeira substância espiritual dessa garota fora suficientemente compreendido, de modo que o que parecia como uma condição material imperfeita foi vista como não existente.
O verdadeiro status da nossa identidade não muda. Deus, como a Mente perfeita e inteligente, não poderia conceber Sua ideia, o homem, menos do que Sua perfeita semelhança, expressando Sua natureza. Ao reconhecer isso, eliminamos qualquer conceito errôneo que tente obscurecer nosso ser espiritual, nossa verdadeira substância, e isso se evidencia nas necessidades básicas que são supridas em nossa experiência. Não temos de delinear exatamente sob que forma a cura dos problemas deverá assumir. De fato, não podemos humanamente projetar uma forma específica de substância. A Mente divina concebe as ideias eternas que compõem a criação de Deus e que se manifestam continuamente. Em última análise, essas são as ideias que prevalecerão sobre as crenças humanas, até que as aprentes imperfeições cedam a uma perspectiva mais harmoniosa de substância.
O fato eterno da verdadeira substância espiritual dessa garota fora suficientemente compreendido, de modo que o que parecia como uma condição material imperfeita foi vista como não existente.
Uma compreensão verdadeira sobre substância nos capacita a expulsar qualquer tipo de limitação, inclusive aquelas relativas a emprego e finanças. Lembro-me da diferença que isso me fez quando acabara de me mudar para uma cidade onde não conhecia ninguém. Ao me mudar para lá, meu propósito era o de iniciar a prática pública da cura pela Ciência Cristã. Após um ano nessa atividade, eu fizera um pequeno progresso, mas muito lento. Certa noite, estava sentado em meu escritório, uma sala na Associação Cristã de Moços, sem dinheiro e me sentindo muito só. Pensei nos meus amigos que estavam progredindo profissionalmente e desfrutando a vida. Ao continuar a pensar nisso e a orar, repentinamente obtive uma percepção diferente sobre substância. Compreendi que, em realidade, eu nunca poderia ter mais do que tinha exatamente naquele momento. Eu incluía todas as ideias da Mente, e não poderia ter mais do que tudo. Agora, estava vendo a substância dos meus bens e do meu companheirismo em termos espirituais, ao invés de em termos materiais.
No dia seguinte, a situação do dinheiro e do companheirismo não haviam mudado. Mas, minha vida estava diferente. Sentia-me infinitamente rico, repleto de todos os pensamentos que Deus me transmite. Pude aceitar esse estado de consciência como minha substância eterna e ilimitada. Também compreendi que poderia ativar essas ideias espirituais de forma produtiva e sanadora. À medida que assim procedia, minha vida e minha proficuidade se expandiam. Não precisava pensar sobre o que eu tinha e o que não tinha, mas somente sobre o que eu poderia dar e expressar espiritualmente. Então, tudo que era necessário se realizar em minha vida, apareceria de forma natural. Não digo que nunca mais tive de enfrentar sentimentos de limitação, mas pude considerá-los como uma exigência para perceber mais da presença da substância espiritual e para crescer ainda mais em minha confiança e compreensão espiritual.
A verdadeira substância é a identificação correta do que somos como o reflexo de Deus, ou seja, da Mente, do Amor e do Espírito
À medida que admitia essas verdades para mim mesmo, conseguia reconhecer que essa substância verdadeira está acessível para os outros também. Uma importante percepção para ajudar outras pessoas foi a compreensão de que há somente uma expressão infinita de Deus, a qual conhecemos genericamente como homem. Sob uma visão material, parecia que eu estava rodeado por várias personalidades mortais separadas, cada uma com sua própria vida, corpo, posses e problemas. Mas, consegui ver que tudo isso era uma visão equivocada da substância do homem como a ideia do Espírito, a expressão infinita de Deus como Mente. Percebi essa manifestação infinita como minha verdadeira identidade, e compreendi que, como esse reflexo infinito e individual da Mente, eu incluía a consciência de cada ideia que a Mente concebe. Também compreendi que, exatamente como eu não poderia ser privado da consciência da minha identidade, da minha substância, ninguém mais o poderia.
Isso coincide com o princípio da matemática. Por exemplo, posso estar ciente do número sete e usá-lo, mas isso não impede que outras pessoas usem o número sete. Todos nós estamos unificados em nosso uso do número sete, mas ainda mantemos nossa identidade distinta ao usá-lo. Do mesmo modo, cada um de nós expressa Deus completamente, de uma forma única e diferente. Essa consciência mútua da totalidade da Mente nos une, embora preservando a infinita diversidade da manifestação de Deus.
A verdadeira substáncia é a identificação correta do que nós somos como o reflexo de Deus, ou seja, da Mente, do Amor e do Espírito. Por conseguinte, as sugestões limitadoras da vida, como controlada pelos sentidos físicos e pela falsa educação, são efetivamente substituídas pela contínua revelação da abundância, da beleza, da alegria e das capacidades que são a natureza da criação de Deus. O aparecimento dessa substância jamais cessará, mas se expandirá até a glória perpétua de Deus e Sua preciosa expressão, cada um de nós, agora e para sempre!
