Apesar de toda a complexidade e interesses comerciais em torno da preparação e realização dos Jogos Olímpicos, subsiste ainda, no âmago desses Jogos, um ideal magnífico, embora maravilhosamente simples: a busca por excelência.
No esporte, como nos demais aspectos da vida, é o esforço para alcançar um objetivo o que eleva todos nós. Algumas vezes, esse esforço fomenta, real e potencialmente, um espírito saudável de competição global e, ao mesmo tempo, de cooperação entre atletas e expectadores. Frequentemente, esse ideal faz com que os jogos se tornem, embora por pouco tempo, um refúgio contra um mundo que se mostra sobrecarregado de problemas.
Posso passar muitos anos sem estar a par de quem foi campeão mundial de patinação artística, de esqui estilo livre ou skeleton (um esporte olímpico de inverno, praticado sobre um trenó de metal, em alta velocidade, que tem a forma de um esqueleto humano - Wikipedia). Posso passar anos sem saber se houve um campeonato mundial para alguns dos eventos Olímpicos.
Mas, quando as Olimpíadas estão em andamento, fico realmente entusiasmado. É provável que muitas coisas colaborem para isso, principalmente porque acho que esse evento nos leva a focar naquele ideal: a busca por excelência, como também nos dá a possibilidade de assistir aos maiores atletas do planeta realizando o maior desempenho de suas carreiras. Há a probabilidade de que antes que esses 17 dias se tornem história, alguém apresentará um desempenho esportivo que será mais rápido, subirá mais alto e irá mais longe, e tudo com mais perfeição do que o desempenho de outro atleta em Olimpíadas anteriores.
Trata-se de ultrapassar os limites e de converter as mais elevadas aspirações nas maiores realizações. Com relação a isso, acho que existe um apoio espiritual subjacente a tudo o que acontece durante os jogos. É a perspectiva espiritual de uma pessoa que capta seu verdadeiro potencial. É o vislumbre que alguém tem sobre si mesmo, como criado pelo grande Criador, o que realça seu verdadeiro potencial.
Esses pontos de vista e os desempenhos que resultam dessa perspectiva ilimitada inspiram a todos nós, tanto atletas quanto não atletas, a treinar mais intensamente, esforçar-se mais consistentemente, trabalhar mais dedicadamente, enfim, ser tudo aquilo que o Criador nos criou para ser.
É o vislumbre que alguém tem sobre si mesmo, como criado pelo grande Criador, o que realça seu verdadeiro potencial.
Durante aquela que consideramos como uma era mais simples, uma época em que os Jogos Olímpicos da Grécia antiga se constituíam em um evento fixo do cenário daquela sociedade, o Apóstolo Paulo escreveu: “Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prémio? Correi de tal maneira que o alcanceis” (1 Coríntios 9:24).
Obviamente, a busca por excelência tem estado presente por um longo tempo. Mas, pergunto-me se nós não necessitamos dela, como também dos jogos, ainda mais do que os contemporâneos de Paulo.
Vislumbres acerca da nossa verdadeira natureza como filhos e filhas de Deus, transbordantes das capacidades ilimitadas que Ele estabeleceu em cada um de nós, permanecem como contrapontos de valor inestimável aos tristes cenários que nos são frequentemente impostos hoje em dia. Esses vislumbres nos lembram da excelência que é possível ser alcançada em toda uma vasta gama de esforços meritórios. Felizmente, essas conjecturas nos impelem a um maior esforço nos esportes, nos negócios, bem como a cuidarmos melhor uns dos outros e do nosso planeta.
Mary Baker Eddy, uma pessoa de visão espiritual e incansável trabalhadora do século 19 e começo do século 20, certa vez escreveu: “Sem esforço não se chega a um alto grau de desempenho. E o momento de trabalhar é agora. Somente mediante a lida persistente, incessante, sincera, sem te voltares nem para a direita nem para a esquerda, sem buscares outro propósito ou prazer senão aquele que vem de Deus, podes obter e usar a coroa dos fiéis” (Miscellaneous Writings [Escritos Diversos] 1883–1896, p. 340).
Talvez ainda mais do que nos anos anteriores, eu esteja na expectativa dos Jogos Olímpicos. Naturalmente, oro para que os jogos sejam realizados com segurança, e espero pelas ocasiões em que a excelência ilustra a magnífica criação de Deus. Aguardo esperançoso pelos exemplos em que Seus filhos e filhas irão além do que uma vez foram considerados limites imbatíveis.
Isso, creio eu, pode inspirar todos nós a nos livrar um pouco mais das limitações!
Artigo originalmente publicado na edição de 6 de fevereiro de 2006 do Christian Science Sentinel.
 
    
