Tradicionalmente, na virada do Ano Novo, a imprensa costuma publicar previsões sobre futuros acontecimentos. Os repórteres são chamados à sede da empresa onde trabalham ou lhes é pedido que publiquem prognósticos sobre o que pode acontecer no novo ano. Na maior parte das vezes, as previsões estão erradas. Daí a tradicional piada dos jornalistas: “Nunca deixe os fatos interferirem em uma boa história”.
Mas são exatamente os fatos que importam para cada um de nós e, ao olhar para 2012, que está apenas começando, deve-se focar estritamente na verdade dos fatos. Estabelecer pensamentos verdadeiros, em oposição àqueles que são efémeros, espectrais ou ilusórios, é de primordial importância para o cristianismo e, especialmente, para os Cientistas Cristãos.
Cristo Jesus nos disse: “...conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8:32). Esse é um claro chamado para que cada um de nós considere olhar para o futuro a partir de uma perspectiva estritamente espiritual, em especial, quando consideramos o que os próximos meses podem trazer. Às vezes, outra perspectiva pode nos fazer sentir ridículos. A não ser que nossas expectativas tenham uma base espiritual, talvez tenhamos de retirar o que dissemos.
Frequentemente, o medo é o irmão gémeo das profecias fatais de infelicidade, de um futuro sombrio ou de más notícias
Certa vez, nos últimos anos do comunismo, eu estava trabalhando na República Soviética da Estónia com uma jovem estoniana, que me ajudava como intérprete. Quando estávamos fora do alcance dos ouvidos de algum espião do governo, ela se virou para mim e perguntou, quase suplicante: “Você acha que eu poderei algum dia viajar para o ocidente, para Londres ou Paris”?
Ela estava certa de que enfrentaria um futuro cruel e sombrio, porque naquela época a maioria dos cidadãos soviéticos não conseguia permissão para viajar para fora do antigo Bloco Oriental e ela desejava muito conhecer o mundo além da Cortina de Ferro. Com base no conhecimento convencional, enfaticamente respondi que suas chances estavam próximas de zero, uma vez que eu jamais poderia prever que os três pilares do Estado Soviético: os serviços de segurança, o Exército Vermelho e o Partido Comunista perderiam seu controle sobre os povos que estavam sob seu jugo. No entanto, dentro de três ou quatro anos, foi exatamente o que aconteceu e agora os antigos cidadãos soviéticos são livres para viajar pelo mundo todo.
Anos mais tarde, além de rir muito de mim mesmo, cheguei à conclusão de que na raiz da preocupação daquela jovem estava o medo de que ela nunca teria acesso a algo bom. Frequentemente, o medo é o irmão gêmeo das profecias fatais de infelicidade, de um futuro sombrio e de más notícias.
Os ensinamentos da Ciência Cristã oferecem a oportunidade e o poder de combatermos as sugestões do mal
Hoje, tantas pessoas são amedrontadas por várias profecias que induzem ao medo, incluindo tipos de sintomas físicos que denotam a presença de doenças incuráveis e fatais. Os noticiários nos bombardeiam com previsões alarmantes, intensificando o medo de pandemias, de colapso social, de horrendos ataques terroristas ou de cataclismo mundial.
Na Ciência Cristã, isso é chamado de “sugestão mental agressiva” (Mary Baker Eddy, Manual dA Igreja, p. 42), e é nesses momentos que essa Ciência se torna especialmente prática para cada um de nós. Seus ensinamentos oferecem o método e o poder de combatermos, em qualquer oportunidade, as sugestões do mal e de praticarmos um prognóstico confiante na realidade espiritual infalível de um fluxo constante de saúde e de bem na experiência de todos.
Em Ciência e Saúde, a Sra. Eddy usou o exemplo do profeta hebreu Elias, para ilustrar um conceito mais espiritual de profecia, o qual ela descreveu como “...evidência espiritual oposta ao sentido material; a Ciência Cristã, pela qual se pode discernir o fato espiritual referente a tudo o que os sentidos materiais percebem; a base da imortalidade” (p. 585).
Um desses fatos espirituais que estão disponíveis para cada um de nós, agora mesmo, encontrase em Deuteronômio: “Por isso, hoje, saberás e refletirás no teu coração que só o Senhor é Deus em cima no céu e embaixo na terra; nenhum outro há. Guarda, pois, os seus estatutos e os seus mandamentos que te ordeno hoje, para que te vá bem a ti e a teus filhos depois de ti e para que prolongues os dias na terra que o Senhor, teu Deus, te dá para todo o sempre” (Deuteronômio 4:39, 40).
A percepção e a expectativa espirituais de Jesus negavam e anulavam as falsas probabilidades e a evidência material sobre o homem
Em termos simples: Deus é Tudo. Mas precisamos estar alerta às suposições do mundo de que exista um poder oposto a Deus. Muitas vezes, existe uma tendência no pensamento humano de prever e temer o mal e a doença, não porque um ou o outro seja verdadeiro, mas porque essas pseudoprofecias intensificam o senso de presunção dos mortais. Entretanto, não importa o quão alarmante algumas dessas previsões pareçam ser, elas não são confiáveis.
Consideremos por um momento o relato do Apóstolo João sobre a cena junto ao tanque de Betesda, a noroeste de Jerusalém, há quase 2.000 anos. Acreditava-se na época que quando um anjo descia e “agitava a água”, o primeiro dos inúmeros enfermos que entrasse no tanque seria curado.
Se considerarmos a situação do ponto de vista dos sentidos materiais, a última pessoa que poderíamos prever que fosse curada dessa forma era um homem paralítico, que sofria há 38 anos, e se encontrava deitado em sua maca em meio aos demais enfermos, cegos, coxos e inválidos. Ele não tinha ninguém que o carregasse para dentro da água, antes dos outros. De fato, esse homem provavelmente sentia-se extremamente desanimado e imaginava que não tinha nenhuma chance.
Mas, quando Jesus chegou até ele, o homem se deparou face a face com o Cristo, a comunicação espiritual de Deus, e foi curado. A percepção e a expectativa espirituais de Jesus negavam e anulavam as falsas probabilidades e a evidência material sobre o homem. Com uma simples e imperativa declaração, Jesus disse a ele: “Levanta-te, toma o teu leito e anda” (João 5:8).
Esses videntes espirituais também estabeleceram um padrão para nós, exigindo que reconheçamos e afirmemos somente os fatos do Espírito
Jesus discernia os fatos espirituais ao invés de dar um prognóstico físico. Sua perspectiva exata ou visão espiritual, anulava as falsas ilusões; ela destruiu o quadro erróneo de uma invalidez crónica. Em vez de ver um paralítico sem perspectivas, Jesus reconheceu o homem real que nunca está separado de Deus, o Princípio divino, o Amor.
O exemplo de Jesus mostrou que nós também podemos anular as previsões negativas de mortalidade, ao orarmos e afirmarmos a totalidade de Deus.
O exemplo de Jesus mostrou que nós também podemos anular as previsões negativas de mortalidade, ao orarmos e afirmarmos a totalidade de Deus. Os Cientistas Cristãos são aconselhados enfaticamente a “...vigiar e orar diariamente para se livrarem de todo o mal, para se livrarem de profetizar, julgar, condenar, aconselhar, influenciar ou serem influenciados erroneamente” (Manual dA Igreja, p. 40). Esse é um claro chamado para estarmos alerta e vermos as adivinhações humanas pelo que elas são, pretensas manifestações do mal.
Os profetas da Bíblia eram videntes espirituais. Deus, o Espírito, é o fundamento da visão que os capacitou a realizar muitas obras notáveis. Esses videntes espirituais também estabeleceram um padrão para nós, exigindo que reconheçamos e afirmemos somente os fatos do Espírito, que acalentemos a verdade desses fatos, e que insistamos nesses padrões em nossa vida. Com base nesse conhecimento e entendimento, cada um de nós pode antever, constatar e vivenciar somente o bem!
