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Pensemos em como ajudar-nos uns aos outros

Da edição de março de 2003 dO Arauto da Ciência Cristã


Um Voluntário da Paz fala de todo o seu coração

"Sou muito feliz pelo fato de ter podido viajar bastante", ele disse, "porque isso me possibilitou ver o mundo, e ampliar meu conhecimento de culturas, povos, idiomas e muito mais. Na medida em que minha perspectiva mundial cresce, cresce também meu amor pela variedade de estilos de vida existentes.

Em última análise, os cidadãos do mundo têm muito em comum. Certas coisas nos diferenciam, mas temos muitos conceitos e valores em comum. Gosto de entender as pessoas dos lugares que já visitei e de ler sobre as outras que ainda não conheço."

No dia 11 de setembro de 2001, Blake viu-se forçado a reavaliar o mundo que apreciava e queria explorar mais. Será que, de um dia para o outro, as suas responsabilidades como Voluntário da Paz haviam mudado? Será que ele ainda se sentia disposto a conhecer outros povos e culturas, da maneira como ele já havia começado a fazer?

"Quando eu soube dos ataques terroristas, minha primeira reação foi descrença completa. Eu não conseguia conceber o que me estava sendo dito e achei que estava sonhando. Decidi não ligar a televisão ou o rádio, mas me mantive informado o suficiente para poder orar sobre os eventos. Eu não queria gravar imagens violentas no meu pensamento. Queria saber onde a cura se fazia mais necessária para que eu pudesse orar diretamente para essa situações. Eu sabia que era importante entender onde se encontra o verdadeiro governo, e que os Estados Unidos e o mundo seriam guiados por Deus para sanar essa situação.

Sempre volto a uma lição que aprendi na Escola Dominical: Trate os homens da mesma maneira como você quer que eles o tratem. Se as pessoas vivessem de acordo com essa regra, o mundo seria um lugar mais estável e menos amedrontador. Se todos tivéssemos mais amigos, teríamos menos inimigos, temeríamos menos pessoas.

Penso que precisamos derramar nosso amor sobre as pessoas afetadas pelos ataques recentes, mas nossas orações deveriam ser mais abrangentes. Não deveríamos só dar atenção à situação neste país, mas também abrir os olhos ao terrorismo e à injustiça no mundo todo."

Blake gostaria de falar para todos os jovens, onde eles estiverem, mas especialmente naqueles países que já visitou ou gostaria de visitar nos próximos anos:

"Mantenham o amor em seu coração", ele implora. "Não se deixem levar pelo frenesi da mídia. Reconheçam que a abundância de compaixão e de apoio em oração, de pessoas no mundo todo, é poderosa e genuína.

Pensemos sobre quem somos e vamos reavaliar nossa maneira de tratar os outros e como podemos ajudar uns aos outros. Há uma canção que diz: 'Que haja paz na terra e que ela comece comigo'.

Juntos converteremos as espadas dos inimigos 'em relhas de arados' e continuaremos nossos esforços até que ninguém mais queira aprender a 'guerra' (ver Isaías 2:4)."

Os jovens de Chokwe, Moçambique

Kim Shippey voltou a entrevistar Blake Schmidt quando completara seis meses como professor de inglês para alunos do curso médio. Blake dá aulas numa escola em Chokwe, Moçambique, próximo às planícies fluviais do Limpopo. A cidade fica ao norte e a três horas de carro da capital, Maputo.

"Há uma grande diferença entre as salas de aula nas quais cresci e as salas onde agora leciono. Muitas vezes faltam vidros das janelas e é difícil escrever nos quadros-negros, pois estão gastos e estragados pelas enchentes," diz Blake.

"Preciso dar um salto mental para aprender a lidar com a diferença entre a casa em que cresci, numa rua arborizada de Portland, e as humildes casas que vejo pelas janelas da casa de cimento onde agora vivo com outro Voluntário da Paz, numa rua não asfaltada de Chokwe."

Blake admite que ainda está se acostumando ao chão duro coberto de esteiras e ao chuveiro temperamental. "Quando precisamos de mais aquecimento, do que o chuveiro oferece, esquentamos baldes de água no fogão e improvisamos."

Ele diz que, embora as fortes barras de segurança nas janelas sugiram que ele não é tão livre quanto gostaria de ser, está descobrindo novas liberdades todos os dias, libertandose da pressão do relógio, dos rótulos e das disciplinas auto-impostas quanto ao comer, dormir e mesmo assistir à televisão. "Estou aprendendo a lidar com situações que eu nunca imaginara, a gostar de conversas vagarosas e a encontrar novas maneiras de me comunicar com os outros."

Ele diz que aprendeu muitas dessas lições com os jovens moçambicanos para quem ensina e com os seus vizinhos em Chokwe. "As criancinhas nas ruas perto de nossa casa brincam com tanto entusiasmo, alegria e criatividade que eu preciso me conter para não ir correndo brincar com elas. Estou certo de que elas me acolheriam, embora eu não fale changana tão bem quanto deveria. Sei que elas me deixariam tentar guiar os carros que fazem de arame e latas de refrigerantes. E poderíamos cantar juntos ou tocar tambor ou repartir as maravilhosas papaias e tangerinas que crescem em abundância por aqui.

Compartilhar foi uma das primeiras coisas que aprendi aqui," diz Blake. "As pessoas são muito generosas. Lembro-me que logo depois que cheguei, fiquei depois da aula para conversar com os alunos. Eles se surpreenderam de eu não tomar bebidas alcoólicas. Minha alimentação de suco, água, frutas, verduras e laticínios (que são difíceis de encontrar em Chokwe), arroz e feijão, lhes pareceu estranha, porque esperavam que alguém de um país rico comesse carne regularmente — o que é um luxo para eles.

Como a conversa demorou um pouco, um dos alunos correu para um terreno vizinho. Voltou com uma berinjela e perguntou se eu gostava de comê-la. Ficou contente quando eu acenei que sim com entusiasmo. Naquela tarde, fui presenteado com nove berinjelas reluzentes. Foi difícil levá-las para casa de bicicleta, num percurso de três quilômetros."

Blake sente-se privilegiado, pois tem classes pequenas, de mais ou menos vinte alunos, quando a média nacional é de cinqüenta alunos por classe, o que o ajuda a se entrosar com os alunos. "A interação não foi fácil no começo, porque a diferença de idades nas classes é enorme.

Precisei orar muitas vezes só para poder terminar o dia escolar. Levei um tempo para reconhecer e aceitar o direito deles de me colocar à prova — de testar meu calibre e minha confiabilidade. Às vezes foi difícil, mas valeu a pena. Forçou-me a examinar meus próprios motivos, a aumentar meu amor ao próximo e a Deus, a quem eu cresci conhecendo como a origem de todo o amor. Paciência e amor tornaram-se meus lemas.

Um hino que muito me ajudou diz assim:

'Quero paciência aprender
Pois junto a ti eu quero estar,
Com fé no bem, vencer o mal,
Em ti confiando vou seguir.' (Hinário da Ciência Cristã, Nº 234)

Quando me senti "junto" a Deus, meu relacionamento com os alunos mudou. Eles vinham depois da escola, para me fazer perguntas das mais variadas, inclusive sobre a minha religião. Muitos ficavam contentes ao saber que orávamos ao mesmo Deus, à nossa própria maneira, e em nossas próprias igrejas."

Blake comenta que um dos maiores desafios para um Voluntário da Paz em Moçambique é a necessidade de combater os hábitos já estabelecidos dos alunos: aprender tudo de memória, sem desenvolver idéias próprias e inovadoras. Os voluntários estão trabalhando duro para incutir iniciativa e auto-dependência nos alunos.

O relacionamento de Blake com os alunos também melhorou quando eles descobriram que Blake realmente queria, não só ser amigo, mas também apresentar-lhes novas experiências, como passeios escolares, projetos de cartografia e assim por diante. Logo descobriram quantas coisas divertidas poderiam fazer juntos.

"É claro que eu precisei lembrar que, para ser um bom professor, eu também precisava ser capaz de aprender. E os alunos gostavam quando eu lhes mostrava o quanto eles estavam me ensinando a amar e cuidar do próximo, a fortalecer os laços em nossas comunidades."

"Se um moçambicano só ganha US$ 0.50 centavos por dia, ele encontra um jeito de esticar aquele dinheiro para que ele e família possam sobreviver mais um dia. E se os amigos aparecem, ele encontra um jeito de oferecer algo para comerem também."

Blake está percebendo que, como na maioria dos países africanos, a comunidade é muito importante. As conversas são vagarosas, mas animadas. Há muita troca de idéias. Há menos barreiras. "Um dia," diz Blake, "eu gostaria de unir o que há de melhor nesta tradição com o que há de melhor na minha.

Enquanto isso, fico prestando atenção nos jovens daqui. No momento, as oportunidades são limitadas, até mesmo para os jovens educados. Meus alunos ficam facilmente desiludidos ao pensar que não importa o quanto se apliquem, dificilmente chegarão a algum lugar.

Entendo o que estão pensando, mas tento mostrar que eles não precisam trilhar o mesmo caminho que outros trilharam antes. Para jovens com talento, entusiasmo e disciplina esperança. Minha oração é para que Deus os guie a criar novas oportunidades para que eles abençoem Moçambique inteiro.

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