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Recuperei a autoestima

Da edição de janeiro de 2012 dO Arauto da Ciência Cristã


Estudos científicos concluíram que para se ter uma vida mais feliz é necessário ter a autoestima elevada.

Hoje há muitas receitas para elevar a autoestima, mas geralmente elas são fundamentadas na visão que os indivíduos têm a partir de modelos que buscam a aprovação no nível humano. Alan Percy escreveu em seu livro Nietzche para Estressados: “Baseamos a nossa autoestima pela imagem que os outros têm de nós. Quem não permite que sua felicidade dependa da aprovação alheia está sempre no melhor dos mundos” (p. 71). Em seguida, Percy fez a seguinte ilustração: “Uma coruja encontrou um pássaro, que lhe perguntou: ‘Aonde você vai?’ ‘Estou me mudando para o leste.’ ‘Por quê?’, ‘perguntou o pássaro.’ ‘As pessoas daqui não gostam do meu canto, por isso vou para o leste.’ ‘Se puder mudar de voz, tudo ficará bem, mas se não puder, mesmo indo para o leste, vai acontecer a mesma coisa, pois as pessoas de lá também não vão gostar’ ”. Seguindo essa base de raciocínio, a autoestima e a aprovação alheia são vistas como elementos importantes para impulsionar as ações e, em consequência, sermos mais felizes.

Será que essa felicidade, originada pela aprovação de pessoas, é o que realmente traz uma satisfação genuína, sem altos e baixos, garantindo portanto uma autoestima estável? A Ciência Cristã ensina que a verdadeira felicidade é algo maior, e que vem da compreensão de que somos criação de Deus e possuimos qualidades agradáveis aos outros e a nós mesmos.

Comecei a ponderar a palavra autestima em dois aspectos: primeiro, estimar no sentido de avaliar e, segundo, estimar no sentido de amar. Entendi que podemos nos amar somente após uma avaliação sincera e honesta de nós mesmos.

Sugerir simplesmente a alguém que tenha autoestima a fim de melhorar sua vida pode não resolver a questão. Digamos que essa pessoa despreze a sua personalidade e tenha atitudes e pensamentos dos quais não se orgulha. Como pedir a essa pessoa para se amar?

Ao considerar estimar, no sentido de avaliar, podemos primeiramente examinar a natureza primordial de nosso ser e considerar a essência da qual somos formados. No Moderno Dicionário da Língua Portuguesa Michaelis, encontrei esta definição filosófica para a palavra essência: “A natureza primeira das coisas, que se opõe ao que nela é acidental”.

Se somos todos seres oriundos de um Princípio criador, Deus, que é infinitamente bom, podemos ter apenas as mesmas características desse Princípio perfeito. Um conhecimento mais profundo de Deus leva-nos a conhecer quem somos em realidade, e nos torna aptos a amar a nós mesmos, sem falhas em nossa identidade, que reflete a perfeição divina. Apenas essa identidade espiritual deve ser levada em consideração, não personalidades, visto que não correspondem à essência divina.

Ao seguir o rumo dessa avaliação, as características indesejáveis podem ser consideradas como fatores acidentais, impostos por costumes ou circunstâncias, as quais darão lugar à identidade verdadeira, amável e livre de preconceitos.

Há alguns anos, quando eu trabalhava como administradora de construção de casas, tive um casal como clientes. Logo após começar a obra, percebi que não seria fácil lidar com eles. Depois de tudo contratado e a obra já em andamento, começaram a exigir complementos que a casa não comportava, em vista da sua pequena metragem. Com muita boa vontade, o construtor conseguia ajeitar e embutir as novas peças, mas quando o casal visitava a obra, demonstrava insatisfação e pedia para acrescentar mais alguma coisa. Como eu era a responsável, as reclamações eram todas dirigidas a mim e eram sempre feitas com animosidade.

Eu já os havia alertado sobre o que havia sido contratado de início e que tínhamos de obedecer, mas eles não se importavam com o acordo. Eu me via como aquela personalidade que precisa agradar aos outros para se sentir feliz, e por isso não estava sendo firme o bastante para fazer valer as regras do contrato.

A situação foi ficando mais difícil à medida que a obra prosseguia. Trabalhávamos com afinco e qualidade, mas a certa altura, as etapas começaram a não se cumprir por diversos motivos, como chuva e atraso na entrega de material, o que enfureceu a esposa, que passou a me tratar de maneira ríspida.

Certo dia, enquanto eu me dirigia para encontrar o casal, percebi que estava sem a menor vontade de fazê-lo, pois já imaginava que ouviria reclamações. Minha autoestima devia estar muito baixa, pois já me sentia incapaz, pensando que eu não era adequada para aquele serviço, ora me condenando, ora me justificando para mim mesma. Nesse momento, resolvi reagir e me lembrei de um versículo da Bíblia “...vi o teu rosto como se tivesse contemplado o semblante de Deus; e te agradaste de mim” (Gênesis 33:10). Essa passagem mostra um ponto importante na vida de Jacó e de seu irmão Esaú, quando os dois se reconciliam. Embora a minha experiência não fosse semelhante à de Jacó, a frase se aplicava perfeitamente.

Então, pensei que eles poderiam se agradar de mim e reconhecer o bem que eu lhes estava fazendo; eu os amava porque essa era a vontade de Deus, por isso podia ver o rosto deles como se fosse o semblante de Deus. Tive um senso claro de que a identidade de cada um deles é espiritual, infinitamente perfeita e não incluía uma personalidade necessitando de aprimoramento. Pensei a mesma coisa sobre mim, como expressão fiel do Princípio divino, que me ama; portanto, eu sou capaz de me amar também.

Toda aquela sensação de desgosto para com eles e para comigo mesma desapareceu imediatamente e fui ao encontro do casal, alegre e confiante, firmada na compreensão que havia alcançado.

Fui recebida com muita consideração e conversamos amigavelmente. Daquele dia em diante, as etapas da obra fluíram normalmente, como deveriam ter ocorrido desde o início.

Parafraseando o trecho do livro de Alan Percy, não precisei ir para o leste, ou seja, mudar de profissão, mas após essa inspiração e disposição honesta de me avaliar como um ser da criação divina e ter uma noção mais profunda de obediência e ética como consequência da minha confiança no Princípio divino, consegui ter apreço por mim mesma e por aquelas pessoas, e sentir o estabelecimento da verdadeira autoestima, e prosseguir com êxito nas negociações seguintes.

Essa experiência foi um despertar para a necessidade de vivenciar a justiça divina. Não se trata de fazer a nossa vontade em prejuízo dos outros ou vice-versa. No meu caso, fui curada da tendência de querer agradar aos outros em detrimento de mim mesma. Se o correto é ser justo, então isso beneficia todos, inclusive nós mesmos. Essa conscientização foi gradativa, com o constante reconhecimento de minha identidade espiritual, outorgada por Deus, a única que possuo.

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