Oramos, rogamos para que haja uma modificação, almejamos o progresso espiritual, aspiramos a entender a Deus mais cabalmente. Oramos por uma vida melhor, ou para vencer alguma mágoa ou enfermidade, oramos pelo bem de outros.
São orações normais.
Quando oramos, no entanto, talvez não vejamos claramente aonde nos conduzirão nossas orações ou quais as mudanças que delas resultarão.
Deus é a Mente infinita e ilimitada e, por isso, quando oramos para compreendê-Lo melhor e para que essa compreensão modifique as circunstâncias humanas, verificamos muitas vezes que a ação da Mente divina difere muitíssimo daquilo que imaginávamos.
É assim que adquirimos experiência, à medida que nos elevamos acima dos conceitos limitados e materiais acerca da vida.
Tomemos a idéia de que Deus é a Mente infinita, o criador de um universo espiritual e ilimitado. Quando oramos para compreender algo mais dessa criação e para assimilar tal compreensão em nossa vida, não deveríamos surpreender-nos ao observar, em nossa carreira, mudanças radicais.
A nuvem estacionária da limitação paira sobre o que almejamos que nossas vidas sejam ou deixem de ser. É comum esperarmos que o dia de amanhã seja mais ou menos igual ao dia de hoje. Não deveríamos, contudo, preparar-nos para algo mais? Se não o fizermos, nosso estado conservador quase impõe que o progresso espiritual se torne dolorosamente lento ou que, ao se revelar, nos deixe contrariados.
Consideremos, porém, as crianças. Pouco se preocupam com a semana que vem, o ano que vem, com daqui a dez anos. Na vida delas o progresso é, contudo, inevitável. Seu vocabulário, seus conhecimentos e suas experiências alteram-se profundamente e avançam em questão de semanas. A criança às vezes apresenta tantas mudanças em sua vida, que pode tornar-se irreconhecível de um ano para o outro.
Precisamos ser como éramos em criança, se quisermos avançar espiritualmente e usufruir de toda a promessa da Ciência Cristã.
Podemos cultivar, isto é, desenvolver, a capacidade de progredir com rapidez. Cristo Jesus mostrava às pessoas essa possibilidade. A vida de um homem, paralítico quase quarenta anos, foi radicalmente modificada quando Jesus o curou. Outro, cego de nascença, recuperou a vista. Pensemos nas mudanças ocorridas na vida desses homens. O que em geral faziam cada manhã ao despertar, o que esperavam e planejavam, daí em diante, foi diferente. Ou, pelo menos, teria de sê-lo.
A Sra. Eddy escreve em Ciência e Saúde: "A disposição de vir a ser como uma criancinha e de deixar o velho pelo novo, torna o pensamento receptivo à idéia avançada."
A cura espiritual, ou cristã, estabelecida na compreensão de que o homem é agora e sempre o verdadeiro descendente de Deus e é governado pela lei divina, que exclui da vida a doença, é uma idéia avançada. Tão avançada, que as pessoas se debatem longamente com ela, relutantes, muitas vezes, em aceitar as implicações radicais dessa idéia na vida humana.
Por exemplo, se entendermos, por pouco que seja, o isso significa, que o homem ao invés de físico, é um ente de todo espiritual, isso necessariamente tornará mais universal nosso amor e respeito pelas demais pessoas. Ainda que aplicando a Ciência Cristã à cura de algo muito pessoal e particular, como um osso fraturado, as implicações dessa cura são de que o Amor divino universal também transformará radicalmente as sociedades fragmentadas e racialmente divididas. Em nossas cidades, a distribuição urbana talvez precise mudar, tanto quanto um osso fraturado do corpo.
Isto é algo que uma criança poderá compreender ainda mais depressa do que um adulto, sobretudo se este se acostumou a ver com rigor os bairros e os negócios separados por raças.
Tomemos outro exemplo. Quando aceitamos o fato espiritual de que o homem é deveras a imagem e semelhança da Verdade e do Amor divinos, o que é básico na Ciência Cristã, confiamos e esperamos que a honestidade prevaleça em nossos afazeres, o que sem dúvida é animador no caso de estarmos sofrendo injustiça. Oramos com fervor para que se faça justiça, e, cônscios de que a lei divina está subjacente à vida impelindo reformas e curas, permanecemos totalmente confiantes enquanto trabalhamos para que em determinada situação a cura ocorra.
As implicações dessa verdade espiritual radical, a de que a vida humana, isto é, a nossa vida, é inteiramente governada pela lei divina, tem efeitos mais amplos do que corrigir apenas determinada injustiça em nossa vida particular. A oração para que nossa vida e nosso modo de pensar se coadunem com a realidade absoluta da onipotência da Verdade divina, terá efeitos que excederão em muito aquilo que deu origem à ação específica inicial. Esse modo espiritualizado de tratar da vida humana pela oração coopera para a revelação integral da criação de Deus (em todo e qualquer aspecto de nossa vida). Imagine o que isso pode significar!
Devido a esse desenvolvimento espiritual, nossa vida nunca mais será "igual" ao que era antes.
Cristo Jesus ofereceu ao mundo muitíssimo mais do que uma oficina de consertos, fazendo emendas aqui e ali para que tudo continuasse a ser quase como havia sido até esse momento. O que apresentou foi uma visão inteiramente diferente do próprio mundo, radical e de amplo alcance. O reino dos céus se abriu, graças a Jesus, e ele nos ensinou que todos devemos tornar-nos como uma criança.
Não foi apenas a inocência das crianças que Jesus salientou como desejável, pois expôs à vista, em larga escala, a inocência espiritual, fundamental, e a pureza de cada indivíduo que curou, jovem ou velho. Não, foi muito mais do que isso. Ele assinalou a capacidade de mudança que a criança tem, mostrando o quanto ela anseia por crescer e progredir. Isso nos leva ao reino de Deus.
Quiçá esteja aí a solução para alcançarmos progresso mais rápido na Ciência do Cristo. Do modo como o mundo está, não há tempo a perder.
