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Aplicada a lei da bondade

Da edição de agosto de 1981 dO Arauto da Ciência Cristã


Por mais pressa que se tenha, sempre há tempo para ser cortês.

Davi e os seiscentos homens que com ele estavam, achavam-se a serviço de Aquis, filisteu que governava a cidade de Gate, localizada na parte sudoeste da antiga Palestina. Mais ao sul, em Ziclague, quase na fronteira do deserto de Sinai, acampavam os homens. Num momento crucial, os exércitos dos cinco senhores filisteus seguiram para o norte a fim de lutar contra Saul, então rei de Israel. Aquis, confiando em Davi, tomou-o e a seus homens para lutarem a seu lado. Mas os outros filisteus suspeitavam que Davi se voltaria contra eles para ajudar Saul. Assim Davi foi mandado de volta.

Chegando em Ziclague, Davi e os seus homens constataram que uma tribo do deserto lhes havia saqueado o campo e queimado tudo, levando consigo as mulheres e os filhos deles. Os homens de Davi estavam prestes a se amotinarem, mas Davi voltou-se para Deus e os persuadiu a irem no encalço de suas famílias e dos seus bens. Tratava-se de uma situação premente. Haviam eles andado uma distância relativamente curta quando encontraram um egípcio, doente e abandonado para que morresse. Davi deteve-se para socorrê-lo.

Que bela lição! Há nas Escrituras numerosas referências à bondade. Disso fica evidente que nos tempos bíblicos patriarcais esperava-se que a cortesia fosse criteriosamente retribuída. Também vemos que a bondade para com o estrangeiro era uma tradição respeitada como se fora lei. Davi e os seus homens obedeceram estritamente este costume, ou lei, apesar de sua amargura, e foram recompensados. O homem que fora abandonado era servo de um dos amalequitas que haviam atacado o campo. Correspondendo escrupulosamente à promessa que Davi lhe fizera de não entregá-lo a seu cruel senhor, o egípcio guiou-os até os amalequitas, os quais então celebravam sua proeza. Aos homens de Davi não foi difícil prevalecer contra os inimigos, reaver os bens e salvar as mulheres e os filhos. Ver 1 Samuel 27–30.

Nas Escrituras, a bondade acha-se ligada a outras qualidades maravilhosas. É-nos dito para sermos justos e bondosos, pois “o amor é paciente, é benigno” 1 Cor. 13:4.. É-nos aconselhado associar “com a piedade, a fraternidade; com a fraternidade, o amor” 2 Pedro 1:7.. Em muitos dos salmos é enfatizada a bondade de Deus. Um dos autores fala em Provérbios na “instrução da bondade” Prov. 31:26..

No corre-corre dos acontecimentos humanos, até mesmo a tão propalada avalanche de crimes dos dias atuais — não muito diferente do que acontecia há três mil anos — bem que nos é possível agir como Davi agiu. Apesar da angústia inicial dele, Davi levantou o pensamento a Deus, recebeu conforto e foi guiado. Veio a seguir o teste crucial que, passado de modo correto, garantiu-lhe o êxito.

Estaremos nós sempre dispostos a fazer uma pausa e a usar de cortesia, não só num momento de grande pressa mas até mesmo ao seguir o que acreditamos ser um plano ditado por Deus, porque a bondade está em concordância com a lei divina? Tal obediência requer altruísmo, coragem moral, confiança em Deus. Requer que sejamos honestos com nós mesmos como o reflexo e a manifestação do Amor divino.

O homem é criado por seu Pai-Mãe Deus para manifestá-Lo. Na proporção em que vemos isto, nos conscientizamos de que tal manifestação tem de ser perfeita como o Pai. Vemos que em realidade não somos mortais melhores ou piores; como a manifestação de Deus, não somos sequer mortais nem meros seres humanos bons. Somos reflexos, ou idéias de Deus, tais como Ele nos faz ser. Nossa identidade espiritual está em união com o nosso Criador. Todo o nosso ser é a manifestação do Amor, refletindo inevitavelmente o profundo amor do próprio Amor. Esta bondade divinamente inspirada sempre vê o nosso irmão como Deus o faz, perfeito como Deus. A compreensão da presente perfeição do homem e o reconhecimeto deste fato é o que cura, pois deste ponto de vista vê-se que nada precisa ser curado.

Certo praticista da Ciência Cristã, que me era muito querido durante a infância e a juventude, realizou muitas curas notáveis mediante a oração científica. Nos anos subseqüentes as pessoas que haviam sido curadas diziam invariavelmente: “Ele era sempre tão bondoso.” A graça sanadora de Deus veio aos pacientes como “bondade”. Esta qualidade consoladora os guiou durante duras experiências para que chegassem ao reconhecimento da cura. Davi e os seus seguidores no deserto talvez não tenham entendido tudo isto, mas com a mera obediência à lei da bondade, a demonstraram.

Há um hino que nos diz: “Jesus conhecia a lei da bondade/ Curando a cegueira mental e afetiva.” Christian Science Hymnal, n° 178.

Quando Jairo veio a Cristo Jesus buscando cura para a filha, que estava “à morte”, Jesus foi com o ansioso pai. Ora, a multidão os fazia demorar, e nela achava-se uma mulher que tocou a veste de Jesus. Este sabia que ocorrera uma cura. Com a bondade de que o Cristo se acha imbuído, deteve-se ele à procura da pessoa que fora curada, a qual tremia, e Jesus disse: “Filha, a tua fé te salvou; vai-te em paz, e fica livre do teu mal.”

Chegou a notícia de que a filha de Jairo morrera. “Por que ainda incomodas o Mestre?” diziam os mensageiros. A demora causada pela mulher que se achava em meio à multidão parecia ter custado muito caro, mas Jesus estava ciente de algo muito melhor. “Não temas, crê somente” foram suas palavras tranqüilizadoras, e, quando chegou à casa de Jairo, ressuscitou a menina. Ver Marcos 5:22–42. Como no caso de Davi, o tempo gasto em ser bondoso não fora de modo algum desperdiçado; só enfatizou o círculo perfeito do amor de Deus por todos.

Como em toda a lei de Deus, a lei da bondade, quando obedecida, eleva a nossa vida. Então estamos certos da orientação de Deus em todos os detalhes de nossos dias. Mas deixando de lado o nosso eu e as nossas próprias necessidades como a bondade o exige, encontramos um significado mais profundo para o plano de Deus. Vemos que a bondade divina destina-se a toda a Sua criação. Mesmo se não nos vemos diante de um escravo abandonado ou uma mulher enferma, ainda assim é-nos possível cultivar a cortesia que recende ao Cristo e que a todos vê inseparáveis da bondade de Deus. Se ficamos sabendo de alguém que se encontra em dificuldade — mesmo que estejamos do outro lado do mundo — podemos reafirmar, no âmbito de nosso próprio pensamento, o que é espiritualmente verdadeiro com respeito a esse indivíduo. Podemos conscientizar-nos, de maneira impessoal, da liberdade, dada por Deus a todos, a fim de que estejam sempre livres da enfermidade, do abandono, dos mal-entendidos, do ódio e, até mesmo, da morte. A Sra. Eddy diz a respeito da religião por ela fundada: “A Ciência Cristã ordena ao homem que domine as propensões — que reprima com a bondade o ódio, que vença com a castidade a luxúria, com a caridade a vingança, e que com a honestidade derrote a falsidade.” Mais adiante, na mesma página escreve ela: “O homem imortal demonstra o governo de Deus, o bem, no qual não há poder para pecar.” Ciência e Saúde, p. 405.

Podemos perguntar por que as ternas e não obstrusivas qualidades como a bondade, a castidade, a caridade e a honestidade dominam as qualidades malévolas agressivas. A resposta é simples: a bondade, a caridade etc. derivam de Deus. Portanto não podem ser destruídas pelas inclinações más tal como a luz solar não pode ser sobrepujada pelas trevas. De fato obliteram o mal tal como a luz solar oblitera as trevas.

Na Ciência Cristã o termo “real” é usado para definir aquilo que é espiritual e que permanece para sempre. O bem é real e o ódio é irreal. As criações da matéria, da mente carnal, ou mortal, não permanecem; não dão fruto, não vão a lugar algum, não realizam coisa alguma. São o “pó [que] ao pó tornará”; portanto, no fato científico, são irreais. O homem espiritual é real porque é imortal. Não pode ser destruído, e você e eu somos este homem. Nossa identidade real se manifesta continuamente nas qualidades que expressam Deus. A própria razão de existirmos é manifestá-Lo. O homem vive de acordo com o governo de Deus e reflete Suas leis, inclusive a Sua lei de terna bondade, sempre em ação, em toda parte.

A bondade humana deseja que cada pessoa seja alimentada e vestida, educada e querida, recebendo justiça igual. Talvez isto dê um indício da natureza das outras obras “maiores” que Jesus disse haveríamos de fazer. Ver João 14: 12.

A devastação causada por praga, tempestade, fome ou guerra não faz parte do plano de Deus. Nunca pode ser conhecida em Sua presença, e Sua presença circunda sempre toda a Sua criação. É-nos possível comprovar paulatinamente estes fatos na medida em que verdadeira e humildemente manifestamos o Amor divino.

Estas palavras da Sra. Eddy oferecem-nos um desafio: “Oh! Quem dera que o amor expresso em palavras possa ser sentido, e vivido, de tal modo que, ao sermos pesados na balança de Deus, não sejamos achados em falta. O amor é invariável, uniforme, solidário, abnegado, inefavelmente bom; tudo deposita no altar, e, caladamente e a sós, carrega todos os fardos, sofre todas as mágoas, suporta todos os tormentos pelo bem dos outros e por amor do reino dos céus.” Miscellaneous Writings, p. 312.

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