Um pequeno tico-tico construiu o ninho. Abrigado nos arbustos próximos, um chupim aguardou atento. Ora, o chupim usa o ninho de outros pássaros e deixa que eles lhe choquem os ovos e alimentem os filhotes. Por isso, assim que o tico-tico deu por terminado seu ninho e o deixou desguardado, o chupim apressou-se a botar seu ovo, bem maior, junto aos ovos menores do outro passarinho.
De volta ao ninho, sem desconfiar de nada e sem reconhecer a impostura representada por aquele ovo maior, o tico-tico chocou-o como se fora seu. O ovo, como era grande, recebia mais calor. Com isso, o filhote intruso foi o primeiro a sair da casca e o primeiro a receber comida. Enquanto crescia, exigia alimentar-se com freqüência maior. O tico-tico, ainda iludido, atendia a essas demandas vorazes e com isso negligenciava seus herdeiros legítimos, que afinal morreram de fome ou foram jogados fora do ninho pelo filhote do chupim.
De certa maneira, essa é uma história tétrica, mas mesmo o reino da natureza oferece exemplos de proteção contra tais prepotências. Alguns pássaros, tais como o sabiá e o tordo, jogam fora do ninho o ovo estranho. Existe um passarinho canoro que combate engenhosamente a ave parasita. Está atento e reconhece o ovo do chupim. Constrói um segundo ninho sobre o primeiro, por vezes até um terceiro ninho, decidido a livrar-se do intruso.
Faça o login para visualizar esta página
Para ter acesso total aos Arautos, ative uma conta usando sua assinatura do Arauto impresso, ou faça uma assinatura para o JSH-Online ainda hoje!