“O conhecimento dos textos originais e a disposição de abandonar as crenças humanas (estabelecidas por hierarquias e instigadas às vezes pelas piores paixões dos homens), abrem o caminho para que a Ciência Cristã seja compreendida, e fazem da Bíblia o mapa náutico da vida, no qual estão assinaladas as bóias e as correntes curativas da Verdade.” (Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 24.)
No espírito dessas palavras de Mary Baker Eddy, oferecemos as seguintes anotações relativas às Lições Bíblicas deste mês, publicadas no Livrete Trimestral da Christian Science para o período de julho a setembro.
1° de agosto
AMOR
Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei. (1 Cor. 13:2)
O amor jamais acaba; mas, havendo profecias, desaparecerão; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, passará. (1 Cor. 13:8)
A palavra aqui traduzida como “ciência”, significa mais propriamente “conhecimento intelectual”.
Ouvistes que foi dito: Olho por olho, dente por dente. (Mateus 5:38)
Essa lei de Moisés está realmente em Êxodo 21:24. Parece incrível que essa lei esteja na Bíblia, mas o comentarista nota que, na época em que foi dada por Moisés, ou por outro depois dele, ela representou um grande avanço moral, pois estabelecia um limite para a vingança: ela só poderia ser proporcional ao dano e não de acordo com o ódio ou o poder da pessoa ofendida. Na época mais próxima a Jesus, havia controvérsia quanto à aplicação prática dessa lei. Os saduceus a tomavam ao pé da letra, enquanto outros achavam que a compensação poderia ser em dinheiro. De qualquer forma, Jesus ordena mais um avanço moral, para além de qualquer vingança.
8 de agosto
ESPÍRITO
.. . onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade. (2 Cor. 3:17)
Diz um comentarista sobre este versículo: “Onde há o espírito de iluminação, aí há liberdade da antiga cegueira e escuridão; onde há o espírito de regeneração e santificação, aí há liberdade do cativeiro do pecado; onde há o espírito de consolação, aí há liberdade do medo. . ., da ira, da condenação; onde há o espírito de adoção, aí há a liberdade de que gozam os filhos que têm um pai; onde há o espírito de oração, aí há liberdade de acesso a Deus.. .”
Sabes quando me assento e quando me levanto; de longe penetras os meus pensamentos. (Salmos 139:2)
A palavra “pensamento” é a tradução de um substantivo hebraico que significa “propósito”, “meta”. De acordo com os comentaristas, esse “de longe” quer significar “com antecedência”, “antes mesmo que minha meta seja clara para mim, Tu a conheces”.
15 de agosto
ALMA
Também através dos teus juízos, Senhor, te esperamos; no teu nome e na tua memória está o desejo da nossa alma. (Isaías 26:8)
A palavra “alma” é usada muitas vezes no Antigo Testamento para referir-se ao íntimo de cada um. Onde diz: “o desejo de nossa alma”, hoje nós diríamos “o desejo do fundo de nosso coração”. A Bíblia na Linguagem de Hoje traz esse versículo assim: “Ó Eterno, nós seguimos o caminho das tuas leis e em ti pomos a nossa esperança; o nosso maior desejo é conhecer-te e pensar em ti.”
Depois destas coisas, ouvi no céu uma como grande voz de numerosa multidão, dizendo: Aleluia! A salvação, e a glória, e o poder são do nosso Deus. (Apoc. 19:1)
Nota o comentarista que, no original, a palavra traduzida como “multidão” designava um ajuntamento de pessoas comuns, não anjos, nem seres celestiais ou almas, mas realmente pessoas da terra. Isso reforça a compreensão de que essa realidade celestial é acessível a todos nós.
22 de agosto
MENTE
Os meus pés seguiram as suas pisadas; guardei o seu caminho e não me desviei dele. (Jó 23:11)
A Bíblia na Linguagem de Hoje dá a seguinte versão para esse versículo: “Eu sigo o caminho que ele me mostra e nunca me desvio para lado nenhum.”
Pelo seu conhecimento os abismos se rompem, e as nuvens destilam orvalho. (Prov. 3:20)
Muitas vezes, na Bíblia, as palavras “abismo” e “profundeza” são usadas em sentido positivo, como lugar de onde vêm bênçãos divinas. Ver, por exemplo, Gênesis 49:25; Deuter. 33:13 e Ezeq. 47:1. “Romper-se o abismo”, na linguagem bíblica, significa “abrir-se a porta das bênçãos”.
29 de agosto
CRISTO JESUS
Mas José, seu esposo, sendo justo e não a querendo infamar, resolveu deixá-la secretamente. (Mateus 1:19)
No conceito dos tempos bíblicos, ser “justo” significava ser obediente às leis rabínicas. No caso em que José se encontrava, a lei hebraica previa duas possibilidades. Ele poderia levar Maria ao tribunal e acusá-la de adultério, sujeitando-a assim a pesado castigo. A lei expressa em Deuter. 22:20–24, previa para esses casos o apedrejamento até à morte (embora, nos tempos de Jesus, esse castigo fosse coibido pelos dominadores romanos). Outra possibilidade, prevista em Deuter. 24:1, era o divórcio sem alarde, e era por essa alternativa que José estava optando, quando a situação foi esclarecida pelo anjo. José e Maria não estavam realmente casados, ainda. Eles só estavam comprometidos um com o outro, mas esse compromisso tinha força legal e só poderia ser rompido pelo divórcio.
Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna. (Hebreus 4:16)
“Trono da graça” simboliza a presença soberana de Deus, de onde emana toda graça. Uma tradução inglesa moderna diz: “trono do amor”.
Bibliografia
Dicionários do Strong’s Exhaustive Concordance of the Bible.
The One Volume Bible Commentary de J. R. Dummelow.
A Bíblia na Linguagem de Hoje, Sociedade Bíblica do Brasil.
The Interpreter’s Bible.
John Gill Expositor.
The Twentieth Century New Testament.