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Para jovens

Quando ouço a Deus, sei como tocar

Da edição de março de 2003 dO Arauto da Ciência Cristã


O baterista alemão Kai Bussenius pode não ser tão conhecido pelos amadores de jazz quanto o são Max Roach ou Roy Haynes, mas ele está seguindo a carreira de músico com bastante sucesso. Kai, que se formou recentemente na Faculdade de Música de Hamburgo, tem uma vida ocupada: toca ao redor do mundo com grandes e pequenas bandas de jazz, inclusive com a Orquestra Juvenil Alemã de Jazz. Na seguinte entrevista para O Arauto, ele nos fala de suas viagens e de como se inspira para tocar.

: Quais são seus músicos favoritos?

Kai Bussenius: Na bateria o meu favorito é Jack DeJohnette. Ele é minha grande inspiração. Há músicos fantásticos, mas em geral eu gosto de Miles Davis e Keith Jarrett e as big bands de Count Basie e Duke Ellington.

SS: Você sempre gostou de música?

KB: Sempre. Quando eu era jovem, meu pai escutava jazz, principalmente Oscar Peterson e Errol Garner. Ele tocava um pouco de jazz ao piano, como hobby, e às vezes eu o ouvia.

SS: Existe algum tipo de música que você não gosta?

KB: Eu respeito tudo, mas não gosto de todos os gêneros.

SS: Quando você começou a estudar música?

KB: Comecei a tocar bateria aos nove anos, numa escola de música. Depois, no colégio eles tinham uma banda e eu comecei a tocar nela. Mais tarde, o regente da banda sugeriu que eu estudasse com outro professor de bateria, para que eu aprendesse jazz melhor. Então, mudei de professor e durante alguns anos tive aulas de bateria com uma abordagem mais voltada para o jazz.

SS: Quando é que você começou a viajar com uma banda?

KB: Depois de estudar bateria dois anos na Faculdade de Música, comecei a tocar com a Orquestra Juvenil Alemã de Jazz. Essa foi a primeira banda com a qual viajei na Alemanha. Costumamos tocar em nosso país, mas em maio do ano passado fizemos uma viagem de três dias a Moscou e ensaiamos dois dias com uma banda russa e demos um concerto. Tocamos dez músicas que foram regidas alternadamente por um regente russo e outro alemão.

SS: Do que é que você mais gostou nessa viagem?

KB: De tocar num clube de jazz russo. O regente da banda russa, Igor Butman, era proprietário de um clube de jazz em Moscou e ele também tinha outra big band. Numa noite, enquanto estávamos lá, ele tinha programado um concerto no seu clube, mas o baterista da banda estava na África e não iria voltar a tempo para o concerto. Então o Sr. Butman pediu que eu substituísse o baterista dele. Eles não tinham uma pauta musical para eu seguir, mas ele me deu umas dicas sobre as canções e fiquei olhando para ele enquanto regia. Tudo correu bem, porque eu conhecia algumas das músicas, só precisei tocar de acordo com os outros músicos. Eu me senti muito bem, porque o regente confiou o bastante em mim como músico para me convidar a tocar no seu clube. Até então ele só me conhecia pelos dois dias de ensaio da orquestra.

SS: Você alguma vez passou por um período em que duvidou de si mesmo ou de seus talentos como músico?

KB: Sempre tive confiança na minha música. Mas eu já aprendi que o fato de eu ser ou não ser convidado a tocar, por bandas ou músicos diferentes, não significa que eu sou ou não sou um bom músico. Muitas vezes é só uma questão de gosto. Se você inventa um novo estilo de tocar ou de expressão musical, ou se você tem suas próprias idéias de como tocar uma certa música, essas podem ser tão diferentes que outros músicos talvez não entendam ou não queiram se dar ao trabalho de entendê-las.

SS: O que é que faz um bom músico?

KB: Os bons músicos sentem, quando estão tocando, que a música é a coisa mais importante. A técnica não é tão importante. O que você ensaia em casa não tem nada a ver com a música que você toca no palco. No palco você precisa ouvir o que está acontecendo ao seu redor e fazer a música. Você não se coloca em primeiro plano, tocando alto, ou depressa, para exibir o que você ensaiou ou para provar que você tem talento.

SS: Em outras palavras, o ego é contraproducente?

KB: A maneira egocêntrica de se apresentar — “Vejam como eu toco bem” — é destrutiva para a expressão artística de um músico. Eu descobri que olhar para Deus como o verdadeiro Ego, realça o que há de melhor em mim. Eu começo a ter boas idéias e toco com mais individualidade. E a individualidade é importante, porque todos sentem e tocam de maneira diferente, especialmente jazz, que oferece muita liberdade para improvisar. Se você toca uma música tradicional do jazz americano, ou canções antigas de jazz e dos musicais da Broadway, você tem a melodia e algumas mudanças de acordes. Primeiro você toca a melodia com a banda. Depois cada solista improvisa usando as mudanças de acordes. Essa é a maneira normal. Às vezes você improvisa livremente, completamente, sem nenhuma mudança de acorde. Aí você precisa de mais inspiração, porque não há mudanças de acordes para acompanhar.

SS: Como é que você obtem inspiração?

KB: Quando eu faço música eu tento me lembrar que todas as idéias criativas que vêm a mim, vêm de Deus. Elas sempre estão ali. E quando estou aberto para escutá-las, sei o que tocar, sei como converter essas idéias em música. Quando eu me sinto inspirado por Deus, ou seja, pela Alma, a minha mente se desliga e as minhas mãos e os meus pés tocam sozinhos. Em outras palavras, eu não decido conscientemente o que vou tocar, a música simplesmente acontece. Em Ciência e Saúde há uma frase maravilhosa que me explica tudo isso: “A influência ou ação da Alma confere uma liberdade que explica os fenômenos da improvisação e o fervor de lábios incultos” (p. 89).

SS: Você acredita que há uma dimensão espiritual nos músicos que você conhece?

KB: Sim. Eu já percebi que a maioria dos músicos está interessada em coisas espirituais, porque eles pensam muito sobre a origem da música e de onde vem a inspiração deles. Refletem bastante sobre a vida em geral e talvez seja assim que eles chegam à conclusão de que a vida é muito mais do que vemos, de que há algo superior e mais substancial do que as coisas materiais.

SS: Numa conversa anterior você dizia que a música é uma espécie de linguagem que transcende a linguagem falada.

KB: Sim. Por exemplo, quando eu estava em Moscou, os músicos russos e alemães esperavam a chegada do regente para começar nosso primeiro ensaio. Não podíamos conversar, pois não falávamos o mesmo idioma. Aí alguém, acho que foi um trompetista, começou a tocar blues e o contrabaixista e eu o acompanhamos. Depois disso, todo o resto da banda resolveu participar. Continuamos assim durante uns trinta minutos. Cada um tocou um solo. Embora não pudéssemos conversar uns com os outros, fizemos música juntos. O ensaio começou quando o regente chegou.

SS: Qual é o seu lema?

KB: Como músico, acho que preciso ser gentil com as pessoas. Se o ensaio começa às cinco, preciso estar lá às cinco e não chegar mais tarde. Em geral meu lema é: “Não tente controlar a direção de sua vida. Espere para ver o que Deus reservou para você.” Até agora isso tem funcionado para mim.

Escreva para: Teens@csps.com

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