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Os escolhidos de Deus

Da edição de agosto de 1981 dO Arauto da Ciência Cristã


Sempre houve pessoas que sentiram o toque da graça e da divindade. Sem compreender totalmente esta atração espiritual, homens e mulheres podem ter interpretado esse sentido de inspiração, promessa, poder ou orientação que recebiam de Deus como uma concessão particular: eles eram os eleitos, os escolhidos.

Mas será que não falta lógica a essa interpretação? O bem espiritual não pode ser parcial e ao mesmo tempo genuíno e permanente.

Na sua estrutura global, a Bíblia refuta o falso conceito de que o bem seja concedido de maneira limitada — para alguns sim e para outros não. À medida que prosseguimos, do Gênesis ao Apocalipse, nossa visão se expande. Existe grande distância entre a crença encontrada na maior parte do Gênesis, num Deus tribal, acalentando somente Seus poucos escolhidos, e a compreensão espiritual de Deus que se acha no Apocalipse. Aí, Deus, sem reservas, convida a todos os que têm sede para vir. “E quem quiser receba de graça a água da vida.” Apoc. 22:17.

Ignorantes da bondosa natureza divina que a todos inclui, as pessoas têm procurado fomentar e proteger, agrupando-se com exclusividade, seu conceito de serem os escolhidos. O resultado tem sido uma proliferação do elitismo, que corrompe o conceito de ser escolhido, escolhido de Deus, e que envenena muito nossa estrutura social, particularmente o relacionamento entre homens e mulheres. Se a sociedade deve curar-se de seus males, precisamos chegar a compreender o que realmente significa ser o escolhido de Deus.

“Amados,” assegura a Bíblia a cada um de nós, “agora somos filhos de Deus.” 1 João 3:2. Em verdade, aos olhos de Deus cada um e todos nós estamos entre os escolhidos. Quer pareça sermos o mais jovem, o mais velho, o que propositalmente se abandona, o totalmente ignorante, o mais distanciado, cada um de nós realmente encontra-se envolto pelo caloroso abraço divino. Cada um em seu papel exclusivo, individual, está agora recebendo o elogio do Pai-Mãe ouvido por Cristo Jesus: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.” Mateus 3:17.

Na Ciência Cristã reconhecemos o Amor como Princípio e isso remove toda parcialidade do nosso conceito de ser escolhido. Os verdadeiros seguidores de Cristo Jesus, o mestre do cristianismo, não vêm os outros nem a si mesmos como excluídos de expressar e receber o bem que por direito lhes pertence. Deus, o bem infinito, só cria idéias que refletem a perfeição infinita. A Sra. Eddy, nossa reverenciada Líder, declara: “Admitir no íntimo que o homem é a própria semelhança de Deus, põe o homem em liberdade para assenhorear-se da idéia infinita.” Ciência e Saúde, p. 90.

Admitir que cada indivíduo é na verdade a própria semelhança de Deus se constitui num empreendimento individual, mas tão repleto de amor que inevitavelmente envolve-nos com todas as pessoas. Os escolhidos de Deus são os companheiros que mais procuram incluir os outros em tudo. Ao refletir seu terno Pai-Mãe, expressam amor, a capacidade de ver o bem em toda parte, imparcialidade, mansidão e poder.

A mansidão não é uma característica comumente associada com os que se consideram entre os escolhidos. Mas não podemos reconhecer-nos inteiramente como filhos de Deus a menos que nossa visão das coisas seja purificada com a mansidão. Paulo, cuja contribuição especial ao cristianismo foi a de pregar a Cristo Jesus entre os gentios, disse, sobre a vida cristã: “Não pode haver grego nem judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita, escravo, livre; porém Cristo é tudo e em todos. Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade. Suportai-vos uns aos outros; ...acima de tudo isto, porém, esteja o amor, que é o vínculo da perfeição.” Coloss. 3:11–14. Este “vínculo da perfeição” é o único vínculo digno de nossa consideração.

A mansidão e o poder — eis aí uma combinação feita para confundir o mundo! A mansidão e o amor abnegado não deixam lugar para a autodepreciação nem para a autocongratulação. Quanto mais reconhecermos que a cura é o trabalho de Deus, tanto menos estaremos conscientes do ser mortal — o nosso próprio ou o dos nossos pacientes. O poder do Cristo, como Jesus o exemplificou, era o produto de profunda humildade — uma disposição para servir, não para governar, para deixar o poder de Deus ser o único poder e Sua realidade a única realidade. Nesta base cada um de nós pode confiantemente executar o que o Pai requer que façamos.

Os Cientistas Cristãos, ao procurarem contar “as boas novas” em sua época, oferecendo com amor caloroso a pérola de grande valor para todos os que estão prontos a recebê-la, enfrentam o desafio de serem malinterpretados.

Ao confiarmos em Deus para libertar a outros de seus falsos conceitos, podemos confiar em Deus para que mostre a nós os passos de sabedoria e amor a serem tomados. Podemos manter constante vigilância para que nossa demonstração do Cristo, a idéia de Deus, irradie tão intensamente que, apesar da má-interpretação, se torne convidativa sinalização.

Os números aumentam e diminuem em todas as organizações humanas. Quando os números diminuem, o hábito da metodologia humana pode empurrar-nos para uma série de programas de melhorias envolvendo uma estimativa crítica. O bem-estar do movimento da Ciência Cristã poderá em parte depender da capacidade individual de ver como e quando precisamos expressar aquela humildade por meio da qual realmente considere “cada um os outros superiores a si mesmo” Filip. 2:3..

Considere-se a questão dos motivos — os nossos próprios, sobre os quais seguidamente sabemos tão pouco. Quanto mais dóceis nos tornamos, mais puros se tornam nossos motivos. Por que desejamos que venham mais pessoas às nossas conferências, haja mais alunos na nossa Escola Dominical que prossigam e tornem-se membros da igreja, mais praticistas e igrejas inscritos no Arauto? Poderia haver envolvido aí um elemento de mera preocupação denominacional (senão orgulho)? Será o nosso chamado repartir puro nos seus motivos se contiver nele algo de dissimulado, algo à parte de genuína afeição espiritual a cada indivíduo e interesse na sua cura?

A crença no sentido pessoal impede o mundo de receber o Cristo, a Verdade. Os fariseus e saduceus, ainda mesmo na presença do incrível poder do Cristo, enxergaram um judeu não-praticante. Da mesma forma, o descrente, o temeroso, o dissidente de hoje tende a estar tão cheio de falsos conceitos sobre Mary Baker Eddy ou sobre a Ciência Cristã ou sobre os Cientistas Cristãos que torna-se ensurdecido para o que a Ciência está dizendo na verdade.

Será suficiente sermos tolerantes e perdoarmos, estarmos superficialmente interessados? Talvez precisemos ficar de joelhos, falando em sentido figurado, e colocar qualquer orgulho e sentimento de justificação sobre o altar, interessar-nos honesta e sinceramente e com paciência e modéstia praticar e demonstrar o poder do Cristo para curar e redimir.

Para aquele escolhido, Cristo Jesus, seria prova suficiente de ter sido sua missão cumprida ver igrejas cheias ou conferências superlotadas? Pense! Até mesmo os Doze — e ele os escolheu e às vezes falou tão bem a respeito deles — desertaram ou fugiram, e as multidões se desvaneceram. Mas quando pensarmos nas posteriores realizações dos discípulos, quem sabe perguntaremos: “Como podemos considerar-nos entre os escolhidos?” A previsão de nossa Líder pode vir à mente. “A atual etapa de progresso na Ciência Cristã”, escreveu a Sra. Eddy certa vez aos seus seguidores, “apresenta dois aspectos opostos — uma promessa infinita e uma carência desoladora. A necessidade, no entanto, não é da letra, mas do espírito.” Miscellaneous Writings, p. 355.

Com mansidão, Jesus suportou a máxima perseguição sem jamais perder seu sentido de filiação. Ser semelhante a Deus não era para ele uma dispensação especial, mas a própria natureza do ser. “A acusação dos rabinos: ‘Ele... se fez Filho de Deus’, era realmente a justificação de Jesus,” escreve a Sra. Eddy em Ciência e Saúde, “porquanto para o cristão, o único espírito verdadeiro é semelhante a Deus.” Continua: “Esse pensamento incita a uma adoração e abnegação mais elevadas.” Ciência e Saúde, p. 203.

Também nós podemos tornar-nos na prática o que já somos em verdade — os filhos e as filhas de Deus. Mas isso só acontece por meio de profunda abnegação do eu. Somente dessa maneira chegamos a sentir a exaltação da graça e da divindade que assegura a nós, como assegurará a todos: “Amados, agora somos filhos de Deus.”

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