Certo dia, minha jovem sobrinha encontrou uma fotografia que eu tirara para requerer um passaporte. Olhou atentamente para a foto, para mim e novamente para a foto, procurando descobrir alguma semelhança.
De repente lembrei-me do texto carimbado nas fotografias pelo Ministério Britânico, onde eu trabalhava: “Atestamos que esta é a verdadeira semelhança de ...” — seguindo-se o nome do portador do passaporte. Desse modo identificava-se o portador, e a fotografia recebia o atestado de que era a verdadeira semelhança. À luz da Ciência Cristã descobri novo significado para essas palavras.
Será que podemos atestar nossa identidade como semelhança de Deus com a mesma convicção? No relato bíblico da criação lemos: “Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança. ... Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou.” Gênesis 1:26, 27. A Ciência Cristã ensina que o homem, a semelhança do Espírito, só pode ser espiritual, não material. A Sra. Eddy diz em Ciência e Saúde: “O Espírito e a matéria não podem coexistir nem cooperar, e um não pode criar o outro, como também a Verdade não pode criar o erro ou vice-versa.” Ciência e Saúde, p. 279. Este raciocínio lógico mostra que podemos — realmente precisamos — ver o nosso único ser verdadeiro como o reflexo de Deus, puramente espiritual e perfeito.
Mas o que vem a ser o quadro humano imperfeito que os sentidos mortais nos apresentam continuamente, um quadro de doença, sofrimento e morte? A Ciência Cristã mostra que é uma contrafação; que não corresponde à realidade, na qual o homem, o reflexo de Deus, é incapaz de ficar doente ou de morrer. Aprofundando-me nesse pensamento, compreendi como nunca dantes a impossibilidade de a imagem de Deus ser falsificada, pois as Escrituras declaram: “Toda boa dádiva e todo dom perfeito é lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação, ou sombra de mudança.” Tiago 1: 17.
“Imagem” e “semelhança” não implicam apenas em similaridade, implicam numa conformidade absoluta de caraterísticas. O negativo de uma fotografia não mostra a verdadeira semelhança de um indivíduo. Mas o simples ato de invertê-lo, revela a imagem positiva. O negativo não retira nenhuma parte da inteireza e perfeição do positivo. Nem o verdadeiro homem jamais foi tocado por algo que obscurece ou distorce seu reflexo como imagem de Deus.
A Sra. Eddy escreve em Ciência e Saúde: “O que é, então, a personalidade material que sofre, peca e morre? Não é o homem, a imagem e semelhança de Deus, mas a contrafação do homem, a semelhança às avessas, a dessemelhança chamada pecado, doença e morte.” Ciência e Saúde, p. 285.
Supor que, como imagem, inevitavelmente tenhamos de passar por um processo negativo, que tenhamos de atravessar um estado de homem decaído e pecaminoso antes de atingir a perfeição, é mortal e ilusório. Será que aquilo que foi criado por Deus pode alguma vez ser extinto, ou mesmo desaparecer temporariamente ou ser mudado? Ciência e Saúde nos diz: “O Espírito é positivo. A matéria é o contrário do Espírito, a ausência do Espírito. Se o Espírito positivo passasse por um estado negativo, isso seria a destruição do Espírito.” Ibid., p. 173.
Reconhecendo seu estado perfeito e eterno como filho de Deus, Cristo Jesus disse: “Eu e o Pai somos um.” João 10:30. Como idéia de Deus, o homem expressa o eterno ser de Deus, controlado por Ele, inseparável dEle e sempre em união com Ele. Pela compreensão espiritual podemos inverter as falsas pretensões da mente mortal e tomar posse da eterna herança que nos pertence de direito, como descendentes espirituais de Deus. O homem espiritual, o único homem que Deus conhece, é uma idéia composta, constituída das qualidades de Deus, tais como imortalidade, liberdade, graça, integridade e assim por diante. Mediante a Ciência Cristã podemos compreender e demonstrar aqui e agora a nossa individualidade real na verdadeira semelhança do nosso Criador, a Verdade, a Vida e o Amor divinos.
