No âmago de grande parte dos conflitos humanos está a disputa sobre o direito de propriedade. Os chamados sem terra confrontam os donos de propriedades territoriais.
Será que o ponto de vista espiritual sobre assuntos tão complexos contribui para a solução? Nossa resposta é "sim", se em nossa vida já sentimos algo da presença e do poder de Deus e confiamos nossa vida, de maneira mais contínua, ao governo divino de Deus, o Espírito todo-poderoso, que é, em realidade, a fonte suprema da autoridade.
Quando o Salmista orou, segundo a versão King James da Bíblia: "Ensina-me a fazer a tua vontade, pois tu és o meu Deus: guie-me o teu bom Espírito para a terra da justiça," ele não estava implorando que Deus o guiasse para uma determinada localidade geográfica. Antes ansiava por honestidade, justiça, integridade. Não é esse senso de estar na presença de Deus a "terra" que provê bem-estar genuíno?
Essa terra não é apenas uma imagem poética. À medida que expressamos qualidades espirituais, tais como integridade e justiça, adquirimos uma consciência cada vez maior da eterna presença de Deus para todos os Seus filhos. Como Deus, o Espírito, é infinito, Sua presença e Seu amor existem sempre em quantidade suficiente para cada um deles.
Na Bíblia lemos que Deus fez o homem à Sua semelhança. Como a semelhança de Deus, o homem precisa possuir qualidades tais como sabedoria, vigor e aptidão, bem como a oportunidade de expressá-las. As condições materiais não podem impedir que o homem expresse continuamente a identidade espiritual, genuína. Precisamos ser vigorosos ao orar para discernir mais claramente que o homem é, em verdade, governado unicamente por Deus, o Espírito.
Esse tipo de oração sustenta os esforços governamentais no sentido de distribuir com maior justiça os meios e recursos da nação, refutando assim o quadro de desigualdade mediante a verdade de que a autoridade de Deus está universalmente presente, é suprema, inabalável, e de que o homem é, em realidade, obediente à vontade suprema de Deus. Um ponto de vista mais espiritualizado sobre Deus e o homem faz com que as ações sejam cada vez mais de acordo com a lei do bem divino.
Se encaramos um lote de terra como algo que possui valor intrínseco, então a quantidade de terreno de um proprietário pareceria determinar-lhe o valor, seu poder e sua condição social. Claro que a terra é útil e de grande significado. Mas existe uma fonte de valor mais segura.
Cristo Jesus ensinou que os tesouros espirituais — e não os materiais — é que têm valor real e permanência. É natural que o homem, em sua identidade genuína dada por Deus, aprecie a espiritualidade. Reconhecendo o valor dos Dez Mandamentos, obedecemos a essas leis espirituais mais coerentemente. O tesouro que disso conseguimos é uma confiança cada vez maior em Deus e um maior empenho em expressar amor fraternal. Vimos a compreender que a provisão de algumas pessoas não precisa ser conseguida à custa da privação de outras. Deus cuida de todos os Seus filhos.
Mary Baker Eddy, a Descobridora e Fundadora da Ciência Cristã e autora do livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras escreve: "Cada passo de progresso é um passo mais espiritual. O grande elemento da reforma não nasce da sabedoria humana; não retira sua vida das organizações humanas; é antes a derrocada dos elementos — materiais, a tradução da carência de volta a sua linguagem original, — a Mente, e a unidade final entre o homem e Deus."
Não seria essa consecução espiritual uma meta de que todos — pessoas que não são donos de lotes de terra e honestos donos de terra igualmente — podem partilhar? O progresso mútuo está em concordância com a bondade imparcial de Deus. O esforço leal para testemunhar mais plenamente a autoridade máxima do Espírito divino e a verdadeira fraternidade do homem é oração que ajuda a trazer à luz, cada vez mais, o caminho do progresso, com paz.
Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra,
onde a traça e a ferrugem corroem
e onde ladrões escavam e roubam;
mas ajuntai para vós outros tesouros no céu,
onde traça nem ferrugem corrói,
e onde ladrões não escavam nem roubam;
porque onde está o teu tesouro,
aí estará também o teu coração.
Mateus 6:19–21
