Cristo Jesus enfrentava a hostilidade com determinação. Ao anunciar às multidões as boas-novas da presença e do amor de Deus, não permitia que os pensamentos materialistas bloqueassem seu caminho.
Logo no começo de seu apostolado foi a Nazaré, onde havia sido criado. Lá, num sábado, na sinagoga, leu um trecho do livro de Isaías que deixa clara a missão que Deus lhe confiara: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar aos pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor.”
As pessoas da cidade conheciam-no apenas como o filho de José, mas as palavras de Jesus provocaram tamanha ira, que o povo decidiu jogá-lo do cume do monte sobre o qual a cidade estava edificada, para se livrarem dele. A narrativa do evangelho relata, porém, que Jesus passou entre eles sem ser molestado e “retirou-se” Ver Lucas 4:18, 19, 28–30..
Jesus não reagia contra o mal. Não acreditava em seu aparente poder. Essa atitude dava-lhe domínio. Não permitia que nada se colocasse entre ele e seu propósito divino. Portanto, agia apoiado nessa compreensão espiritual.
Jesus também ensinou seus discípulos a agir com poder espiritual e autoridade, quando os enviou a pregar a mensagem sanadora da Verdade nas vilas e aldeias da Galiléia. Aconselhou-os, no entanto, a não permanecerem onde não fossem bem-vindos. Instruiu-os a sacudirem o pó dos pés e a seguirem seu caminho, curando e pregando o reino de Deus ao pensamento receptivo. Ver Lucas 9:1–6.
Por vezes, circunstâncias adversas nos tiram a liberdade. Talvez doenças, desentendimentos familiares ou problemas no trabalho nos prendam e supostamente nos impeçam de utilizar nosso potencial espiritual. Como agir com determinação diante do medo e da dúvida? Seremos fortalecidos, se lembrarmos como o Mestre enfrentou os inúmeros desafios que tentaram obstruir seu caminho. A resistência à Verdade, o ódio e a crueldade ameaçaram destruir sua missão. Apesar de todas as dificuldades, porém, ele triunfou.
O poder que Jesus exercia sobre os obstáculos em seu cominho, residia na compreensão que tinha de seu relacionamento com Deus, relacionamento do Pai com o Filho. Ele sabia que sua missão era divina. Fora ungido como Messias, para realizar a obra do Pai.
A Ciência do Cristianismo, que se baseia na lei espiritual que Jesus aplicava com tanta eficácia, auxilia-nos a descobrir nosso próprio relacionamento com Deus, como Seus filhos espirituais. Então começamos a perceber melhor que nossa vida também tem um propósito divino. A Sra. Eddy diz em Ciência e Saúde: “As relações entre Deus e o homem, o Princípio divino e a idéia divina, são indestrutíveis na Ciência; e a Ciência não concebe um desgarrar-se da harmonia, nem um retornar à harmonia, mas sustenta que a ordem divina ou lei espiritual, na qual Deus e tudo o que Ele cria são perfeitos e eternos, permaneceu inalterada em sua história eterna.” Ciência e Saúde, pp. 470–471.
A compreensão acerca de nosso relacionamento imutável e ininterrupto com Deus, o Pai, habilita-nos a enfrentar e superar todo e qualquer desafio que tente impedir o perpétuo desenvolvimento do bem em nossa vida. Nós, os discípulos de Jesus do século vinte, não precisamos aceitar a adversidade como parte de nossa vida. Deus, a fonte de todo o bem, determina apenas progresso espiritual para Seus filhos. Podemos provar que a ameaça arrogante do mal não pode interpor-se entre nós e o propósito de Deus, propósito sempre bom.
Suponhamos estar ressentidos com alguém, em vez de eliminar logo esse pensamento negativo. Não existe registro de que Jesus tenha agido humanamente, tentando acertar as contas em vista de alguma ofensa que lhe tenham feito. Precisamos despersonalizar o mal e compreender que ele não tem história, identidade e não é lei. Então entenderemos que o mal não pode fixar-se em nós, tal como o inseto que voa e se afasta, se o sacudimos de nossa roupa.
A vida de Paulo ilustra a eficácia dessa forma de pensar. Quando foi levado, junto com outros prisioneiros, a Roma, para apresentar-se a César, o navio que os transportava encalhou em meio a uma tempestade. Todos conseguiram chegar até a costa e foram recebidos com carinho pelo povo da ilha. Quando Paulo apanhou um feixe de gravetos para colocar na fogueira, uma serpente escapou dos gravetos e prendeu-se à sua mão. Os outros pensaram tratar-se de um castigo por algum pecado que ele havia praticado. Paulo, no entanto, rapidamente sacudiu a serpente da mão e “não sofreu mal nenhum” Ver Atos 28:3–5. Ciência e Saúde, p. 390..
Sejamos nós assim rápidos em sacudir o mal que tenta fixar-se em nós! Será que já eliminamos do pensamento as crenças supersticiosas que tentam nos convencer de que os infortúnios acontecem com os outros porque cometeram alguma falta grave?
É verdade que, se não estivermos à altura do elevado padrão do viver cristão, precisaremos reconhecer a falta e corrigi-la. Quando, porém, encaramos nossas faltas com determinação, fazemos uso de uma alavanca que nos impulsiona para uma compreensão mais elevada a respeito de nossa verdadeira estatura em Cristo.
Com a doença podemos agir da mesma maneira. Ciência e Saúde nos mostra como: “Quando os primeiros sintomas da moléstia aparecem, refuta o testemunho dos sentidos materiais com a Ciência divina.... Não permitas que pretensão alguma de pecado ou de doença se desenvolva no pensamento. Rejeita-a com a firme convicção de que é ilegítima, porque sabes que Deus não é o autor da doença, como não o é tampouco do pecado.” Ciência e Saúde, p. 390.
À medida que aprendemos a seguir o exemplo de Jesus e de seu resoluto Apóstolo Paulo, também podemos ser rápidos como eles ao enfrentar desafios que tentam obstruir nosso propósito divino. Em outras palavras, quando tentados a reagir ao mal, basta sacudir-nos para afastá-lo de nós.
 
    
