Certa mulher pediu ao neto que verificasse como estavam as finanças dela.
Ele examinou cuidadosamente os papéis e ficou muito contente em poder dizer-lhe: "'Vó, sua situação financeira está ótima. Você tem amplos recursos para se sustentar até os 115 anos." Ela refletiu por um momento e perguntou: "Mas o que farei depois?"
Por que essa história nos faz sorrir? Será porque a expectativa de vida da mulher parecia não ter limites? Um sentido espiritual de nossa identidade como filhos úteis e amados de Deus, inseparáveis dEle, ajuda-nos a nos manter ativos e na expectativa do bem. O autor da primeira Epístola de João nos fala do grande amor de Deus por nós, demonstrado pelo fato de sermos chamados "filhos de Deus". De fato, é isso que nós somos, neste exato momento (ver 1 João 3:1, 2). Outro livro da Bíblia traz esta afirmação de Paulo: "O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo" (Romanos 8:16, 17).
O que pensamos a respeito de nós mesmos determina o quanto nos valorizamos e afeta nossas decisões. Está vinculado diretamente ao nosso progresso, à nossa felicidade e à nossa vitalidade contínua. Na alegoria que se inicia no segundo capítulo do Gênesis, na qual "o Senhor Deus" forma o homem "do pó da terra," Adão e Eva aparentemente nunca se identificaram com o amor ilimitado de Deus. Ao contrário, portaram-se como se fossem seres independentes dEle. A árvore da vida estava bem ali, no jardim do Éden. No entanto, ao aceitarem os argumentos da serpente, ou seja, do mal, cederam à sugestão falsa de que a sabedoria e a felicidade poderiam ser obtidas através de um conhecimento tanto do mal como do bem. Em vez de encontrarem a felicidade, perderam-na.
Uma árvore velha não produz folhas velhas; produz folhas novas!
Quando percebemos que somos filhos de Deus e "co-herdeiros com Cristo", começamos a pensar e a agir a partir de um ponto de vista mais puro e mais livre. Temos maior facilidade em superar as limitações, inclusive aquelas associadas à idade.
Uma árvore velha não produz folhas velhas; produz folhas novas. Isso também é válido para nós, de certa maneira. Mas o que é que o mundo geralmente associa à idade avançada? Fragilidade, menos capacidades e esperanças que se desvanecem. Os adultos, de qualquer idade, e mesmo as crianças, podem ajudar a neutralizar esses falsos conceitos, ao optarem conscientemente por pensamentos, palavras e atos que manifestem renovação e vitalidade, que expressem honestidade, flexibilidade, justiça, expectativa do bem e alegria, qualidades essas derivadas da Vida eterna. Será que podemos interromper a aparente produção de folhas velhas (o envelhecimento)? Sem dúvida!
A cura começa no pensamento. Em vez de participar na divulgação de boatos, de conversas sensacionalistas ou de debates sobre a forma física, cada um de nós tem o direito e a capacidade, dados por Deus, de optar por contribuir somente com idéias sanadoras em tudo o que concerne ao lar e à comunidade. O pensamento espiritualmente ativo eleva toda circunstância, relacionamento e evento a um nível mais alto.
Quando estamos empenhados em servir a Deus, o bem, não estamos à mercê da opinião do mundo ou da decisão dos outros. Aqueles que dedicam todos os seus momentos e dias, sim, toda a sua vida, a servir ao Amor divino, comprovam que só Deus governa Seus filhos. Se expressarmos habitualmente as qualidades semelhantes às das crianças, tão apreciadas por Cristo Jesus, cederemos com mais facilidade ao governo de Deus. Não se trata de ingenuidade. É o pensamento que avança espiritualmente, receptivo à orientação divina, e esse avanço espiritual se expressa em cura.
Felizmente, o cérebro material não é a sede da inteligência ou da agilidade mental. Deus, a única Mente, é a fonte dessas qualidades. Como a Mente divina, o Espírito, não é material, não pode desgastar-se nem estar sujeita a algum desequilíbrio químico. A Mente que tudo sabe e está sempre em ação, não sofre declínio, não esquece, não regride nem se degenera. Tampouco pode o homem, a expressão da Mente, esquecer, regredir ou perder seu propósito. A Mente divina é a única consciência e, ao refletir essa Mente, o homem sabe tudo o que precisa saber, a todo momento.
A idade avançada deveria continuar a revelar sabedoria, beleza e propósito. A deterioração e a incapacidade fazem parte da ilusão do esquema mortal de uma mente limitada, num corpo frágil. Em Ciência e Saúde, a Sra. Eddy escreve: "Se não fosse o erro de medir e limitar tudo o que é bom e belo, o homem viveria mais de setenta anos, conservando ainda o vigor, a louçania e a promessa. O homem, governado pela Mente imortal, é sempre belo e sublime. Cada ano que passa, desenvolve sabedoria, beleza e santidade" (p. 246).
Algumas páginas mais adiante, lemos: "Homens e mulheres de idade mais madura e de maior experiência deveriam, pelo amadurecimento, adquirir saúde e imortalidade, em vez de resvalar para as trevas ou para a tristeza" (p. 248). Como podemos amadurecer para a saúde e a imortalidade? Um dos meios é deixar de contar os anos, como se eles determinassem nossas capacidades. Nossa identidade expressa o ser sem idade, que inclui sabedoria, força, inspiração e energia, as quais se desdobram continuamente.
Como é que vemos a nós mesmos? Como pessoas crédulas e insensatas? Talvez como vítimas indefesas das circunstâncias? Ou vemos a nós mesmos como Cristo Jesus via o homem, como a imagem de Deus, do Espírito? Nunca é tarde demais para reconhecer que somos filhos de Deus. A maneira como Jesus via as pessoas, curava-as.
É possível disciplinar o pensamento para que obedeça a Deus, à Verdade, para anular o que não tem origem em Deus, para discernir a falsidade e reconhecer os fatos espirituais da existência. Isso não significa ignorar os problemas e as crises do mundo. Significa ajudar a resolvê-los através da compreensão de Deus e da verdadeira natureza de Sua criação. Significa ser um sanador, reivindicando tão somente a presença, o poder e a realidade do bem, afirmando o controle harmonioso e inteligente da Mente sobre a vida e o universo, não importa qual o problema. Significa cerrar fileiras firmemente com o Espírito e a Verdade, quando a matéria e a discórdia clamam por atenção. Não existe restrição de idade no que tange à oração e à solução de problemas. Não há fórmulas. Ninguém é jovem ou idoso demais.
Nossa dedicação a Deus e a Seus filhos não é afetada pelas condições que nos cercam, desde que permitamos que o Cristo, a manifestação do poder e do amor de Deus, nos alimente, nos renove e nos refrigere. O Cristo nos concede o poder de rejeitar pensamentos e relacionamentos destrutivos e de optar por aqueles que nos elevam e servem de apoio às atividades e conversas que expressam a Deus.
Acaso reconhecemos que somos distintos e insubstituíveis, essenciais ao cumprimento do propósito de Deus, dos desígnios do Amor? Estamos progredindo no cumprimento de Seu propósito sagrado? Todos nós podemos orar para perceber mais claramente nosso lugar especial no plano do Amor divino, para ver que somos inseparáveis de Sua sabedoria, da vivacidade da própria Vida. O cansaço e o desânimo advêm da suposição de que nós mesmos somos a fonte da habilidade e da inteligência que expressamos. Em verdade, nós naturalmente refletimos a bondade. Assim como a lua não se cansa de refletir a luz do sol, nem se aposenta, assim também o reflexo de Deus não se cansa nem deixa de refletir discernimento, energia, generosidade, utilidade.
Como a imagem de Deus expressa o Espírito que não tem idade, nós possuímos a capacidade e o poder ilimitado de fazer o bem. Como a Sua imagem e semelhança expressa a Mente eterna, com naturalidade percebemos o que é que precisa ser curado e o que é que precisamos fazer. Podemos optar por progredir, contribuindo com nossas qualidades sanadoras, isentas de idade, e com nossas orações, exatamente onde estamos, agora mesmo. O pensamento que opta por progredir em vez de envelhecer, encontra a satisfação e a realização verdadeiras.
