Muitos de nós bem podemos lembrar-nos daquelas vezes em que tivemos uma percepção tão nítida de Deus que uma dor renitente simplesmente desapareceu, ou que se desvaneceram os sintomas de um resfriado, ou que se dissiparam repentinamente o medo ou a depressão.
Esses são momentos impressionantes, não só devido ao alívio físico mas por havermos sido tocados pelo Cristo, por havermos visto Deus manifestar-Se. Quando essa manifestação ocorre repentinamente, é vívido o contraste entre Sua presença e o pressuposto poder do mal. Ela é notável.
A cura instantânea, como era efetuada por Cristo Jesus, é a meta do verdadeiro sanador cristão. Essa meta não solapa nem desacredita o significado daquelas curas que se deram de maneira gradual. As lições que aprendemos podem ser inestimáveis. E, no entanto, é vital prosseguir em busca de um resultado imediato mais ininterrupto, porque tais curas ilustram com tanta clareza a realidade da presença de Deus aqui e agora. Não é gradativamente que a Verdade e sua perfeição são verdadeiras. São a realidade no presente, ainda que admitida apenas gradativamente. Curas rápidas são golpes arrazadores contra a crença mortal de que o mal seja substancial.
Na Ciência Cristã, procuramos, por outro lado, resolver com a oração que muitas vezes foi descrita como o método de tratamento mediante o argumento, os casos que não foram resolvidos instantaneamente com a nossa conscientização da totalidade de Deus. Esse processo envolve afirmações de verdade espiritualmente inspiradas; dá-nos a convicção introspectiva que nega o mal. Quais os pontos a considerar? Os fatos fundamentais da realidade revelados na Bíblia e nos escritos de autoria da Sra. Eddy. Se estamos em busca de cura podemos afirmar, por exemplo, que Deus é a substância de todo ser; que Ele é a fonte da inteligência; que o homem pode refletir nada mais nada menos do que a perfeição infinita da Mente divina. Além disso, talvez neguemos que os nervos possam chamar-nos a atenção para a dor; que a sensação é um estado da matéria; que a Mente é mortal.
O processo de argumentação por si só ou em si mesmo não tem objetivo de curar. Visa elevar eficaz e firmemente o pensamento do indivíduo para mais perto de Deus. Se supomos que o processo de argumentação seja por si só um poder sanador, talvez nos encontremos a argumentar muito convincentemente, mas tendo resultados práticos bem inexpressivos.
Precisamos tomar cuidado em não resvalar para argumentos estéreis. Recitar todas as palavras certas, mesmo com uma apresentação muito enfática, não nos garante a cura. “A palavra de ternura e o encorajamento cristão dados a um doente, a paciência compassiva para com seus temores e o afastamento destes, valem mais do que hecatombes de borbotantes teorias, de discursos estereotipados e plagiados, e de argumentos que não passam de outras tantas paródias à Ciência Cristã legítima, abrasada de Amor divino” Ciência e Saúde, p. 367., é o que aconselha nossa Líder, a Sra. Eddy.
Precisamos ter certeza de que não nos desviamos do objetivo real no nosso argumento mental e que nosso propósito não está empanado. Afirmar as verdades do ser e negar os erros da mortalidade como um fim em si mesmo é o tipo de erro que nos mantém no nível da discórdia. Simplesmente submeter a tal exercício a mente humana não nos garante estarmos próximos de Deus. No argumento espiritualmente baseado não estamos falando a nós mesmos a fim de nos levar a crer que sejamos sadios. Estamos aproximando-nos da conscientização de que só Deus é poder, substância, realidade.
Deixar que o sistema de argumentação se torne uma fórmula, declarando repetidamente determinadas verdades e negando determinados erros (mesmo que sejam verdades acertadas e erros bem detectados), haverá de interferir com a cura, em vez de estimulá-la. Conscientização da totalidade do Amor divino: eis o coração da cura. Os argumentos devem aprofundar nossa convicção de que há um só Deus, e de que cada aspecto isolado da existência expressa Sua inteireza, integridade e perfeição.
Se o sanador não vê além do processo de argumentação em si, talvez venha a constatar que está dando maior ênfase ao aspecto da negação, a fim de afugentar o erro. Suponhamos que alguém negue o mal tão completamente que por fim limpe o pensamento das sugestões da mente mortal. Talvez venha a se encontrar na situação do homem que na Bíblia varreu o mal de sua casa mental. Mas o diabo voltou, desta vez com alguns amigos, e tornou a ocupar a casa vazia. Ver Lucas 11:24–26. Mesmo uma refutação vigorosa do erro, se não for baseada na totalidade de Deus, pode deixar aberta a porta às pretensões errôneas. Tal argumento pode vir a ser enodoado pela vontade humana. Restabelecer o paciente mediante a força de vontade humana, com declarações que afirmam Deus e negam o mal não é, contudo, o processo de argumentação válido, que é ensinado no tratamento pela Ciência Cristã.
O propósito subjacente a afirmar verdades e rejeitar o erro é sempre fortalecer nossa conscientização de Deus de tal maneira que a consciência se alinha com o Amor divino, une-se ao Amor divino. O argumento por si só não cura. É um processo humano. Nossa convicção fortalecida, a conscientização de nossa unidade com Deus, é que traz cura. “Lembra-te de que a letra e o argumento mental são apenas auxiliares humanos para ajudar a pôr o pensamento em concordância com o espírito da Verdade e do Amor, que cura o doente e o pecador” Ciência e Saúde, pp. 454–455., aconselha a Sra. Eddy.
No tratamento, precisamos fazer muito mais do que apresentar os argumentos adequados. Certifiquemo-nos de que os argumentos de fato nos põem em harmonia com Deus. Então ocorre a cura.
