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Apelo à lei do Amor divino em negociações trabalhistas

Da edição de fevereiro de 1991 dO Arauto da Ciência Cristã


Nas mesas de negociações trabalhistas, há mais coisas em jogo do que contratos de trabalho, como o futuro de toda uma empresa ou de muitos empregados. Nesse ambiente, descobriu que a oração é indispensável. Ele lida com relações trabalhistas há cerca de treze anos. Atualmente, como vice-presidente de recursos humanos de uma companhia em Dallas, no Texas, ele e sua equipe supervisionam ou tratam de negociações de contrato de trabalho nas vinte e uma fábricas da companhia, nos Estados Unidos.

As pessoas geralmente consideram as negociações trabalhistas como um processo entre adversários. Como o Sr. encara esse processo?

Ao ler os jornais e livros sobre acordos coletivos, verifica-se que todo o processo de negociações coletivas nasceu do desejo de se encontrar um meio, não beligerante, das partes resolverem suas diferenças e chegarem a um acordo sobre questões cruciais.

Como Cientista Cristão, acho muito difícil tentar obter outra coisa que não um acordo. Quando se chega a um ponto de discordância, o desafio está em não tentar convencer, apoquentar ou ameaçar a outra parte com o que poderá acontecer se não houver acordo. Ao invés disso, o desafio é estar alerta, ser honesto e franco um com o outro, respeitar as preocupações dos outros. Quando se percebe que a discordância ocorre devido a uma necessidade sincera de se entender um ponto de modo mais claro, então trabalha-se nesse sentido.

Se, por outro lado, a discordância se basear na desconfiança cega, ou em ódio, ou belicosidade, então é importante trazer a questão à tona, encará-la de frente e reconhecer por que estamos em desacordo. Não é porque a solução proposta esteja errada. Não é por causa de nenhuma razão relevante. É porque não confiamos um no outro, ou não gostamos um do outro, ou qualquer coisa do gênero. Temos, então, de resolver esse problema.

Como o fato de o Sr. ser Cientista Cristão afeta sua abordagem de questões trabalhistas?

A Ciência Cristã
Christian Science (kris'tiann sai'ennss) é indispensável ao meu trabalho. O processo de negociação coletiva está definido e explicado na lei, de modo bastante acurado. Os tópicos que a companhia e o sindicato irão discutir são, em verdade, questões legais. Assim, a cada novo contrato já se sabe o que será discutido.

Mas há assuntos com forte carga emocional. É comum as pessoas levarem aos debates uma opinião muito definida do que deveria ou precisaria ser feito. E o processo normalmente envolve identificar preocupações e problemas, bem como discutir opções para a solução desses problemas. A gente tem que enfrentar conflitos de opiniões humanas e, às vezes, discordâncias ríspidas quanto a soluções adequadas.

Com freqüência, há uma segunda agenda, uma espécie de agenda emocional secreta, que as partes levam para a mesa. Querem ter a satisfação de serem ouvidas, de terem a vez de falar, de serem tratadas com honestidade e respeito, não ignoradas ou injuriadas.

Essa segunda agenda é, talvez, a mais importante ao andamento do processo. É aí que a Ciência Cristã me é de grande ajuda para manter um programa de ação moral, honesto, estável e respeitoso. A única maneira de se fazer isso de modo constante, é amando genuinamente as pessoas com as quais se está lidando. Apesar das aparentes discordâncias quanto aos tópicos, tenho visto, com o auxílio da Ciência Cristã, que ali mesmo, durante aquelas transações, o Amor divino mantém cada um de nós em perfeita relação com os demais e atende às necessidades humanas que nos são apresentadas. Essa oração e esse fato são, provavelmente, a arma mais poderosa de que disponho.

O Sr. tem algum exemplo em particular?

Em toda negociação há exemplos. No último inverno passei por uma tremenda negociação contratual. Durante duas semanas, havíamos debatido de modo intermitente e era evidente a ambas as partes que estávamos chegando a uma posição definitiva sobre certa questão muito importante. Havíamos discutido por dois dias e eu achava que devíamos chegar a uma conclusão e seguir em frente. Mas havia a preocupação de que isso poderia causar uma forte reação da outra parte. Eu só não queria que esse item se tornasse uma pedra de tropeço, pois ainda tínhamos muitas coisas importantes a negociar. Eram quase três horas da manhã, quando fizemos um intervalo de descanso. Meu grupo estava preparando uma contraproposta ao sindicato. A essa altura, os ânimos haviam esquentado e havia certo mal-estar de ambos os lados. Saí alguns momentos e tentei ver o que realmente estava se passando. Tentei desviar minha atenção das questões humanas e ver melhor o que era verdadeiro, do ponto de vista espiritual, naquelas negociações.

Perguntei-me: "O que é que Deus sabe do que está ocorrendo?" Atentei para o fato espiritual de que Deus é Tudo-em-tudo e que Deus é Amor. Cada pessoa é, em realidade, a perfeita expressão de Deus, o Amor, porque Deus a criou assim. Para mim, isso significa que a paciência, a vivacidade, o entendimento, a compaixão, são as óbvias e inevitáveis expressões do Amor divino em nossa experiência, agora mesmo. Deus não foi dormir à meia-noite e abandonou o grupo. Exatamente ali e naquele momento estávamos em Sua presença e o Princípio divino governava as transações. Essa oração livrou-me da preocupação opressiva com as questões humanas, mudou meu enfoque e, realmente, me reanimou.

Voltei a meu grupo, que agora mostrava-se vivaz. Ninguém se queixou mais de cansaço e conversamos de modo construtivo. Voltamos à sala de reuniões e apresentamos nossa proposta ao sindicato.

A proposta causou uma forte resposta emotiva do representante sindical. Mas em meio a tanta emoção percebi que ele estava apresentando algumas idéias novas que eram importantes para nós. E, embora elas fossem vociferadas sobre a mesa, eram exatamente o que queríamos ouvir. Com isso, encerramos os debates naquela noite e concordamos em continuar pela manhã. Havíamos vencido algo que se apresentara como um obstáculo.

Na manhã seguinte, quando nos reunimos, logo encerramos a questão de uma maneira que agradou a todos. Isso nos encorajou a todos e deu impulso às negociações. Passamos a outros pontos igualmente delicados com a certeza de que podíamos trabalhar juntos, com confiança recíproca de que iríamos resolver aquelas questões.

Não tenho dúvida de que isso indica que a lei do Amor está no controle de toda situação. Quando apelamos a essa lei, mesmo no meio da noite, numa situação das mais tensas, verificamos que traz resultados.

Tenho a impressão de que o Sr. não gosta de pensar que haja "maus elementos" numa negociação.

Exatamente. Qual o propósito de se tirar conclusões negativas a respeito de pessoas com as quais estamos lidando? Isso não se enquadra com meu modo de ver meus semelhantes — modo de ver que a Ciência Cristã me deu. Em muitas situações, é fácil concluir que as pessoas com quem lidamos são desagradáveis. Há pessoas que parecem orgulhar-se de serem antipáticas. E há aquelas que fazem coisas que são ou mal-entendidas ou ofensivas e antagonistas. Nesses casos a tentação é pensar que não há base para entendimentos, nem esperança de que as diferenças sejam dirimidas.

Ora, do ponto de vista metafísico e espiritual isso não é verídico. Só parece verídico no nosso pensamento. A coisa mais apropriada e essencial a fazer numa situação dessas é revisar o que sabemos ser verdadeiro a respeito do homem e de Deus e então perceber que o que é verdadeiro a respeito de Deus e do homem num sentido universal, tem de ser verdadeiro a respeito do homem num sentido individual. Então se percebe que exatamente ali onde parece haver traços de caráter indesejáveis, só o filho perfeito de Deus está presente.

Tive oportunidade de estabelecer relações com indivíduos que, na empresa, eram tidos por antipáticos. Desenvolveram-se amizades sólidas, que atribuo à ação de nosso Pai-Mãe Deus.

Fale mais um pouco sobre esse ponto.

Como filhos de Deus, estamos relacionados, de modo apropriado e perfeito, com Deus e essa é a principal e primordial relação que temos. Deus, por sua vez, sendo Amor, mantém toda Sua criação em perfeita relação. Isso nos dá base para confiança, honestidade, respeito e solicitude.

O Sr. já esteve numa situação em que o sentimento de confiança parecia desmoronar?

Sim, lembro-me de uma situação assim. Eu estava certo de que a outra parte estava sendo honesta. Estávamos envolvidos numa negociação, e qualquer que fosse o acordo obtido nessa fábrica, influenciaria o que estava ocorrendo em outra. Fui levado a crer que poderíamos resolver nossos problemas sem consultar ou envolver outras pessoas. Encaminhei a discussão num certo sentido, achando que estávamos progredindo bem. Então, cerca de dois ou três dias antes da conclusão dessas negociações, fui surpreendido com o fato de que havia questões nessa segunda fábrica que precisavam ser resolvidas, antes de chegarmos a um acordo. Isso significava que agora eu teria de apresentar e levar em consideração uma série de propostas muito custosas, com as quais não tinha contado. Em meu entender, a pessoa com quem eu estava tratando havia me enganado.

Tínhamos de mudar, de última hora, o rumo dos entendimentos. O pessoal da comissão sindical provavelmente sabia do desfecho esperado, do que eu precisava fazer e do que as pessoas na outra fábrica esperavam que eu fizesse. De início me senti totalmente desamparado. Achei que havíamos perdido toda base para um acordo.

Decidi pedir ajuda pela oração a um praticista da Ciência Cristã. Enquanto falava com ele, percebi nitidamente que o engano não tem poder e não pode ter efeito nas negociações que, com efeito, são espiritualmente governadas por Deus, o Amor. O progresso que fizéramos e as mudanças de rumo necessárias, quaisquer que fossem, resultavam do fato de sermos guiados e controlados pelo Amor, por Deus. Há uma só Mente infinita e essa Mente única estava nos guiando de modo inteligente e acertado. Não precisávamos temer ser afetados ou desviados por qualquer engano ou desonestidade.

Chamei o representante sindical e pedi-lhe mais um dia, antes de nos reunirmos outra vez. Naquele dia, viajei a duas localidades distantes do local das negociações e conversei com aquelas pessoas sobre os itens de seu interesse, dos quais eu acabava de tomar conhecimento. Elaboramos soluções favoráveis aos seus problemas. No fim do dia, pude voltar a trabalhar com o representante sindical.

O que aconteceu foi que voltamos às negociações e conseguimos resolver alguns problemas importantes. Discutimos também pontos concernentes à segunda fábrica. O engano, as reações, o ressentimento, o ódio — todas essas coisas que poderiam vir à tona e interromper as conversações — não perturbaram as negociações.

Quando telefonei ao praticista, não sabia especificamente o que precisava fazer para pôr as coisas nos eixos. Eu não tinha nenhum plano, nenhum manual do negociador ao qual recorrer para chegar à solução rápida de uma situação muito complexa, confusa e tensa. Depois de pôr o fone no gancho, pensei um pouco sobre isso, metafisicamente, à luz da Ciência Cristã. Então me vieram todas aquelas idéias de protelar as negociações, tomar um avião, viajar para cá, viajar para lá, falar com aquelas pessoas, elaborar com elas algumas soluções, depois voltar às negociações. Quando se passa por uma experiência como essa, vê-se que maravilhosa e poderosa ajuda, ou força, a oração é em assuntos como esse.

Já presenciei casos em que a gente vai para a mesa e encontra pessoas cujas expectativas parecem muito desarrazoadas. É até difícil imaginar que haverá um jeito de se chegar a uma posição mutuamente aceitável. No entanto, quando se vê que, em verdade, é Deus, a Alma, quem forma nossas expectativas, então se começa a entender que não há por que temer diferenças aparentemente incompatíveis. Confia-se que todos serão levados ao ponto de ver e apreciar a coisa correta a fazer e serão movidos a seguir nessa direção.

De vez em quando, as coisas encrespam, mas, na minha opinião, quando a gente compreende que Deus está no controle e quando se vai às negociações aceitando que há uma Mente só e que cada indivíduo ali é receptivo a essa Mente, não nos assustamos com atitudes emotivas, pois já não intimidam. Não interferem com o fluir das idéias.

Às vezes, durante os vôos, quando começo a conversar com a pessoa ao lado e menciono o que faço, quase sempre há uma reação imediata: "Oh, eu nunca poderia fazer isso! É muito difícil, complicado e desagradável!" Para mim, nunca foi assim. Foi sempre um ambiente incrível, no qual provar o que Cristo Jesus ensinou da relação entre Deus e o homem e do relacionamento com nosso próximo. É um bom lugar para se estar.

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