O que fazer se nossos sérios esforços para encontrar a cura pela oração, parecem não alcançar os resultados esperados ou se nossas curas tendem a demorar muito? Na minha experiência com a aplicação dos ensinamentos da Christian Science, descobri que uma das razões para isso pode ser o fato de que a realidade espiritual de Deus perfeito e de nossa própria perfeição como Seus filhos — que constitui a base da cura — ainda não nos parece muito real.
Mas isso pode mudar. Podemos progredir para ver e sentir mais intensamente a naturalidade, a realidade, da perfeição espiritual.
Por que precisamos de crescimento, se a perfeição já é real e natural? Porque o sentido físico apresenta-nos constantemente o oposto da criação real, ou seja, uma visão materialista que parece muito sólida e real à consciência material. Falando sobre a diferença entre Cristo Jesus e os materialistas que se lhe opunham, Mary Baker Eddy diz em Ciência e Saúde: "Seus sentidos embebiam-se da evidência espiritual de saúde, de santidade e de vida; os sentidos deles davam testemunho oposto e absorviam a evidência material de pecado, de doença e de morte" (p.52). É fácil absorver mentalmente o que vemos através do sentido material; é o que a maioria de nós faz, dia após dia. Embeber-se "da evidência espiritual de saúde, de santidade e de vida", entretanto, requer uma mudança na nossa maneira de pensar, um esforço consagrado e mais constante de olhar com mais freqüência para além da matéria, até às verdades do Espírito.
Fiz um esforço para mudar minha maneira de pensar e ver só a perfeição de Deus!
Essas verdades incluem o fato de que a realidade começa com Deus, que é o Espírito e o Amor infinito. Portanto, a realidade é sempre espiritual e harmoniosa, boa sob todos os aspectos. Na Ciência real, na verdade eterna do ser, a vida e o universo expressam o Espírito, não a matéria. Nossa individualidade real como expressão de Deus, é inteiramente boa; ela não pode estar doente ou enferma, porque não se encontra doença no Espírito. Nem podem os filhos de Deus ser maus ou refratários ao amor, porque isso não é possível para a semelhança do Amor divino.
Eu cresci numa família que confiava no tratamento pela Christian Science para a cura, tratamento que é baseado nessa visão espiritual da realidade. As curas eram normais na nossa família. Lembro-me, porém, do meu primeiro ano na faculdade, em que inúmeros problemas não eram realmente curados, a despeito das minhas orações.
No verão seguinte, fiz um estudo estudo específico da Bíblia e dos escritos da Sra. Eddy, e descobri, com esse estudo, a necessidade de ser mais cuidadoso com aquilo que mantinha no pensamento. Compreendi que não poderia passar 99,9% do meu tempo aceitando as discórdias materiais como algo real, e depois esperar compreender a irrealidade da discórdia e a naturalidade da harmonia espiritual, quando queria ser curado.
Portanto, fiz um esforço concentrado para mudar minha maneira habitual de pensar. Sempre que via, ouvia ou vivia qualquer espécie de discórdia, tirava uns momentos para corrigir mentalmente aquela evidência material, afirmando, em espírito de oração e de maneira específica, a perfeição de Deus e de Sua criação. Fazia isso com regularidade, o tempo todo, a cada dia. No início, pareceu difícil mas, quanto mais o fazia, mais fácil se tornava.
Depois disso, despertei uma noite com dores. Imediatamente comecei a orar, reconhecendo que minha individualidade real é espiritual e não inclui nenhuma dor, nem nada que possa causar dor; reconheci que apenas o bem é real. Após orar por alguns minutos apenas, a dor desapareceu e não voltou. Depois de meses de outras tentativas de cura mal sucedidas, essa rápida restauração à normalidade me pareceu assombrosa!
Não tenho sido tão fiel como fui naquele verão, mas a lição ficou. Aprendi que discernimos a realidade espiritual na medida em que aceitamos essa realidade. Quanto mais disciplinarmos o pensamento para reconhecer o que é verdadeiramente real, mais a harmonia da nossa individualidade dada por Deus se torna tangível para nós, e essa compreensão crescente resulta em cura mais eficaz.
A Sra. Eddy escreve: "Era a completa naturalidade da Verdade, na mente de Jesus, que fazia com que ele curasse fácil e instantaneamente. Jesus considerava o bem como o estado normal do homem e achava que o mal era o estado anormal; que a santidade, a vida e a saúde eram melhores representantes de Deus do que o pecado, a doença e a morte" (Miscellaneous Writings, p. 200).
Imagine a alegria e o domínio prático que adquirimos, quando começamos a sentir intensamente, como Jesus, a bondade e a perfeição do homem, inclusive de nosso próprio ser real. Jesus resumiu para nós a maneira de se alcançar essa compreensão, quando disse: "São os teus olhos a lâmpada do teu corpo; se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso; mas, se forem maus, o teu corpo ficará em trevas" (Lucas 11:34).
Quando nos tornamos mais amorosos, somos mais capazes de discernir a bondade espiritual de cada um.
Como as palavras de nosso Mestre indicam, existe uma correlação direta entre o nosso pensamento e nosso bem-estar físico. Os "olhos bons" são a consciência que está cheia da percepção espiritual de Deus e de Sua criação perfeita. Se nosso pensamento estiver se espiritualizando, tanto o nosso corpo como a nossa experiência estarão cada vez mais cheios de luz. Perceberemos que o bem é normal, natural, e esse estado elevado de pensamento se manifesta objetivamente em harmonia. Se, por outro lado, absorvemos mentalmente e reagimos a cada evidência de imperfeição, isso demonstra que o nosso pensamento está ainda muito atolado em crenças materiais. Se essa é a nossa maneira habitual de pensar (e quem já não teve a tendência de pensar dessa maneira?) provavelmente a luz espiritual que recebemos é, na melhor das hipóteses, intermitente. Ao invés de se tornar mais natural para nós, a verdade espiritual pode parecer remota e irreal, ou uma filosofia bonita, mas pouco prática.
Para que a Verdade infinita se torne mais natural para nós, é essencial disciplinar espiritualmente o pensamento. Contudo, esse não deve ser considerado um exercício superficial e frio da mente humana, se não, estaremos sujeitos a ficar aquém da percepção espiritual genuína. Antes, implica uma aceitação humilde da realidade espiritual, e um esforço diligente e jubiloso de expressar a natureza do Cristo mais completamente. Quando nos tornamos mais amorosos, somos mais capazes de discernir a bondade espiritual, real, de cada um. Quando a presunção se curvar diante das exigências da humildade, quando a dureza der lugar à doçura, e quando o caráter humano encolher para revestir-se mais do divino, a luz espiritual da Verdade encherá cada vez mais nosso pensamento e a cura tornar-se-á mais rápida e mais fácil.
Naturalmente, isso tudo não acontece de um dia para o outro, e não precisamos ser perfeitos para sermos curados. Temos somente de trilhar, pacientemente, o caminho que Jesus nos indicou. Seguindo as diretrizes da Verdade, na medida em que elas vão se tornando mais claras para nós, descobrimos mais oportunidades de cura e teremos mais êxito em realizá-las.
