Caiam mil ao teu lado, e dez mil, à tua direita; tu não serás atingido. Pois disseste: O SENHOR é o meu refúgio. Fizeste do Altíssimo a tua morada.
A Bíblia é, em essência, o relato da história de um povo que, contrariamente à tendência geral da época, adorava um único Deus. E esse Deus não era representado por estátuas nem imagens, algo também surpreendente para aqueles tempos. A história bíblica traz à tona os altos e baixos da fidelidade desse povo, suas vitórias e derrotas, conforme obedecia ou não às leis do Deus vivo. Conquanto sejam interessantes do ponto de vista histórico, esses relatos continuam sendo importantíssimos também para os dias de hoje, pelas lições morais e espirituais e pelas verdades eternas que eles contêm; pelos profundos ensinamentos dos líderes e profetas desse povo, dos quais Cristo Jesus foi o expoente máximo.
Seguindo a trajetória do povo de Israel, bem como os ensinamentos progressivos dos profetas e do Mestre Cristo Jesus, podemos desvendar dois fatos fundamentais para a nossa vida prática: quem é Deus e qual a relação que nós temos com Ele, como Seus filhos. Ainda que nem sempre estejamos conscientes disso, compreender esses dois pontos é uma das necessidades primordiais do ser humano.
No Antigo Testamento, encontra-se um livro de cantos de louvor e súplica, orações que são um verdadeiro tesouro, os Salmos. Uma das jóias dos Salmos, é o de número 91, que começa assim: "O que habita no esconderijo do Altíssimo e descansa à sombra do Onipotente diz ao Senhor: Meu refúgio e meu baluarte, Deus meu, em quem confio" (vv.1,2). Numa região conturbada como a terra de Israel, o autor devia saber muito bem o que significava um esconderijo seguro e um lugar à sombra do sol inclemente das áreas quase desérticas. Esse salmo é muito conhecido no mundo cristão, pela mensagem clara de que Deus, o Pai de todos, protege Seus filhos em todas as circunstâncias.
O conteúdo dessa mensagem me trouxe cura num momento de necessidade. Isso ocorreu há alguns anos. Acordei no meio da noite com fortes pulsações no coração. Como não conseguia me acalmar, levantei-me e fui à minha escrivaninha, a fim de encontrar na Bíblia uma mensagem inspirativa. Escolhi o Salmo 91.
Li e reli esse salmo diversas vezes, pensando sobre cada versículo. As promessas divinas contidas nos seguintes versículos aplacaram o temor e a angústia que eu sentia: "Porque a mim se apegou com amor, eu o livrarei; pô-lo-ei salvo, porque conhece o meu nome. Ele me invocará, e eu lhe responderei; na sua angústia eu estarei com ele, livrá-lo-ei e o glorificarei. Saciá-lo-ei com longevidade e lhe mostrarei a minha salvação" (vv.14–16). Readquiri a tranqüilidade. Parecia-me haver encontrado uma prancha de surfe em meio ao oceano agitado. Havia-me agarrado a ela e estava a salvo. Dormi bem o restante da noite.
Na madrugada seguinte, retornou o problema, com os mesmos sintomas. Voltei ao Salmo 91 para estudá-lo mais a fundo. Desta vez, coloquei os verbos no presente e a ação, como se fosse comigo. Eu estava vendo que o texto falava de Deus e de mim, não de uma pessoa qualquer, na antigüidade. Só isso já deu um novo significado a todo o trecho. Em vez de promessas, descobri afirmações, num diálogo íntimo com Deus. Por exemplo, os versículos acima me fizeram pensar: "Porque a Ti eu me apego com amor, Tu me livras; Tu me pões a salvo porque eu conheço o Teu nome. Eu Te invoco e Tu me respondes; na minha angústia Tu estás comigo, Tu me livras e me glorificas. Tu me sacias com longevidade e me mostras a Tua salvação." Uma palavra sobressaiu, nesse diálogo: "amor'. Percebi que meu apego a Deus deve ser com amor, com confiança, sem nenhum medo nem incerteza. Entendi que apegar-se a Deus com amor, significa reconhecer Sua verdadeira natureza como Espírito onipotente, como Amor sempre presente, como Vida eterna, como Verdade suprema. Essa nova compreensão fez com que eu me sentisse bem mais seguro, como se já estivesse em cima da prancha de surfe e não apenas agarrado a ela.
Na terceira noite sucessiva em que acordei com a mesma sensação, retomei o estudo do Salmo 91, partindo do que já havia compreendido na noite anterior. Dessa vez, ficou claro para mim que a atuação de Deus vem antes mesmo de aparecerem os problemas e Sua proteção consiste em nos isentar do mal. Essa atuação é onipotente, tem todo o poder, por isso não resta poder algum para os problemas. Tal fato espiritual torna nula e irreal toda e qualquer desarmonia. A infinita realidade de Deus, o bem, não atua para meramente nos libertar dos problemas, mas sim nos isenta do mal, que é impotente e irreal diante da Verdade divina. Essa percepção, naquela noite, trouxe a cura definitiva. Não houve mais interrupções durante o sono nem anomalias no ritmo do coração. Eu não estava apenas em cima da prancha, mas estava de pé, surfando sobre as ondas.
Em seu livro, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, a Sra. Eddy afirma: "A oração mais elevada não é uma oração de simples fé; é demonstração. Tal oração cura a doença, e tem de destruir o pecado e a morte. Distingue entre a Verdade, que é impecável, e a falsidade sentido pecaminoso" (p.16). O estudo inspirado da Bíblia, à luz dos ensinamentos da Christian Science, torna-nos possível fazer essa distinção entre a Verdade e a falsidade do sentido material. Esse estudo é realmente proveitoso e traz cura.
