É raro passar um dia sem que turbulências climáticas ocupem as principais manchetes da mídia, seja por temperaturas recordes, fortes ventos, tempestades de neve, tornados ou inundações causadas por chuvas torrenciais. Terremotos e tsunamis, embora não sejam classificados como fenômenos climáticos, também provocam efeitos semelhantes para a população.
A acessibilidade que temos às edições extraordinárias dos noticiários une as pessoas pela conscientização a respeito das aflições uns dos outros. As imagens de uma criança encontrando seu ursinho de pelúcia, após um deslizamento de lama ter varrido a casa da família, ou um solitário comerciante abrindo o que restou de seu estande de frutas no local que era um movimentado mercado, antes de ser devastado por um terremoto, tocam nosso coração de maneira profunda. Repentinamente, a devastação em outro continente ou em uma ilha parece não estar tão longínqua ou fora de nossa própria experiência.
O espírito humanitário anseia por oferecer ajuda durante tais ocasiões, com pessoas doando dinheiro e servindo como voluntárias com sua força física para ajudar os que estão em necessidade. Embora as nações e organizações humanitárias envolvidas forneçam socorro essencial ao ajudar uma região a começar a se reconstruir, os desafios com a distribuição e alocação de recursos proliferam, frequentemente fazendo com que pareça impossível que os recursos cheguem até aquelas localidades mais afetadas. Isso leva ao questionamento sobre o que mais pode ser feito.
Como podemos orar de maneira preventiva?
Muitas pessoas já descobriram que a oração é uma resposta eficaz para tal clamor. Esta revista e suas publicações congêneres incluem, constantemente, artigos a respeito de como podemos orar por todas as regiões do mundo e pelas pessoas que estão se esforçando para reconstruir sua vida. Tal oração realmente faz a diferença. Ela consola, cura, revela novas soluções e assegura às comunidades que um Deus benevolente jamais causa destruição ou a perda da moradia, a morte ou a devastação para castigar ou punir Seus próprios filhos.
Entretanto, a oração eficaz não precisa ser feita somente após os fatos; ela pode ser uma medida preventiva, oferecendo soluções antecipadas, represando turbulências destrutivas. Com a evidência de instabilidades climáticas crescentes, vale a pena considerarmos essas orações. De fato, tal atitude e seus efeitos sanadores não são nada novos.
Jesus e outros personagens bíblicos confiavam na supremacia de Deus para realizar feitos ousados, tais como, acalmar tempestades, mudar as marés ou mesmo providenciar uma chuva branda sempre que necessário. O profeta Isaías alardeou que: “O deserto e a terra se alegrarão; o ermo exultará e florescerá como o narciso. Florescerá abundantemente, jubilará de alegria e exultará” (Isaías 35:1, 2). O Salmista cantou: “Então, na sua angústia, clamaram ao Senhor, e ele os livrou das suas tribulações. Fez cessar a tormenta, e as ondas se acalmaram” (Salmos 107:28, 29). O que, exatamente, isso significa em face das predições de condições climáticas mundiais cada vez mais instáveis? Seriam o deserto e a tempestade apenas metáforas para outras experiências da vida ou podemos honestamente esperar que a oração abrande as condições atmosféricas extremas, que poderiam resultar, talvez, em devastação? Se assim for, como podemos orar de maneira preventiva?
A oração simplesmente harmoniza uma situação turbulenta
Em duas ocasiões, Jesus acalmou o vento e os mares tempestuosos. Isso não se deu por meio de uma tentativa de controlar o próprio clima, mas, ao contrário, foi com base na compreensão de que Deus, como Mente divina, governa. O que me surpreende acerca dessas experiências é que Jesus não se deixou iludir pelo que via, pois ondas gigantescas aparentemente não o impressionavam nem um pouco. Elas não conseguiram seduzi-lo a se afastar do poder de Deus, que é sempre benevolente. Ao invés disso, Jesus estava tão seguro do controle de Deus que manteve sua calma confiança até que a atmosfera ao seu redor refletisse a sua postura mental. Mais tarde, quando o Apóstolo Paulo se achava em um naufrágio durante uma forte tempestade, nem uma única vida foi perdida no mar. Todos se salvaram usando pedaços de madeira do navio encalhado. Esses exemplos mostram resultados que são possíveis ainda hoje.
A oração eficaz não tenta alterar o clima ou subverter as mudanças sazonais naturais. Ela não faz cessar a chuva inteiramente ou fazer com que água em excesso caia em terra seca. A oração simplesmente harmoniza uma situação turbulenta ao guiar o pensamento dos que “oram” à compreensão de que um Deus benevolente mostra Sua face em perfeito equilíbrio, nem muito pouco nem demais. Essa Deidade todo-poderosa expressa a Si mesma em graça, não em elementos destrutivos, e Deus nos dá domínio sobre todas as forças que se opõem como um poder separado do bem.
Deus governa com a mão da misericórdia
Em Miscellaneous Writings [Escritos Diversos] 1883–1896, Mary Baker Eddy explicou como os luminares da Bíblia acalmaram condições climáticas turbulentas. Ela escreveu: “Os profetas, Jesus e os apóstolos, demonstraram uma inteligência divina que subordina as assim chamadas leis materiais; e a doença, a morte, os ventos e as ondas, obedecem a essa inteligência. Foi a Mente ou a matéria que falou, no ato da criação, ‘e assim se fez'? A resposta é evidente por si mesma e o mandamento permanece: ‘Não terás outros deuses diante de mim’ ” (p. 23). Essa Mente que falou é Deus, a “inteligência divina que subordina as assim chamadas leis materiais”. Deus nunca enviaria o mal a Seus filhos, porque o mal não faz parte de Sua natureza, que é o próprio bem, por ser o Amor divino. Em vez de enviar o mal, Deus governa com a mão da misericórdia.
Como Deus faz isso? Por meio da lei, a lei do bem que reforça o Seu poder e confere harmonia, bondade e consolo. O clima instável sugere um conjunto de leis que é destrutivo e caótico, insinuando que Deus não é o único poder que está sempre presente. Jesus mostrou de forma simples que esse não era o caso e evidentemente ele nunca desviou sua concentração de Deus durante uma tempestade. Nós também podemos demonstrar a “inteligência divina que subordina as assim chamadas leis materiais”, uma vez que ela está disponível a todos, em todas as épocas. Para fazê-lo, devemos insistir no fato de que a presença e o poder de Deus estão exatamente onde as leis materiais parecem estar se vangloriando de sua superioridade. Devemos conhecer a Deus suficientemente a fim de nos certificarmos de que Ele governa com misericórdia, não importa qual evidência em contrário se apresente.
Devemos conhecer a Deus suficientemente a fim de nos certificarmos de que Ele governa com misericórdia, não importa qual evidência em contrário se apresente.
A instabilidade atmosférica ou sísmica pode ser vencida da mesma maneira que alguém trataria a doença ou outros males corporais
Tendo estudado os ensinamentos de Jesus a vida inteira, Mary Baker Eddy ensinou aos alunos de Ciência Cristã como lidar com a instabilidade onde quer que ela se apresente, quer em questões climáticas, enfermidades físicas ou conflitos. Certa vez, ela disse a Irving Tomlinson, um de seus alunos: “Nós deveríamos ter sobre o clima o mesmo controle que temos sobre nosso corpo”. Ela comprovou isso em diversas ocasiões (Mary Baker Eddy: Christian Healer, Amplified Edition [Mary Baker Eddy: Uma Vida Dedicada à Cura, Edição Ampliada], pp. 332; 354–355; 384–385). De fato, ela utilizava a inteligência, que deriva do fato de que o Espírito divino é tudo, para provar o domínio que podemos ter sobre os efeitos do clima.
Uma oração simples, porém, profunda revela que a Mente divina governa tudo de acordo com sua lei e, portanto, nada, nenhum poder, nenhuma substância, nenhuma lei contrária, poderá se opor a Deus ou perturbar Sua criação. A instabilidade atmosférica ou sísmica pode ser vencida da mesma maneira que alguém trataria a doença ou outros males corporais, com a certeza de que Deus não as criou, portanto, elas não têm nenhuma lei para sustentá-las. A “declaração científica do ser”, que consta em Ciência e Saúde, explica sucintamente que “Tudo é Mente infinita e sua manifestação infinita, porque Deus é Tudo-em-tudo” (p. 468). A Mente infinita e sua manifestação infinita constituem a soma total da existência. Jesus comprovou isso quando acalmou a tempestade.
Não desejava impor meu próprio prazo ao projeto
Em certo sentido, nós criamos nossa própria “atmosfera” quando colocamos nossa confiança ou na lei infinita de Deus, a qual emana da Mente divina, ou nas assim chamadas leis materiais que derivam de uma mente carnal ou falsa. Uma passagem de Ciência e Saúde explica que: “O mundo desmoronaria sem a Mente, sem a inteligência que encerra os ventos nos seus punhos” (p. 209). Nosso reconhecimento do poder e da presença dessa Mente cria uma atmosfera de paz e tranquilidade, talvez como uma chuva branda que proporciona à terra um gole de água fresca ou o ressurgimento da luz solar que seca campos inundados.
Tive várias oportunidades de comprovar a lei de equilíbrio e harmonia de Deus com relação às forças da natureza. Vivo na Califórnia, considerada uma região sujeita a terremotos. Certa ocasião, meu marido e eu havíamos planejado fazer uma reforma de grande porte em nossa casa. O empreiteiro retardou várias vezes o início da obra. Apesar da demora, eu ainda estava calma e não desejava impor meu próprio prazo ao projeto. Havia aprendido muito cedo que é Deus quem supervisiona, portanto, meu trabalho é o de meramente ouvir e obedecer à Sua orientação. A data para começar a obra finalmente chegou.
Havia aprendido muito cedo que é Deus quem supervisiona, portanto, meu trabalho é o de meramente ouvir e obedecer à Sua orientação.
Podemos confiar em que a oração também rios guiará a ajudar outros
Duas semanas mais tarde, a demolição estava terminada. Pesadas rochas haviam sido retiradas da frente da casa e as paredes removidas. Começaríamos a reconstruir no próximo dia útil. Logo cedo naquela manhã, aconteceu o terremoto de Northridge de 1994, que alcançou 6.7 na escala Richter. Mais tarde, naquele mesmo dia, o empreiteiro apareceu para ver o que nos havia acontecido. Nós estávamos a salvo e conseguimos oferecer refúgio para três famílias que necessitavam de abrigo. Reconhecemos com gratidão que a disposição de fazer as coisas à maneira de Deus, ou seja, deixar Deus governar, havia sido uma proteção para nós e para nosso lar. Se tivéssemos começado a reforma antes, nossos esforços talvez tivessem sido arruinados pelo terremoto. Embora Deus não estivesse no terremoto, esse exemplo me mostra que quando nos defrontamos com situações extremas, Deus pode nos guiar e nos guiará sempre em segurança, e podemos confiar em que essa oração também nos orientará a ajudar outros, exatamente como pudemos abrir nossa casa para as famílias que necessitavam de abrigo. Isso está de acordo com a lei da Mente divina, a inteligência que “subordina as assim chamadas leis materiais”. Essa lei foi comprovada por Moisés, pelos profetas, por Cristo Jesus e seus discípulos, ao longo das gerações. A lei eterna e universal de Deus está também prontamente disponível nos dias de hoje. Ao aplicá- -la, nós também podemos confrontar, com autoridade, situações climáticas extremas, com o poder e a presença da Mente divina, “a inteligência que encerra os ventos nos seus punhos”. *
Artigo publicado originalmente na edição de 9 de novembro de 2009 do Christian Science Sentinel.
 
    
