Skip to main content Skip to search Skip to header Skip to footer

Julgamento matinal

Da edição de novembro de 1980 dO Arauto da Ciência Cristã


Uma típica cidade israelita dos tempos do Antigo Testamento constituía-se numa aldeia protegida por um muro que tinha uma porta, por onde o povo saía pela manhã a fim de trabalhar nos campos e retornava ao anoitecer. A porta era o ponto de reunião favorito e tornou-se tradicional como o local em que se decidiam questões legais. Esse costume é mencionado no livro de Rute, quando Boaz escolhe dez sábios do povo para ajudá-lo no julgamento de sua causa. “Boaz subiu à porta da cidade, e assentou-se ali. ... Então Boaz tomou dez homens dos anciãos da cidade, e disse: Assentai-vos aqui. E assentaram-se.” Rute 4:1, 2;

Logo, era costume proferir justiça “à porta”. E a que hora do dia? O profeta é bem claro nesse ponto: “Julgai pela manhã.” Jeremias 21:12;

Basta de relato histórico. Que nos dita, porém, esse costume? Haveria talvez algum significado profundamente metafísico na declaração do profeta? Podemos aplicar suas lições em nosso viver diário?

Para responder a essas perguntas convém que nos volvamos à definição de “manhã” dada pela Sra. Eddy no Glossário de Ciência e Saúde: “Luz; símbolo da Verdade; revelação e progresso.” Ciência e Saúde, p. 591; Se formos obedientes ao comando de Deus enunciado pelo profeta Jeremias, haveremos de julgar sempre “pela manhã”, isto é, com um pensamento “matinal”, um pensamento cheio de luz espiritual. Contudo, talvez fiquemos tentados muitíssimas vezes (e, até mesmo, venhamos a sucumbir à tentação) a expressar nossas opiniões em meio a um encontro tempestuoso com algum membro da família, um amigo ou uma pessoa com quem temos relações comerciais. Assim fazendo, talvez condenemos essa pessoa com um pensamento “noturno”, isto é, com uma consciência momentaneamente obscurecida pela raiva, pelo ressentimento, pelo ódio ou pela comiseração própria. E isso seria contrário à declaração de Sofonias sobre o modelo da justiça divina, de acordo com o qual os processos jurídicos humanos devem ser moldados: “O Senhor é justo, no meio dela; ele não comete iniqüidade; manhã após manhã traz ele o seu juízo à luz; não falha.” Sofonias 3:5;

Que tipo de julgamento Jesus proibia, quando disse: “Não julgueis, para que não sejais julgados”? E continuou: “Pois com o critério com que julgardes, sereis julgados.” Mateus 7:1, 2; É muito provável que o Mestre estivesse nos precavendo do pensamento condenatório, apressado, feito contra alguém e baseado nas provas fornecidas pelo sentido material, enquanto a fumaça da batalha talvez ainda esteja visível. Aquele que condena revela uma consciência momentaneamente obscurecida. Esse tipo de julgamento liga o erro à pessoa e para eliminar o erro é rápido em eliminar ou condenar o indivíduo. A Ciência Cristã mostra-nos que não devemos julgar de acordo com o testemunho material — de acordo com o olho mortal. É preciso abandonar o julgamento em que não haja luz, pois é ilegal — contrário à lei de Deus.

Temos de entrar no nosso quarto e ali negar o sentido material, que tenta convencer da possibilidade de injustiça, da possibilidade de haver uma pessoa maldosa ou um amigo insensato. Com o poder do Cristo, expressado em compaixão, misericórdia, paciência, boa vontade, negaremos essas mentiras agressivas até que a luz da compreensão venha a despontar.

Então, teremos chegado a um ponto metafísico importante, isto é: julgar com acerto é ajudar. Estudiosos da Bíblia constataram que, em muitos trechos do Antigo Testamento, estes dois conceitos estão relacionados: “Julga-me, Senhor, segundo a minha retidão, e segundo a integridade que há em mim” Salmos 7:8;, apela o Salmista. Isso, por certo, significa: Ajuda-me Senhor, segundo a minha retidão. (Comparar também com o livro dos Juízes e Isaías 1:17.)

O Mestre dos cristãos pôs em prática o julgamento matinal com relação a Pedro, quando não denunciou o impetuoso discípulo como indivíduo, mas antes repreendeu a crença errônea que pretendia tomar identidade com Pedro. As palavras de Jesus foram: “Arreda! Satanás.” Mateus 16:23; Não disse: Arreda! Pedro. Disso podemos deduzir que julgar a partir de um ponto de vista mais elevado não significa deixarmos de denunciar o erro em voz alta. Significa, porém, o que a Sra. Eddy recomenda: “Podeis condenar o mal no abstrato sem ferir a ninguém nem ao vosso próprio sentido moral, mas raramente, ou nunca, condenai pessoas.” The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, p. 249;

Quando fazemos a distinção entre a pessoa e o erro e lidamos com o erro como crença agressiva, ajudamos a pessoa a desfazer-se da crença e a descobrir sua natureza divinal, livre dos acréscimos errôneos. Esse é julgamento verdadeiramente construtivo, em obediência ao mandamento de Cristo Jesus: “Não julgueis segundo a aparência, e, sim, pela reta justiça.” João 7:24;

Depois de haver penetrado além da crosta aparente, encontramos a prova cristã que é sempre a favor do filho de Deus. Para julgar corretamente uma pessoa, precisamos perscrutar-lhe o coração e descobrirlhe os motivos. Procurar a prova cristã é buscar o homem criado por Deus, impecável e inculpável. É escrever em nosso coração o apelo do Salmista: “Ensina-me bom juízo e conhecimento.” Salmos 119:66.

Encontrando a prova cristã, não nos deixamos impressionar pelo joio da circunstância ou o aspecto exterior. Essa visão pura ajudará quem talvez tenha cometido uma falta a perceber e abandonar qualquer erro que haja em sua ação. Reconhecer as qualidades espirituais do homem e contender por elas trará à luz o verdadeiro estado de homem e de mulher perfeitos, incluídos na identidade cristã de cada indivíduo. Não é assim que executamos juízo justo “pela manhã”?

Para conhecer mais conteúdo como este, convidamos você a se inscrever para receber as notificações semanais do Arauto. Você receberá artigos, gravações em áudio e anúncios diretamente via WhatsApp ou e-mail.

Inscreva-se

Mais nesta edição / novembro de 1980

A missão dO Arauto da Ciência Cristã 

“...anunciar a atividade e disponibilidade universal da Verdade...”

                                                                                        Mary Baker Eddy

Conheça melhor o Arauto e sua missão.