No Hinário da Ciência Cristã há um hino muito bonito, que começa assim: “A dor e o medo ante o Amor se afastam, / Tal como as trevas fogem ante a luz.” Hino n° 149.
Embora a continuação do hino seja um maravilhoso lembrete do cuidado amoroso de Deus, essas duas primeiras linhas contêm uma mensagem de cura para todo aquele que está acorrentado pelo medo. Elas nos dizem que todas as formas de medo, desde o mais ligeiro nervosismo até os ataques do pânico paralisador que de modo sorrateiro e inexplicável entram no pensamento, têm a mesma natureza e a mesma origem: são humanas, terrenas, e não são enviadas por Deus.
Em primeiro lugar isso significa que o medo se baseia na maneira materialista de raciocinar, em pensar ou acreditar que o homem é uma criatura material governada por forças e leis materiais, à mercê da clemência (ou falta de clemência) dessas mesmas chamadas forças e leis. O remédio para o medo baseado na matéria, portanto, consiste em adquirir um sentido concreto, genuíno, do que o homem realmente é, o filho espiritual de Deus, vivendo e movendo-se dentro do reino harmonioso do Espírito, governado pela lei espiritual, justa e terna, da Mente divina.
A Ciência Cristã explica que o pensamento material que nega a filiação espiritual do homem, não diz a verdade a respeito de coisa alguma, por isso, suas conclusões temíveis são igualmente inverídicas. Por isso Cristo Jesus, que compreendia plenamente a filiação do homem, podia dizer com toda a segurança: “Não temais, ó pequenino rebanho; porque vosso Pai se agradou em dar-vos o seu reino.” Lucas 12:32.
Quando o estado espiritual e real do homem é percebido com maior clareza, os temores que nos atormentam realmente “se afastam, tal como as trevas fogem ante a luz”. À luz do Amor divino aprendemos que o medo é simplesmente uma crença em algum poder ou presença opostos a Deus, uma impossibilidade espiritual, porque não existe o mal na criação do Amor divino.
Em seu livro Unity of Good, a Sra. Eddy mostra os passos com os quais o mal e o medo se afirmam. Ela declara: “Através destas três declarações, ou falsas declarações, o mal se apossa do poder:
Primeiro: O Senhor o criou.
Segundo: O Senhor o conhece.
Terceiro: Eu tenho medo dele.
Através do processo inverso de argumentação, o mal tem que ser deposto:
Primeiro: Deus nunca fez o mal.
Segundo: Ele não o conhece.
Terceiro: Por isso não precisamos temê-lo.”
Ela então exorta o leitor: “Experimente esse processo, caro indagador, e alcance assim aquele Amor perfeito que ‘expulsa o medo’ e então verifique se esse Amor não destrói em você todo ódio e toda noção do mal.” Un., p. 20.
Compreender que o pensamento humano é a raiz de toda aparente discórdia, ou seja, pecado, doença e morte, não torna mais reais essas aparições. Em vez disso, quando percebemos que na totalidade de Deus, o Espírito, não há criação material contra a qual lutar, libertamo-nos. Não damos mais tanta importância e autoridade ao quadro material, porque percebemos algo de sua natureza ilusória e isso faz diminuir o nosso medo. Sabemos que Deus está conosco e nos sentimos seguros.
A Ciência Cristã nos assegura que visto Deus, o bem, ser toda causa e Sua manifestação ser todo efeito, nada há dentro da infinidade além do bem para o homem. Não existe nenhum elemento capaz de provocar o medo no homem. Toda sugestão que se apresente como ameaça ou como o mal ao qual se possa temer, é mentira sobre a verdadeira identidade do homem e a verdadeira criação de Deus. O homem não tem nada a temer, porque Deus não lhe deu nada para temer e Deus é a causa única.
Mas como é que nós nos livramos dos temores crônicos e agudos que parecem prender-nos, apesar de nossos melhores esforços? Onde é que o medo humano é destruído definitivamente? “No Amor”, como o diz o hino. Ele se desvanece perante a consciência do Amor divino assim como o nada da escuridão se dissipa ante a irresistível luminosidade da luz. Quando nosso pensamento é inundado com a verdade sobre Deus e o homem, a verdade sobre a segurança permanente do homem nos braços amorosos de seu divino Pai-Mãe, então o medo se dissipa em seu nada de especulação e falsidade.
Durante muitos anos sofri de ataques de pânico, um temor repentino que me oprimia, que tomava conta de mim sem razão aparente. Procurei em vão encontrar-lhe a origem. Finalmente, certo dia quando estava sentado na igreja, no meio de um ataque desse tipo, consegui abrir uma brecha. Afirmei minha filiação divina como jamais o havia feito, e exigi minha libertação do medo inconsciente. Declarei que a única Mente que eu tinha era Deus, e que eu era o reflexo de Deus. Em espírito de oração reconheci a totalidade do bem e a nulidade do mal. Alguns momentos depois vieram-me os seguintes pensamentos: “Você sabe, nada pode fazê-lo ficar com medo. Nenhum poder lhe está impondo medo. O medo não é uma aflição à qual você não possa dizer ‘não’. Não tenha medo do medo.”
Passaram alguns minutos, talvez somente uns segundos, e senti uma grande onda de alívio envolver-me. Os ataques de pânico nunca mais voltaram. A mentira havia sido destruída e defrontei-me com a verdade repentina de que o mal que eu havia temido era o próprio medo. Esse medo tinha se escondido bem, mas a Verdade e o Amor o trouxeram à tona e o denunciaram. Isso feito, nunca mais voltou.
A libertação do medo pode ser sentida agora, neste exato momento, ao elevarmos nossos pensamentos ao Amor divino. Deus não põe Sua imagem e semelhança, o homem, num meio-ambiente hostil. Não importa qual pareça ser nossa situação, a presença de Deus é a única realidade a respeito dela. Sabendo disso, não mais precisamos ficar com medo.
