As flores na mesa estavam lindas. A sala de jantar dessa bela residência tinha vista para os jardins da propriedade. Durante o jantar, o anfitrião nos falou dos seus anos de adolescência, passados na extrema pobreza. Devido à injusta perseguição política, sua família tinha perdido tudo o que possuía. Sem outros meios, ele e a mãe tiveram de ir morar num barraco. Os móveis eram caixotes e os utensílios estavam reduzidos ao mínimo absoluto. As refeições consistiam de apenas um prato (às vezes somente arroz, às vezes feijão).
Todavia, nesses anos todos, sempre havia, enfeitando a mesa, um modesto arranjo de flores silvestres colhidas na beira da estrada, e muitas vezes havia visitas às refeições. Nosso amigo e sua família nunca perderam a dignidade nem a generosidade. "Éramos bem pobres", disse ele, "mas nunca me senti miserável nem diminuído. Minha mãe sabia que o seu sustento e os seus recursos não se restringiam às propriedades ou aos fundos disponíveis no banco. Ela sabia no íntimo que tudo aquilo de que necessitávamos era proveniente de um senso espiritual de abundância. E isso não nos podia ser tirado."
Todo ser humano aqui na terra tem acesso a esse sustento, pois faz parte do dote espiritual que cada um de nós sempre teve, desde o Princípio de toda a criação, e que nos foi conferido por esse Princípio, que é o próprio Deus. É um tesouro que todos podem usufruir.
Nossos verdadeiros recursos são de origem espiritual, uma herança divina e inesgotável, já nossa de antemão, desde toda a eternidade. Assim, quando oramos, partimos do ponto de vista de que já temos todo o bem, em vez de orar para receber algo que não temos ou que Deus ainda não tenha concedido.
Será que a oração nos ajuda a superar a carência ou a perda? Claro que sim! Especialmente quando ela inclui oferecer aquilo que sabemos, dar do que temos, prestar serviços a Deus e ao próximo. Nossas habilidades podem ser empregadas numa infinidade de empregos e carreiras. Se trabalharmos com o desejo de dar, em vez de apenas receber, a atividade honesta enriquece e satisfaz. Deus, a única Mente que existe, capacita cada um de nós para pensar e agir com inteligência espiritual, refletindo a natureza infinita do bem.
Os ensinamentos de Cristo Jesus demonstram que é possível aprender qual é a riqueza verdadeira e recuperar o que parecia perdido. Ele nos conta a parábola de um jovem que pede ao pai a porção que lhe cabe da herança. Isso mostra um pensamento limitado, porque ele quer receber a sua parte e isso antes mesmo que lhe seja devida. Ele parte e gasta tudo. Passando fome e necessidade, ele se arrepende e volta para o pai. Este lhe faz ver que tudo aquilo que em realidade lhe pertence, está intacto. O seu lugar como filho amado é restabelecido e ele pode ver a proteção e o perdão de Deus. A porção que ele pedira e desperdiçara não era a verdadeira fonte do seu sustento, e o desejo egoísta de recebê-la não o havia conservado rico. A parábola nos mostra que a verdadeira herança de cada um de nós é espiritual e não pode ser exaurida.
A ganância e a obstinação não procedem de Deus nem têm autoridade divina: por isso não têm poder algum. Talvez pareçam fazer parte do nosso próprio pensamento ou do de outra pessoa. Como, no entanto, não são provenientes de Deus, não podem destruir a abundância espiritual do bem que Ele tem para cada um de nós. A mãe do meu amigo fora despojada injustamente de tudo o que possuía, mas utilizou seus recursos espirituais infinitos. Ela continuou dando sem hesitar e encontrou um meio de sair da pobreza.
"Dar não nos empobrece no serviço de nosso Criador, e reter tampouco nos enriquece", escreve Mary Baker Eddy em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras (p. 79). Ela provou isso continuamente em sua própria vida. Sua generosidade não diminuiu durante os anos difíceis, quando era viúva e não tinha onde morar. Mais tarde, quando descobriu a Christian Science, ela deu à humanidade, de maneira altruísta, os seus ensinamentos. Hoje em dia, assim como há cem ou há dois mil anos, dar, sem medo de perder, constitui um caminho seguro para alcançar o bem-estar e a verdadeira estabilidade econômica.
