A volta às aulas nos centros urbanos causa certo desconforto com relação ao trânsito.
Para boa parte da população, as escolas se mantêm fechadas durante o mês de férias. Entretanto, há instituições de ensino que ficam disponíveis para atender à comunidade local.
A Escola Estadual Maria Anita, em Periperi, que fica a 35 km do centro de Salvador é uma delas. A diretora, Heronita Silva Passos conta: “O nosso portão fica aberto o tempo todo. Quem precisar da quadra e das dependências da escola é só pedir que a gente atende” (Folha de São Paulo„ 22/12/2003).
Essa escola, situada num bairro violento, já enfrentou vários problemas de criminalidade dentro e fora dos seus muros: Pichações, destruição de carteiras e mesas, além de constantes brigas.
Para enfrentar esse quadro violento, a escola abriu suas portas para a comunidade, derrubando fronteiras e abrindo o coração. Manteve sua obrigação educacional, passou, porém, a oferecer alternativas de lazer, cultura, esportes, além de deixar o oferecer espaço disponível para eventos sociais como batizados, casamentos, aniversários e pregações religiosas.
Tal ação anulou a barreira mental que separava a escola da comunidade, simbolizada por um muro de quase 2,5 m de altura. Espontaneamente, a comunidade agora ajuda a varrer e a cuidar da conservação do prédio.
Os depoimentos de alguns alunos, que preferiram omitir seus nomes, comprovam:
• “Antes eu era um verdadeiro marginal, só queria brigar e destruir. Agora a escola é o meu campo, o meu espaço, a minha vida”, 14 anos, suspenso e advertido 23 vezes em um ano.
•“Antigamente, a escola era toda pichada com palavrões. Agora, o nosso ambiente é saudável e maravilhoso”, 13 anos.
•“Os projetos de combate e prevenção à violência trabalham com a inclusão do aluno”. Aluna de 15 anos que comemorou seu aniversário na escola, com uma festa oferecida pelos parentes.
A Diretora conta: “Até 2001, pelo menos 300 ex-alunos haviam sido presos e outros 20 foram assassinados nos últimos 8 anos. Há dois anos não há mais registros de nenhum exaluno aluno envolvido em criminalidade.”
O sucesso desse Programa de Inclusão levou a escola baiana para o 3º Seminário Internacional de Intercâmbios de Experiências de Educação para a Paz, realizado em Bogotá, na Colômbia, em 2003, a convite do BIRD (Banco Mundial de Desenvolvimento).
Em São Paulo, Ana Elisa Siqueira, diretora da Escola Municipal Des. Amorim Lima, no Butantā, SP, percebeu outro problema: o autoritarismo velado. Para libertar as vítimas, derrubou grades e paredes das salas de aula. Como resultado, houve melhor aproveitamento e mais responsabilidade da parte dos alunos. A idéia foi apresentada no Fórum Mundial da Educaçāo, como um laboratório pedagógico (Gilberto Dimenstein, Folha de São Paulo 13/4/2004).
Esses dois exemplos comprovam que a convivência sem fronteiras e com liberdade é possível, quando apoiada no princípio de “amar a Deus e o próximo”, abrindo caminho para a construção da paz.
