A Ciência CristãChristian Science (kris´tiann sai´ennss) faz uma distinção útil e curativa entre a emoção humana superficial e a inspiração genuína. A inspiração tem uma fonte espiritual, a Alma divina. A emoção mortal brota, na crença humana, dos sentidos materiais, do que eles sentem, vêem e daquilo em que acreditam. Falando em termos absolutos, faltam-lhe raízes verdadeiras.
Alguém pode vir confiantemente à Ciência Cristã esperando obter inspiração pura, inspiração da mais profunda e da mais satisfatória espécie. É o resultado da Ciência da Vida, compreendida e sentida. A emoção, por sua vez, pode ser o efeito da religião baseada no pensamento mortal e num sentido finito de Deus e do homem. Confundir excitação mortal com inspiração não ajuda o crescimento espiritual — muito longe disso. Sentimentos mortais inflamados podem nos decepcionar. Seus resultados não são duradouros nem curativos. Passados os fogos de artifício, tudo o que resta são cinzas.
A Ciência Cristã mostra-nos como estar alerta para a natureza de nossos sentimentos e como desvendar sua fonte. E ajuda na obtenção de controle cada vez maior sobre as sensações que haveriam de perturbar-nos o equilíbrio e o julgamento. Mary Baker Eddy, nossa Líder, faz esta penetrante observação em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras: “Estimule-se o órgão da veneração ou fé religiosa, e o indivíduo manifestará adoração profunda. Estimule-se nele o desenvolvimento contrário, e ele blasfemará. Esses efeitos, no entanto, não procedem do cristianismo, nem são fenômenos espirituais, pois ambos provêm da crença mortal.” Ciência e Saúde, p. 88;
A emoção mortal pode ser uma impostora, que empana nossa visão de Deus e do homem e que nos dá um falso sentido de nós mesmos. Tenta perpetuar a crença de que somos mortais sensuais. A inspiração divina, no entanto, ilumina-nos o sentido de Deus e do homem, fortalecendo-nos o entendimento e a convicção de que o homem real é a nossa única e verdadeira identidade.
Na semana anterior à crucificação de Cristo Jesus, diz-nos S. João, o Mestre recebeu uma acolhida emocional em Jerusalém — pelo menos, parece razoável descrevê-la como tal. Foi saudado com hosanas e ramos de palmas por uma multidão evidentemente excitada. ver João 12:12, 13; Em vista do comportamento posterior do povo em geral, é justo presumirse que nessa ocasião a exuberância de algumas pessoas tenha vindo mais da excitação do que de um sentido inspirado do papel, da missão e da identidade de Cristo Jesus. Seria muito provável que a inspiração tivesse mostrado aos expectadores que empunhavam ramos de palma, e que mais tarde vituperariam o profeta galileu, que ele necessitava algo mais substancial do que o emocionalismo deles.
Consideremos a vida contemporânea. Algumas formas de publicidade, alguns filmes carentes de integridade artística, a música popular — envolta em luzes e letras atraentes — tocada repetidamente, podem agitar e manipular as emoções e serem prejudiciais. Por todo o apelo momentâneo que oferecem, a excitação e o glamour em breve nos deixam arrasados. Não nos levam mais alto espiritualmente do que quando nos encontraram, mas materializam o pensamento. Em contraste, a inspiração desmaterializa o pensamento. “É a sensação física, e não a Alma, que produz êxtase e emoção materiais”, ressalta a Sra. Eddy. “Se o sentido espiritual sempre guiasse os homens, resultariam dos momentos de êxtase uma experiência mais elevada e uma vida melhor, com mais abnegação devota e mais pureza.” Ciência e Saúde, p. 7;
Os sentidos talvez nos assaltem com ruídos e cores, com quadros da personalidade corpórea. Esses podem mesmerizar e emocionar a tal ponto que abrimos o pensamento à mortalidade e a tudo que ela inclui.
Considerar as profundas coisas de Deus e do homem é calma e perenemente satisfatório, não mera e momentânea excitação. A emoção mortal distorce a razão. A inspiração espiritual conforma a razão ao molde de Deus. Um sentido de religião essencialmente emocional talvez nos dê um breve sentimento de sermos elevados celeremente aos céus. Mas os vislumbres da Ciência divina nos estabilizam, fazem-nos mais seguramente racionais e capazes de bem discernir. Ajudam-nos a lidar com as variegadas pretensões da matéria e da mortalidade que necessitam ser superadas antes de gozarmos de uma realização estável e duradoura do reino dos céus. A inspiração — vinda de Deus — cura. A cura nunca é a conseqüência dos sentimentos alimentados pelos sentidos e a que se dá livre vazão.
As sensações materializantes procedem da mente mortal. Procuram convencer-nos de que a matéria e o físico são a realidade. A inspiração científica garante-nos a presença eterna do Espírito. A inspiração assegura-nos de nossa presença com Deus. “Estar presente ‘com o Senhor’ é ter, não mero êxtase ou fé emocional, mas sim demonstrar e compreender verdadeiramente a Vida como a Ciência Cristã a revela” ibid., p. 14;, diz a Sra. Eddy.
Parece fácil demais nesta época de sofisticada tecnologia de comunicações ter as nossas emoções — políticas, religiosas, sexuais ou de relacionamento — manipuladas em detrimento nosso e desta sociedade. Precisamos compreender que as idéias, os sentimentos e as intuições genuínos, estão alicerçados na Alma. E a Alma é o Princípio divino, o único governador verdadeiro do homem e do universo.
Ser simplesmente emotivo, de um ponto de vista humano, a respeito da Ciência Cristã ou da igreja, pode protelar a cura. Os sentimentos autênticos que curam procedem da Alma. Deveríamos atentar bem ao conselho de nossa Líder: “O êxito na Verdade não vem através dos canais do sentido material, dos padrões, da pompa e do orgulho mundanos. Se formos acometidos de emoções mal dirigidas, encalharemos nas areias movediças da comoção humana e, a bem dizer, não teremos a sabedoria necessária para ensinar e para demonstrar a vitória sobre o eu e sobre o pecado. Retrospecção e Introspecção, p. 79. Até o ponto em que captarmos o significado dessas palavras, nos certificaremos de que a inspiração espiritual suplanta a emoção mortal em nossa vida.
