Existiria alguém cujo coração não se compadeça das crianças que perderam seus pais, irmãos, amigos, lares ou até mesmo a comunidade inteira, devido a desastres naturais que atingiram países como o Brasil, Haiti, Chile, Paquistão, Afeganistão e China? Às vezes, as imagens transmitidas pela mídia nos enchem de desânimo. Parece haver tão pouco que possa ser feito, até mesmo pela defesa civil, quanto mais pelas pessoas que vivem distantes desse cenário.
Mas, isso em realidade não é verdadeiro. Estamos preparados e aptos a fazer uma grande diferença por meio de nossas orações. Em vez de nos sentirmos impotentes, podemos confiar em que o mesmo Deus, cujo poder sustentou a obra de cura de Jesus, atenderá às nossas orações para esses voluntários, para que conduzam todas as crianças para fora do perigo e da miséria. Em minhas orações, já descobri algumas verdades especialmente relevantes. Uma delas é que a natureza de cada criança, homem e mulher é essencialmente espiritual e pura. Em sua descoberta da Ciência Cristã, Mary Baker Eddy teve a clara percepção de que Deus é a própria Vida. Como crianças, ou expressões da Vida, elas incluem perfeição, resiliência e vigor, que as sustentarão, mesmo em situações críticas.
Jesus demonstrou que o trauma não tem nenhum poder sobre o homem e a mulher da criação de Deus
Ninguém, adulto ou criança, precisa ficar “marcado” pelos acontecimentos que eles possam ter vivenciado. A sabedoria convencional talvez alegue que as lembranças traumáticas têm de ser a norma, mas nossas orações podem rejeitar esse argumento e insistir em que a voz de Deus, e não a voz do medo, é que tem a palavra final. Em Ciência e Saúde, Mary Baker Eddy escreveu sobre a relação inquebrantável que cada indivíduo tem com Deus: “Já que o homem nunca nasceu e jamais morre, ser-lhe-ia impossível, sob o governo de Deus na Ciência eterna, decair de sua origem elevada” (p. 258).
Independentemente das condições humanas, essa propriedade espiritual é o verdadeiro estado do ser de cada pessoa. Quando afirmamos que essa é a realidade que rege nossa vida, nossa oração se transforma em convicção. Em vez de suplicar e aguardar a ajuda de Deus, reconhecemos que a lei divina está presente e em ação para cada indivíduo. Não precisamos saber como essa lei atuará nessa ou naquela criança. O importante é manter firme nossa certeza de que ela está agindo, e de que uma bênção resultará dela para cada individuo.
Essa bênção pode incluir a libertação do medo e das lembranças de sofrimento que possam ter acompanhado as experiências traumáticas. Jesus é o melhor exemplo disso. Por meio de sua capacidade de superar a crucificação, ele demonstrou que o trauma não tem nenhum poder sobre o homem e a mulher da criação de Deus. O evangelho de Lucas deixa esse fato bem claro, ao narrar a história do encontro de Jesus com dois discípulos que estavam a caminho de Emaús. Cheios de preocupações sobre o que aconteceria a seguir, os discípulos no início não o reconheceram e, quando ele lhes perguntou a razão de sua tristeza, eles responderam perguntando se ele por acaso era um forasteiro que não sabia dos recentes acontecimentos em Jerusalém. Jesus perguntou: “Quais”? (Lucas 24:19). Para mim, essa pergunta implica que ele havia deixado a crucificação completamente para trás. Sua ressurreição havia eliminado inteiramente o passado, por assim dizer. Essa é uma mensagem maravilhosa para nós no mundo de hoje. Em nossas orações pelas crianças e outros envolvidos em desastres naturais, podemos apoiar seu progresso rumo ao mesmo resultado de superação completa de lembranças de sofrimento.
A lei de Deus está em ação exatamente onde as pessoas estão em necessidade, e ela confortará, guiará e consolará cada uma delas.
À medida que rejeitamos as imagens de miséria e desespero, e insistimos em ver as evidências da presença do Amor divino, a mudança se manifesta
Uma coisa que, às vezes, nos impede de orar é uma espécie de apatia sem esperança, especialmente diante de desastres em terras distantes, com as quais dificilmente sentimos alguma conexão. Muitas vezes, a magnitude da crise parece esmagadora. Se acreditamos que a situação é desesperadora, tal pensamento não é de nenhuma ajuda para os necessitados. Mas damos uma poderosa contribuição quando, por meio da oração, seguimos o exemplo de Cristo Jesus, confiamos humildemente em Deus e rejeitamos as circunstâncias maléficas.
A lei de Deus está em ação exatamente onde as pessoas estão em necessidade, e ela confortará, guiará e consolará cada uma delas. O Espírito divino é o bem onipotente; nem Sua presença nem Seu poder podem ser confinados. A nossa insistência nesse fato espiritual começará a ajudar a remover o fardo do medo, da angústia, e qualquer trauma que possa ficar atrelado às vítimas. Como Ciência e Saúde nos lembra: “Suprime o erro, e destruirás seus efeitos” (p. 378).
Nosso Pai-Mãe Deus (e de todos) é o próprio Amor. A medida que rejeitamos as imagens de miséria e desespero, e insistimos na manifestação da evidência da presença do Amor divino, a mudança se torna aparente, ainda que ocorra gradualmente. Cada um desses sinais pode nos encorajar a continuar apoiando o progresso para as crianças do mundo todo e para aqueles que são responsáveis pelo cuidado delas. *
Artigo publicado originalmente na edição de 20 de setembro de 2010 do Christian Science Sentinel.
 
    
