Durante minha infância, minha mãe sempre tinha problemas com bebidas alcoólicas. Depois de ficar viúva, ela conseguiu trabalhar e sustentar duas crianças, mas bebia para aliviar a pressão do dia a dia.
Quando não estava bebendo, minha mãe era carinhosa, amorosa e generosa. Contudo, a bebida a deixava cada vez mais frustrada, e o ambiente em nossa casa ficou mais difícil. Esse problema parecia ser hereditário. Meu avô tinha sido alcoólatra e falecera de uma doença relacionada ao álcool.
Quando já adulta, meu relacionamento com minha mãe melhorou, mas as reuniões familiares continuavam girando em torno do álcool. A essa altura eu havia conhecido a Ciência Cristã e amava o que estava aprendendo sobre Deus e Sua criação — o fato de que “Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom...” (ver Gênesis 1:31).
Antes de me tornar Cientista Cristã, eu era psicóloga. Analisava e investigava as histórias das famílias, com o intuito de ajudar a transformar a vida das pessoas. Mas, na minha própria experiência, que relato a seguir, não fiz nada disso. As mudanças ocorreram sem nenhuma análise da minha parte.
No primeiro Natal, depois que comecei a estudar a Ciência Cristã, fizemos uma reunião em família. Lembro-me de alguém dizendo algo do tipo: “Precisamos ir comprar bebida”. Geralmente, quando minha família fazia uso de bebida alcoólica, acabava criando polêmicas; então, ao ouvir isso, decidi me retirar para outro quarto, para orar.
Minha oração começou assim: “Deus, você é meu Pai e Mãe”. Isso, para mim, era um conceito cheio de significado. Percebi que o excesso de bebida na família não condizia com o novo conceito que eu estava aprendendo, isto é, que todos pertencemos à família de Deus, cada um, espiritualmente satisfeito, à Sua imagem e semelhança, bom e puro. Em apenas alguns minutos, meu modo de pensar a respeito de minha família mudou e me senti feliz.
Quando voltei à companhia deles, constatei que ninguém tinha saído para comprar bebida. Na verdade, a partir daquela ocasião, nossas reuniões familiares pararam de girar em torno do álcool. Minha mãe não bebeu durante aquele dia. Nunca mais a vi beber novamente e nem vi bebida alcoólica em sua casa, depois desse dia. Como consequência, nosso relacionamento se tornou mais próximo e harmonioso.
Isso se deu há 36 anos e, ainda hoje, causa-me admiração o poder daquela simples oração durante nosso encontro. Acredito que minha família vivenciou o que Mary Baker Eddy descreve em The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany [A Primeira Igreja de Cristo, Cientista, e Vários Escritos]: “Os bons pensamentos são uma armadura impenetrável; assim revestidos, estais completamente resguardados contra os ataques do erro de qualquer espécie. E não só vós estais protegidos, mas também todos aqueles sobre os quais repousam vossos pensamentos, são dessa forma beneficiados” (p. 210).
Victoria Butler