Ao indagar sobre a Ciência Cristã, talvez alguém pergunte: “Que significa 'a prática' de sua religião?” “Que é que você pratica?” Talvez uma boa resposta seja que a prática coloca em atividade a oração. Significa saber e comprovar a lei do bem universal e sempre presente de Deus. A prática é a prova de que Deus enlaça a humanidade e eleva e guia nossa vida.
Nossos encontros diários com outras pessoas, quer seja nos negócios, quer no lar ou na igreja, provêem excelente campo para a prática. Por quê? Porque nessas atividades aprendemos o valor da compreensão espiritual, da disciplina, do amor e da necessidade humana que se tem deles. Também constatamos ser preciso afeto com maior profundidade e vigilância atenta. Nesses contatos descobrimos que deve haver equilíbrio entre a leitura ou o estudo da Palavra, e a prática da Palavra, algo que é de suma importância, isto é, a evidência da Palavra em nossa vida. O mundo contemporâneo passa a ser o nosso local de trabalho, seja qual for a tarefa que nos caiba realizar. O que conta não é a mera enunciação das palavras, mas a disposição total de exercer compaixão, misericórdia e perdão, as qualidades que Cristo Jesus expressou com tanta generosidade, em igual medida, tanto para amigos, como para inimigos.
Em meu trabalho tive muitas oportunidades de pôr a Ciência Cristã em prática. Dos meus encargos fazia parte a obtenção dos direitos legais para que uma grande empresa concessionária de serviços levantasse instalações por cima de montanhas, através de campos e dentro de cidades. Isso colocou-me em contato com enorme variedade de pessoas e desafios. Em certas ocasiões, eu tinha de estabelecer acordos e resolver problemas relacionados com esse empreendimento. Eu achava que na execução desses deveres estava a prática de minha compreensão de Deus. Com o passar dos anos, foram notáveis os ajustamentos ocorridos. Fiz o melhor que pude para vivenciar e colocar em prática o que havia aprendido mediante meu estudo da Bíblia e de Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras de autoria da Sra. Eddy, e assim ficaram curadas as atitudes hostis.
Do meu dia cheio de acontecimentos, fazia parte, muitas vezes, ir de carro até o local em que a equipe de construção encontrava algum obstáculo. Enquanto estava a caminho, a fim de deslindar o caso, eu orava para lembrar algo que lera de manhã na lição bíblica que se encontra no Livrete Trimestral da Ciência Cristã. Que inspiração era ver que esses versículos bíblicos ou linhas do livro Ciência e Saúde, forneciam a base do raciocínio espiritual que me mostrava como resolver o impasse.
Certa ocasião, meus esforços para restabelecer a harmonia tomaram a forma da repetição silenciosa das duas primeiras palavras da Oração do Senhor, “Pai nosso” Mateus 6:9.. A compreensão clara de que Deus é o Pai universal de todos, trouxe luz e harmonia imediatas, exatamente ali onde opiniões inflamadas se haviam manifestado. Nunca me vali de uma fórmula (uma forma estabelecida de palavras), porque cada situação era diferente, singular. Logo de início, nesse trabalho, descobri que a chave da oração era sempre a confiança plena em Deus. Ciência e Saúde explica: “O Princípio da metafísica divina é Deus; a prática da metafísica divina é a utilização do poder da Verdade sobre o erro; suas regras demonstram sua Ciência.” Ciência e Saúde, p. 111.
Embora seja indispensável compreender Deus de maneira prática, a fim de utilizar esta Ciência, é igualmente necessário aplicar na prática o que a Bíblia e Ciência e Saúde dizem sobre o homem, a imagem e semelhança de Deus. Eu precisava saber que o homem não era um mortal hostil e dado a argumentar, mas o descendente inteiramente espiritual de seu Pai-Mãe Deus. Compreender que a herança real do homem é bondade e perfeição, capacitou-me a refutar a falsa evidência de fricção e animosidade e revelou o homem original, puro, à semelhança de Deus, um homem incapaz de sentir inveja, ódio e distorção. Constatei que, ao lidar com outras pessoas, convinha-me ser constante em ater-me à minha própria e verdadeira identidade. Por vezes, necessitava assumir atitude menos defensiva (mesmo quando minha empresa estava agindo de forma legalmente correta), e era freqüente a necessidade de exercer muita paciência.
Também achei importante orarmos para saber o que de fato significam as palavras que lemos. Essa inspiração procede de Deus, a Mente divina, e não do sentido pessoal, de opiniões humanas ou do intelecto. Jamais há duas demonstrações, orações, circunstâncias ou, até mesmo, duas pessoas que sejam exatamente iguais. Esse é outro motivo que torna tão importante orar para receber a sabedoria de Deus. A identidade espiritual de cada indivíduo é essencial para Deus. Só Ele pode prover com eficácia a verdade referente a uma situação, porque Deus, a Verdade, é a única fonte de sabedoria infalível.
Com relação à importância do viver cristão e da prática consagrada, Ciência e Saúde assevera-nos: “A prática, não a profissão de fé, a compreensão, não a crença, alcançam o ouvido e a destra da onipotência e fazem descer sobre nós, seguramente, bênçãos infinitas.” Ibid., p. 15.
Cada obstáculo vencido nós dá mais confiança e coragem. Por exemplo, no inverno passado minha mulher e eu fomos de carro para uma região no Sul de nosso país, para passar as férias. Algum tempo mais tarde, chegou o dia de voltar para casa, que distava uns mil quilômetros dali. A essa altura, devido a um problema físico de náusea e fraqueza, o simples pensamento de pegar na direção do carro só 10 quilômetros já era um desafio. Reconheci, porém, que aí estava mais uma oportunidade de conscientizar-me das verdades espirituais a respeito de Deus e do homem e de colocá-las em prática. Conscientizeime de que o homem vive como o reflexo espiritual de Deus, dentro de Seu bem infinito. Um versículo bíblico muito conhecido explica: “Nele vivemos, e nos movemos, e existimos.” Atos 17:28. Não poderia haver separação entre Deus e o homem. Em realidade, eu não podia separar-me da saúde ou do bem-estar.
Sem demora, o nosso carro era mais um na autopista. Uma conferência da Ciência Cristã a que assistíramos, enfatizava a importância da gratidão, mas nessa hora, o que poderia eu encontrar pelo qual ser grato? Orei para saber como poderia começar a ser grato. Em poucos minutos, constatei que estava dando graças, em silêncio, pela lei do amor de Deus, evidente em cada motorista que, na rodovia, expressava inteligência, estava alerta e era cortês. Daí vieram-me ao pensamento outras razões pelas quais podia ser grato. Que inspiração ver como a gratidão contínua edificou a glória de Deus em meu pensamento.
Com o decorrer das horas e dos quilômetros, fui me sentindo mais forte. O mesmo acontecia com minha gratidão a Deus por uma experiência inspiradora e duradoura. Aprendi que o “esconderijo” Salmos 91:1. estava em toda parte e onde quer que vejamos a Verdade divina e o Amor a expressarem-se, seja num carro em uma estrada de muito tráfego, seja no remoto topo de uma montanha.
Chegamos em casa no final daquele dia, inteiramente descansados, inspirados e sem nenhuma sensação de fadiga. Mais uma vez, eu havia descoberto o valor da prática e a alegria profunda que resulta de fazer com que minhas orações se manifestem em ação.
