A atitude em relação ao uso do castigo corpóreo, para disciplinar crianças, mudou consideravelmente com o tempo. Quando eu cursava a oitava série, por exemplo, um garoto de minha classe foi chamado, certo dia, para a sala do diretor. Ali, pendurado à parede, havia o que era chamado de "cobra-preta", um chicote com um cabo grande e uma longa correia de couro trançada. O diretor pegou o chicote, sacudiu-o algumas vezes e disse: "Soube que você não está tirando boas notas. Bem, você sabe o que o espera se não melhorar!"
O menino saiu da sala aterrorizado. Estava atrasado no estudo porque estivera doente a maior parte do ano anterior. Como não entendia a matéria e era muito tímido para perguntar ao professor, havia uma grande distância entre o que deveria e o que conseguiria fazer. Por isso, fez uso da única saída que lhe parecia restar: começou a copiar as respostas de outros alunos. Após algumas semanas, suas notas melhoraram.
De novo foi chamado para a sala do diretor que, desta vez, lhe disse: "Está vendo o que você consegue fazer quando se esforça? Agora não precisa mais temer este chicote." Infelizmente o equívoco do diretor deixou o garoto com a impressão completamente errada de que o logro pode diminuir a distância entre "eu deveria" e "eu consigo".
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