Quando ouço notícias deprimentes de que mais uma vez um homem foi preso, acusado de ter assassinado ou de ter maltratado sua esposa ou filhos, anseio poder fazer alguma coisa. O que poderia ser feito para ensinar as pessoas a controlar impulsos violentos e a expressar mais paciência e amor?
A oração pode, com muita eficácia, proteger as pessoas de se tornarem vítimas da violência. Pude constatar como a oração desarmou os impulsos destrutivos que dominavam um conhecido, que freqüentemente se deixava levar pela raiva ou pelo ódio.
Ele não havia aprendido a expressar mais autocontrole, mas quando se deixou levar pelo ódio, tornando-se ameaçador, aceitou as minhas orações e a oração de outros, acalmou-se e ficou cheio de gratidão.
Portanto, se alguém aprender a orar, em concordância com a onipotência e a proximidade do Amor divino, todos os envolvidos podem ser ajudados e protegidos.
O que acontece, porém, se as pessoas não souberem que essa ajuda espiritual está à mão ou não souberem como buscá-la de maneira efetiva?
Minhas próprias orações, por compreensão espiritual, produziram uma solução inesperada para essa questão e uma experiência de que jamais me esquecerei.
Eu tinha acabado de desfrutar de uma caminhada durante a tarde de um dos últimos dias quentes de outono, ao redor de um dos lagos da cidade de Boston. Aquela caminhada tranqüila proporcionou uma boa oportunidade de me comunicar com Deus e de prestar atenção às idéias espirituais. Lembrei-me desta declaração que havia lido, de autoria de Mary Baker Eddy: “O homem é a expressão do ser de Deus” (Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, P. 470). Orei para compreender melhor o que é realmente o ser de Deus e o que significa para nós sermos Sua expressão.
Ao refletir sobre essas idéias, expandiu-se minha percepção a respeito da relação que cada um tem com Deus como Amor, Vida, Verdade, Espírito, Alma, Mente e Princípio. Estava inspirada, ponderando as qualidades espirituais que são nossas, como a expressão do ser de Deus, qualidades essas de amor, pureza, sabedoria e santidade.
Fui impelida a ir até meu carro apanhar a Bíblia e Ciência e Saúde para ler um pouco, sentada num banco do parque. Alguns minutos mais tarde, apareceu um homem corpulento e rude, que se dirigiu a mim e perguntou com muita seriedade: “Você poderia me falar sobre Deus?” No início, fiquei assustada, mas depois compreendi que, da distância de onde viera, ele não poderia ter percebido que eu estava lendo a Bíblia. Além disso, pude constatar que seu pedido era sincero. Portanto, respondi: “Claro que sim, é um prazer conversar com você sobre Deus”. Sua fisionomia transformou-se, tornou-se gentil como uma criança. Em seguida, sentou-se no banco ao meu lado, ansioso por ouvir. Silenciosamente, perguntei a Deus o que eu deveria dizer.
Durante quase uma hora, na medida em que eu respondia às suas perguntas, explicava-lhe a verdadeira natureza de Deus como Vida, Verdade, Amor e Mente eternos. Ficou claro que ele estava lutando contra impulsos violentos e problemas mentais que o levavam a maltratar sua família. Estava também envolvido com sacrifícios de animais e cultos satânicos, cujos seguidores o estavam encorajando a cometer suicídio.
Cada vez que ele ficava agitado e perturbado, por desabafar seus conflitos, eu podia sentir a calma que Deus estava trazendo a esse encontro casual assim como o poder da compreensão espiritual trazendo libertação e paz para ambos.
Expliquei-lhe os preceitos de Jesus sobre a natureza do diabo — como uma mentira e um mentiroso — e sobre a natureza de Deus — como Verdade e Amor. Conforme conversávamos, ele começou a demonstrar a confiança de que poderia sentir o amor de Deus e de que poderia orar para proteger seus filhos, ao invés de lhes fazer mal.
Continuamos conversando enquanto o crepúsculo se transformava em escuridão. O tempo todo eu sentia a presença do Amor e nenhum medo.
Por último, perguntei silenciosamente a Deus: “Podemos encerrar por agora?” E ouvi: “Sim”. Quando fiz essa pergunta ao homem, ele respondeu afirmativamente. De repente, levantou-se e foi embora, mas, em seguida, voltou para me dizer, com um grande sorriso, “Obrigado. Deus enviou você a mim”.
Nunca mais se ouvirá de violência
na tua terra, de desolação ou
ruínas, nos teus limites; mas aos
teus muros chamarás Salvação, e
às tuas portas, Louvor.
Isaías 60:18
