Visita à terrinha
Lembro-me de ter ouvido, durante minha infância, pessoas comentarem: "Que saudades da terrinha"; "quando vais novamente à terrinha?" Creio que tardou até que eu descobrisse onde era essa terrinha.
Na minha adolescência, tive a oportunidade de conhecer um pianista português, que convidou-me para um concerto na sua terra natal. Como eu morava em Viena, na Áustria, fui de trem. A belíssima paisagem de chegada à cidade do Porto, ficou gravada, como cartão postal, em minha memória! Mas não só a beleza da Ribeira, ao longo do Rio Douro, tocou meu coração, mas também a bondade e o amor daquele povo, principalmente da família de meu amigo que tão carinhosamente abriu as portas de sua casa, acolhendo-me como se fosse uma prima a visitá-los.
Quase vinte anos depois, após cruzar o Atlântico, aterrisso na mesma cidade, e desta vez não para ouvir um concerto de música clássica, mas para ouvir um concerto de melodias sem música, um espetáculo de curas e reflexões, que verdadeiramente chegaram à minha alma.
Ao caminhar pelas ruas do Porto e de Lisboa, ao ver as estreitas ruelas, as roupas penduradas nas janelas, as pessoas a conversar na rua, os homens a jogar dominó nos parques, as pessoas a interromperem seu percurso para tomar um curtinho (expresso), ou uma meia de leite (um pingado) ou comer um pastel de Belém, senti que, agora sim, eu sabia o que era "visitar a terrinha". Agora sim, eu sei o que é se sentir em casa, mesmo estando longe dela. Ao ver barraquinhas vendendo piões para crianças e outros brinquedos de madeira, voltei trinta anos no tempo. Ao visitar igrejas e museus, ao ver programas sobre Angola, ao ser brindada pela simpatia e gentileza das pessoas nas ruas, nos restaurantes, no trem, revivi minhas raízes brasileiras e redescobri que somos todos um. Sim, somos todos um com Deus, nosso Pai-Mãe. Há uma só origem: a divina. E um só sentimento: o amor, que nos une a todos, formando uma grande família universal. Hoje compreendo melhor o que Mary Baker Eddy quis dizer, quando escreveu: "Assim como uma gota dágua é uma com o oceano, um raio de luz um com o sol, do mesmo modo Deus e o homem, o Pai e o filho, são um no ser" (Ciência e Saúde, p. 361).
Como oro para o governo do meu país
Lisboa, Portugal
Overdadeiro governo pertence a Deus e Deus governa não só a vida de cada um de nós, como a vida do país. Portanto, ao atribuir poder à crise económica, ao desemprego, ao fraco poder de compra, estamos a pensar que Deus falhou de alguma forma no Seu governo e isso nos afasta da estabilidade que pretendemos atingir. A nossa vida não depende de condições económicas, depende de Deus. Isso é verdadeiro para todos os filhos de Deus, quer estejam no nosso país ou em outro, quer pertençam à Europa ou a outro continente. Mary Baker Eddy escreveu em Ciência e Saúde: "...o que abençoa um, abençoa todos" (p. 206). Essa é realmente uma ideia universal do carinho, do cuidado e do amor de Deus.
Deus é só um, por isso a Mente é só uma. Não existem muitas mentes que entram em conflito. Não existem muitos interesses, existe apenas um interesse, que é o de Deus. Deus é o responsável por gerir nosso país, não os políticos. Essa maneira de orar nos ajuda a ver aquilo que já existe no governo de Deus: a harmonia, o bem e a abundância para todos.
Em época de eleições, confio em Deus. E oro para reconhecer que o governo está além dessas pessoas que foram eleitas, quer eu goste delas ou não. O verdadeiro governo está nas mãos de Deus. E como filhos de Deus, os políticos eleitos podem reflectir a habilidade de governar bem. Nota-se insatisfação e descontentamento no povo, pois estamos enfrentando uma certa crise económica. Mas oro para compreender que essa crise não pode afectar a nossa vida, visto que somos filhos de Deus. Ele é a fonte de nosso suprimento.
Procuro manter-me informada, ler jornais e ouvir noticiários, porque não é através da ignorância que nos protegemos. Temos de ter um ponto de vista correcto e espiritual a respeito do que está acontecendo e saber que só o bem pode influenciar nossa experiência.
Tento não criticar os membros do governo, pois, muitas vezes, a crítica é destrutiva e não construtiva. Podemos ajudar nossos governantes por meio da oração, para que cada vez mais se desperte neles o desejo de fazer progredir a nação e para que ajam com prudência e sabedoria.
Porto, Portugal
Procuro orar pelo governo quando ouço notícias na televisão, no jornal, ou algo que de facto denote alguma dificuldade no país. Oro também para o governo de outros países, pois é importante que haja paz mundial.
Tento sempre ter uma ideia boa, identificar a ideia correta que está por trás da dificuldade ou do problema. Portanto, se for um problema económico ou financeiro, por exemplo, tento perceber que o ser espiritual, o homem à imagem e semelhança de Deus, não tem de passar necessidades, pois o Amor divino nos dá o que necessitamos individual e colectivamente.
Temos de entender a nossa verdadeira relação com Deus, portanto perceber que fomos criados por Ele de uma forma perfeita e completa. Por isso, nossa relação com o mundo deve expressar harmonia, bem-estar e suficiência. Oro para reconhecer que a sabedoria divina pode se manifestar em todos os campos, inclusive no governamental.
Lisboa, Portugal
Muito recentemente senti necessidade de orar para o governo de Portugal. Por duas razões: primeira porque o governo mudou e muitas instituições mudaram de presidentes, de diretores gerais, de chefes. Segunda, porque eu sentia-me prejudicada por pessoas que estavam ligadas ao governo anterior: a falta de decisão e o desconhecimento de matérias legais fizeram com que durante alguns meses eu estivesse naquilo que eu chamo terra de ninguém. Eu tinha de orar por aquele governo. Procurei em Ciência e Saúde, de Mary Baker Eddy, quem governa e o que é o governo. E de facto, aquilo que fui levada a ver é que Deus governa e que o governo é divino. Mas, para ser franca, não era isso que eu estava a ver. Eu estava a ver um grande desgoverno. O Primeiro Ministro demitiu-se, pois não quis levar até o fim a legislatura. Isso numa altura económica difícil para o mundo e também para Portugal, porque todos nós, de alguma forma, tivemos o impacto dos ataques terroristas nos Estados Unidos.
A base da minha oração foi saber que só Deus governa e que todos reflectimos o Seu governo. Tive, de facto, de amar tanto os que partiam como os que chegavam ao novo governo. Pude então voltar a trabalhar absolutamente despojada de qualquer ressentimento e com gratidão no coração. Temos uma atitude positiva, que é a de arregaçar as mangas e trabalhar. Se todos fizermos isso o país vai para frente.
A oração é uma protecção para todos. De facto, nós muitas vezes pensamos que a economia depende do governo federal, do Ministro das Finanças, ou do Ministro da Economia, mas a economia depende de cada um de nós. É nossa obrigação contribuir de forma activa com a honestidade e disciplina no trabalho, e dar todo o nosso entusiasmo àquilo que fazemos. A economia é algo para o qual podemos todos contribuir de forma positiva e activa.
Uma forma prática de ajudar o nosso país é pagar as nossas contas nas datas de vencimento. Isso é importantíssimo, porque há uns anos em Portugal as contas em atraso eram um verdadeiro flagelo. Toda a gente, das instituições do Estado aos empreiteiros, das fábricas aos fornecedores, todos pagavam com atraso e era um atraso muito grande. E o que acontece quando as empresas e o Estado não têm dinheiro? Não podem pagar os funcionários. Estes, por sua vez, não podem pagar seus créditos, a renda da casa, o empréstimo do banco, o colégio dos filhos. Isso torna-se uma bola de neve. Nós fazemos a diferença na economia de nosso país.
Estudei economia na faculdade com base nas leis de oferta e procura. Quando li Ciência e Saúde, encontrei uma referência que para mim é absolutamente extraordinária: “Tanto a ciência quanto a consciência estão agora em atividade na economia do ser de acordo com a lei da Mente, a qual, por fim, faz prevalecer sua supremacia absoluta” (p. 423). Procurei compreender o que era essa economia do ser. Dei-me conta de que isso faz o encontro entre a procura e a oferta, portanto, a economia é algo que tem a ver com a harmonia espiritual que se reflecte na nossa vida. A economia não é algo que só tem a ver com as finanças, mas a economia do ser é de facto todo o ambiente em que vivemos. O amor, a vida, a verdade, esses são de facto os pontos cardeais da economia do ser, da economia do homem e da mulher como reflexos de Deus.
Porto, Portugal
As notícias sobre o governo e a economia não são nada agradáveis, sobretudo nesses últimos tempos. Ouve-se dizer de centenas de pessoas despedidas, empresas que foram encerradas ou que estão com déficit orçamental de milhões de Euros. O que eu tenho feito, é recolher-me espiritualmente para afastar o medo do meu pensamento, como disse Jesus: “...quando orares, entra no teu quarto e, fechada a porta, orarás a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará” (Mateus 6:6).
Ao orar pelo governo, penso que Deus é infinito, é onipotente, onipresente e onisciente. E portanto, Deus é Tudo-em-tudo e a fonte de todo suprimento. E essa é a verdade absoluta que governa tudo o que se passa na sociedade. Deus é verdadeiramente o governo de todos os homens.
Se Deus é onisciente, sabe todas as coisas e é a única Mente. Portanto, não há várias mentes que estejam a pensar individualmente de forma contrária à da vontade de Deus. Ao saber disso, libertamo-nos do medo de factores económicos. Podemos orar para que tudo corra para o bem da comunidade e atribuir a Deus o controle sobre a nossa vida.
Há uma frase de Mary Baker Eddy que me vem ao pensamento quando oro para o governo: “...os mortais, porém, estão se apressando em compreender que a Vida é Deus, o bem, e que em realidade o mal não tem lugar nem poder na economia quer humana, quer divina.” (Ciência e Saúde, p. 327). E, de facto, o mal é uma mentira, uma inversão do bem. O bem preenche todo o espaço e está constantemente presente. E está a manifestar-se em todas as actividades humanas, inclusive na economia.
Outro aspecto importante para mim é saber que nenhum ciclo económico e nenhuma decisão governamental pode nos separar de Deus, pois somos Seus filhos muito amados. Ele cuida de cada um de nós e orienta nossas acções e pensamentos.
Como conseqüência dessa minha forma de orar, tenho progredido profissionalmente e encontrado oportunidades de melhorar a condição económica da minha família, mesmo em circunstâncias adversas do ponto de vista do ciclo económico.
Ao definir espiritualmente “emprego”, vejo que temos direito a uma economia equilibrada e trabalho para todos. A atividade profissional não é somente para obter bens materiais e estabilidade financeira, mas para expressar qualidades inerentes ao nosso próprio ser, seja inteligência, destreza manual ou capacidade de organização. Como somos capazes de expressá-las, temos ocupação garantida e recompensa adequada.
