Há alguns meses, fui levar meu filho Gabriel para a escola de inglês, pois ele deveria entregar um documento. Eram 9h30min. Quando chegamos, Gabriel desceu do carro e eu o fiquei aguardando. Estava distraída e de repente, um rapaz encostou na porta dizendo que se tratava de um assalto. Ele estava armado, disse para eu ficar calma e aguardar meu filho. Consegui não reagir, mas questionei se não poderíamos ir embora e deixar meu filho na escola; fiquei temerosa por ele. O assaltante não concordou e, naquele momento, o Gabriel chegou. Inicialmente, sem perceber que era um assalto, disse-me à porta do carro: “vamos mãe”. Eu lhe respondi: Nós já vamos, e esse rapaz vai conosco.” Expliquei-lhe que era um assalto, e pedi que ficasse calmo.
O assaltante ficou no banco traseiro e nós dois na frente. Comecei a orar, não como um determinado fim, mas com uma atitude equilibrada e silenciosa, com muita serenidade. Eu sabia que Deus estava conosco e repetia isso para mim mesma o tempo todo. Fomos seguindo até o ponto em que o rapaz disse que iríamos incluir mais dois de seus amigos.
Comecei a ficar nervosa e, na tentativa de me acalmar, afirmava mentalmente: “Vai dar tudo certo. Como eu aprendo na Christian Science, Deus está aqui, cuidando de todos nós.”
Fomos para uma estrada que leva à loja de departamentos Wal-Mart e, no caminho, pediram minha carteira de dinheiro, os cartões de banco e de crédito. Em seguida, questionaram qual era o número da minha conta corrente. Dei-lhes o número, sem perceber o engano que estavam cometendo de pedir o número da conta corrente e não a senha do cartão. Apesar das ameaças que me faziam caso não desse o número certo, continuei fornecendo o número da conta, como resposta à pergunta que me estavam fazendo.
Para mim, o mais importante nessa experiência foi o fato de que eu não senti raiva dos rapazes ou da situação em si.
Após alguns minutos, paramos em um local que eu não conhecia. Curiosamente, perguntaram-nos se tínhamos dinheiro para voltar! Quando meu filho disse que não, eles nos deram R$10,00 para tomar um ônibus. Partiram com meu carro e nos deixaram naquele local desconhecido. Gabriel estava muito abalado, por isso teve uma crise de choro e ficou com dificuldade para respirar.
Esse quadro chamou atenção de policiais que estavam em patrulha, em uma rua próxima. Eles vieram imediatamente nos socorrer e nos levaram para um Distrito Policial. Lembrei-me, então, de lhes dizer que os rapazes estavam a caminho do Wal-Mart.
Os policiais se dirigiram ao local rapidamente e, quando chegaram, conseguiram capturar os rapazes com todos os meus documentos e cartões, que não puderam ser usados, pois, por engano e inocência, eu havia dado o número da minha conta corrente e não a senha.
Creio que essa foi uma das razões por que saímos ilesos tanto física como financeiramente. Não me enfurecer é, para mim, um fato inusitado em uma situação como essa. Estudo a Christian Science há pouco tempo e estou começando a aprender que há um poder divino que é maior do que qualquer outra coisa e foi esse poder que me manteve equilibrada durante aqueles momentos e me restituiu o que era meu.
O Gabriel, porém, reagiu com frustração e teve certo rancor, mas depois de alguns dias, esses sentimentos foram modificados pelo reconhecimento de que todos somos filhos de Deus — um ensinamento que ele recebeu na Escola Dominical da igreja da Christian Science que freqüentamos.
Aprendi que é importante abrigar em nosso coração somente amor, compaixão e um sentimento bom para com o próximo. Percebi também que não existe regra ou fórmula para orar. Estou segura de que a consciência da presença de Deus conosco, onde quer que estejamos, nos traz proteção.
Cultivar esse fato de que Deus está presente no dia-a-dia, com nossos familiares, no trabalho, com estranhos e com amigos, contribui para harmonizar todas as situações, por mais violentas que elas pareçam ser. Hoje, tanto Gabriel quanto eu temos muito mais confiança nos ensinamentos da Christian Science, pois pudemos constatar que o que aprendemos é verdadeiro, pode ser praticado num momento difícil, mesmo para quem está apenas começando.
