A pressão faz parte integrante do atletismo. Há pressão para participar de uma equipe ou para alcançar um determinado nível de desempenho. Existe também, por parte dos treinadores e dos companheiros de equipe, a pressão para vencer. Nos dias de hoje, essa pressão é considerada parte imprescindível e normal do jogo. Mas, essa sobrecarga pode ser aliviada com uma visão mais clara de Deus como a fonte de toda energia, força e sabedoria.
Como treinadora e atleta, tenho tido na Ciência Cristã uma ferramenta indispensável para me fazer superar a pressão e manter meu entusiasmo pelos esportes.
Em minha carreira de atleta durante o ensino médio, preparava-me para competições, não apenas fazendo o treinamento adequado, mas orando para compreender as qualidades espirituais que desejava expressar. Mary Baker Eddy, a Descobridora e Fundadora da Ciência Cristã, escreveu: “Se Deus é o Princípio do homem (e Ele o é), o homem é a idéia de Deus; e essa idéia não pode deixar de expressar a natureza exata de seu Princípio — assim como a bondade não pode deixar de manifestar a qualidade do bem” (Miscellaneous Writings 1883–1896, p. 78). Como reflexo de Deus, temos autoridade divina para expressar a exata natureza do nosso Legislador. Essa natureza inclui qualidades como: força, coragem, mansidão, humildade e precisão.
Eu passava muito tempo orando para alcançar uma compreensão melhor do conceito de humildade. A Bíblia diz: “Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus” (Mateus 5:16). Acalentei esse conceito de deixar a minha luz brilhar, a luz que vem diretamente de Deus. Isso me ajudou a compreender que meu único trabalho era o de expressar as qualidades de Deus de um modo tão puro e de tal forma que a fonte real, não ofuscada pela pressão, fosse claramente percebida.
Essa oração dispersava as sensações de sobrecarga ou estresse que poderiam influenciar meu pensamento, e que me faziam sentir como se tudo estivesse sobre meus ombros. Com a pressão fora de cena, conseguia me concentrar em elevar meu nível competitivo, e em superar limitações físicas que pareciam me desafiar.
Lembro-me de uma competição de corrida em minha cidade, em que minhas orações, antes do evento, prepararam-me para lidar com uma situação de pressão potencialmente elevada. Estava competindo em uma corrida de 3.200 metros, um tipo de circuito a que já estava acostumada. Entretanto, havia muita coisa em jogo, porque eu precisava terminar em primeiro ou segundo lugar, a fim de me qualificar para o campeonato estadual.
Posicionamo-nos na pista sob uma forte chuva e o sinal de largada foi acionado, indicando o início da corrida. Mas, na quarta volta de uma corrida de oito, o sinal de largada foi acionado novamente, desta vez sinalizando que os corredores parassem. O encarregado da corrida anunciou que o evento precisava ser adiado, devido ao excesso de raios e trovões. Como resultado, as quatro voltas que já havíamos corrido seriam canceladas. Quando o tempo melhorasse, todos nós reiniciaríamos, como se ela tivesse apenas começado.
Enquanto esperávamos, comecei a pensar: “eu já havia me aquecido e me preparado fisicamente para a corrida uma vez. Seria realmente justo para nós recomeçarmos a corrida e correr todas as oito voltas”? Mas, não deixei que a sensação de pressão e de medo aumentasse em meu pensamento. Em vez de me deixar enredar pelo estresse que os outros estavam sentindo, quando a corrida estava para ser reiniciada, continuei a me concentrar no que eu desejava alcançar. Reconheci que, uma vez que o suprimento de energia de Deus é ilimitado e incondicional, o meu também era.
Essa foi uma oportunidade de glorificar a Deus, e Ele não proveria uma quantidade mínima de energia para durar apenas oito voltas! Quando voltei à linha de partida, sentia-me completamente livre de qualquer pressão que pudesse deprimir meu pensamento e, consequentemente, afetar meu desempenho. Completei as oito voltas e cheguei em primeiro lugar! Essa vitória me permitiu avançar na classificação para o campeonato estadual.
Essa experiência me serviu como um lembrete útil, ao lidar com a pressão em vários níveis de competições atléticas, quer fosse na de Jogos Olímpicos de Juniores, jogos universitários, competições estaduais ou na I Divisão de atletismo, e sempre permaneci focada em um único objetivo: glorificar a Deus. Uma compreensão mais profunda sobre a minha identidade como Seu reflexo libertou-me da pressão como treinadora e como atleta. Essa compreensão também me ensinou que o senso de sobrecarga não pode estar ligado às atividades que expressam qualidades, dadas por Deus, tais como alegria e liberdade.
Hoje, quando me preparo para competir em triátlons, ainda me volto para Deus como minha fonte de energia e agilidade. Ficar em forma, praticar as técnicas e compreender as táticas do esporte torna-se importante e natural na busca por excelência atlética e na tentativa de ultrapassar os limites físicos. Quando, contudo, exercitamos nossa boa forma espiritual em uma base diária, sentimos a calma confiança de que Deus está no controle, eliminando toda a pressão do atletismo. *
Artigo publicado originalmente na edição de 22 de agosto de 2007, do Christian Science Sentinel.
 
    
