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Matéria de capa

Solidariedade e esperança

Da edição de março de 2003 dO Arauto da Ciência Cristã


Luz Lajous está ligada ao trabalho público há mais de vinte anos. No México exerceu vários cargos, principalmente como deputada na década de 1980 e senadora na de 1990. Atualmente é Presidente do Conselho Pró-Mulher do México, uma instituição com programas em vários países da América Latina.

Gerente de Redação do Arauto em espanhol, entrevistou a Sra. Lajous.

Enrique Smeke: Certamente, servir ao México como deputada e senadora deve ter lhe dado uma visão do que o povo anseia.

Luz Lajous: Essa é uma das grandes vantagens de estar num cargo de representação. Tem-se a oportunidade de conhecer as pessoas do distrito mais intimamente. Mas também é importante conhecer os representantes das outras partes do país, para conseguirmos uma comunidade na Câmara. É como o crisol da pátria, muito enriquecedor.

ES: Isso permitiu que a senhora estivesse em contato direto com o povo?

LL: Claro, especialmente na época das eleições na Cidade do México, onde me aproximei muito do grupo das mulheres, que são líderes naturais da comunidade. Ví como trabalham e como participam da sociedade para tentar melhorá-la.

ES: Como senadora e deputada, a senhora teve a oportunidade de destacar a importância da mulher?

LL: A presença das mulheres na legislatura e discutir o tema da vida diária feminina provoca grandes mudanças.

ES: O que a levou a se envolver nas atividades do Conselho Pró-Mulher e nos serviços de ajuda à mulher?

LL: Eu acredito na participação. Como resultado da minha vida política, enfrentando a realidade cotidiana e conhecendo o povo, eu me simpatizei naturalmente com as mulheres, pois elas sempre foram as mais exploradas. Com o tempo, passei a me dedicar mais a ajudar a classe feminina.

ES: Essa instituição incentiva a mulher a ajudar a família e a si mesma a sair da pobreza?

LL: Sim. As necessidades das mulheres são muitas, pois representam também as necessidades de seus filhos e maridos. Pouco a pouco, aprendi como conhecer a elas, a sua cultura, seu temperamento e suas necessidades. Cheguei à conclusão de que o programa de Micro-Crédito para Mulheres seria o mais eficaz para quebrar o ciclo da pobreza.

ES: Em muitos casos, isso coloca a mulher como chefe da família, não é?

LL: Em nossa sociedade, a mulher já é a chefe da família em muitos casos. Uma porcentagem muita alta de famílias mexicanas com poucos recursos já é liderada por mulheres. O homem nem sempre permanece no lar e é a mulher que fica com os filhos. Já foi comprovado que 25% das famílias com poucos recursos são chefiadas por mulheres. São elas que dão de comer aos filhos, que os mandam para a escola e é graças a elas que os filhos sobrevivem. Nós as ajudamos a melhorar o que estão fazendo, para dar-lhes oportunidades de crescimento e progresso.

ES: E quais são os resultados?

LL: O programa ainda é muito novo no México, mas posso dizer que a primeira mudança ocorre na autoestima da mulher. Ela adquire mais confiança em si mesma quando tem acesso ao crédito para melhorar o seu negócio, quando se torna uma pessoa digna de crédito. Nosso programa não só dá o crédito, como também o treinamento básico em finanças e negócios. Isso as ajuda a ter uma idéia do custo das coisas e de até onde o preço pode chegar para que elas tenham lucro. Dessa maneira seus negócios melhoram e com o crédito elas podem expandi-los. Se antes ganhavam para sobreviver, agora têm uma margem de lucro que lhes permite melhorar a qualidade de vida.

ES: Isso oferece esperança...

LL: Não só esperança, mas oportunidade e fé em si mesma. Um dos aspectos interessantes desse programa é que ele é feito por intermédio de grupos solidários, quer dizer, não são créditos individuais. São formados grupos de 25 mulheres que se ajudam entre si e são avais umas das outras. Se uma das mulheres tem um problema e não pode pagar, as outras juntas pagam a parte dela. Mas, ao se reunirem e compartilharem suas experiências e conhecimentos, estão enriquecendo e melhorando a vida de cada uma.

ES: Que outras coisas a senhora percebeu?

LL: Essas mulheres são notáveis. A primeira coisa que aprendi enquanto fazia campanha no México, é que são as mulheres que se movimentam, que juntam assinaturas para que um parque seja arrumado, que sempre pensam no que mais pode ser feito pela comunidade, pois sabem que o benefício será para suas famílias.

ES: Eu ouvi dizer que durante o terremoto de 1985 no México, as mulheres instalaram mesas nas ruas e davam de comer às pessoas que trabalhavam no serviço de resgate.

LL: Sim, foi um trabalho totalmente voluntário. Para mim, esse desejo que tenho de fazer alguma coisa para ajudá-las foi uma descoberta.

ES: A senhora tinha comentado que o México não é um país onde as mulheres saem de casa para seguir uma carreira, mas será que isso está mudando?

LL: Como no resto do mundo, a mudança é notável. Agora as mulheres constituem metade dos estudantes e mais de um terço da força de trabalho. O que acontece é que não temos o mesmo desenvolvimento de um país do primeiro mundo. Além disso, a cultura mexicana continua a ser uma cultura machista. As transformações têm sido extraordinárias, mas ainda hoje, no México, a mulher precisa aceitar um emprego duplo: manter o lar e ser responsável por ele e, se puder, estudar para seguir uma carreira.

ES: Que qualidade se destaca entre essas mulheres?

LL: A generosidade. O espírito comunitário desse povo antecede a conquista. As comunidades existiam e ainda existem, estão vivas e sabem ser solidárias entre si.

ES: Estando presente em tantas etapas da vida mexicana e tendo ajudado de tantas formas diferentes, qual é o papel desempenhado pela intuição e pela esperança no seu trabalho?

LL: A esperança é a palavra mais importante para que a pessoa possa ver o futuro de forma positiva. Creio que no México o povo tem esperança e é essa esperança que o faz progredir. É um dos sentimentos fundamentais para que a sociedade possa encontrar a felicidade. Quanto mais se difundir o trabalho do Conselho Pró-Mulher e de instituições afins, melhor será tanto para aquele que recebe, como para aquele que dá.

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