Skip to main content Skip to search Skip to header Skip to footer

ESPIRITUALIDADE E CURA

A paz exatamente onde estamos

Da edição de julho de 2007 dO Arauto da Ciência Cristã


Um presente pode ter consequências inesperadas. Um, que recebi há algum tempo, levou-me a uma jornada espiritual que resultou na descoberta de uma paz sanadora, de uma forma que eu jamais poderia imaginar. Qual o presente? Um grande gato selvagem.

Era um belo animal, mas feroz e agressivo. Parecia simbolizar minha vizinhança, que era estranha, desagradável e potencialmente perigosa.

Naquela ocasião, eu vivia em um país com muita beleza natural, mas que estava sob o controle de um ditador. Com soldados permanentemente nas ruas, o regime vigente não era muito propício à expressão individual e liberdade genuínas. Não estávamos distantes de um grande conflito e, não raramente em minha cidade, havia blecautes, quando sirenes de alarme de ataque aéreo e tiros de fuzis vindos das pontes eram ouvidos, em exercícios de simulação para uma passível invasão.

Levando em conta que o gato era simplesmente intratável, pareceu-me prudente deixá-lo na varanda do meu apartamento, que era protegida com rede, para que pudesse, aos poucos, se acostumar à presença de pessoas. Tornei a varanda confortável para ele, e passei a ficar todos os dias algum tempo sentada ali em silêncio, sem tocar nele ou dele me aproximar, apenas para que se acostumasse com a minha companhia. Além disso, eu orava todos os dias para que esse animal, como parte da criação de Deus, se sentisse seguro, amado e cuidado. Eu orava para saber que ele expressava naturalmente a inteligência que o faria perceber que eu e outras pessoas não representávamos nenhum perigo para ele, e que poderia sentir, de alguma forma, como a Mente única, Deus, se expressava. Nessa expressão, só podemos encontrar amor e paz.

Certo dia, diversos ruídos de trânsito particularmente altos assustaram o gato, que começou a subir pela rede que cercava a varanda. Suas unhas se enredaram na malha da rede, ele ficou preso e começou a miar apavorado. Querendo ajudá-lo, saí em seu socorro e o libertei da rede. Porém, em troca, fui gravemente mordida.

Repentinamente, defrontei-me com uma situação muito séria. Eu tinha um ferimento grave na mão, vivia em um país subtropical e estávamos no meio do verão. As implicações desse caso não eram boas. Eu estava longe da família e de algum Praticista da Ciência Cristã para quem pudesse telefonar pedindo ajuda em oração para obter a cura. Naquela época, chamadas telefônicas para meu país natal levavam até dias para se completar.

Sempre havia confiado na oração a Deus que eu aprendera na Ciência Cristã para me curar de todo tipo de problema, inclusive de ferimentos físicos.

Eu poderia procurar assistência médica em um hospital local, mas essa não era a meneira como eu costumava me tratar. Sempre havia confiado na oração a Deus que eu aprendera na Ciência Cristã para me curar de todo tipo de problema, inclusive de ferimentos físicos.

Naquelas circunstâncias, todas as coisas ao meu redor pareciam representar algum tipo de conflito. Os sentimentos de medo, raiva, ódio, tribalismo, nacionalismo e animalidade pareciam se intensificar desenfreadamente e a paz, tão necessária para a cura espiritual, parecia muito distante.

À medida que eu orava, compreendia que a paz não depende da nossa vizinhança, mas é uma condição do nosso próprio pensamento. Além disso, percebi que não importavam o local nem as circunstâncias humanas em que eu me encontrava. Eu sempre seria capaz e teria a oportunidade de expressar a paz como parte da minha identidade espiritual, quaisquer que fossem as atividades nas quais eu estivesse empenhada. O mesmo raciocínio valia para toda a criação de Deus. Um pensamento cheio de paz é um pensamento isento de conflito, medo ou ódio.

Contudo, como eu poderia ser uma representante da paz, se acreditava que eu mesma era uma vítima de conflito?

Lembrei-me das palavras de Cristo Jesus, quando ele disse que: “...o reino de Deus está dentro de vós” (Lucas 17:21). Pensei: o reino de Deus é o reino da paz e, como eu sou a filha do Espírito, do Amor divino, esse reino precisa estar dentro de mim, não pode ser algo separado da minha verdadeira identidade. Jesus provou isso quando acalmou uma violenta tempestade que havia aterrorizado seus discípulos. “Acalma-te, emudece!” foram suas únicas únicas palavras. Em seguida “o vento se aquietou, e fez-se grande bonança” (Marcos 4:39).

Jesus conhecia a paz interior. Ele demonstrava que Deus é a fonte da paz. A Bíblia mostra que ele fazia uso dessa fonte divina, sentia-se tão unido a ela, tão seguro de sua presença, tão ciente de seu poder absoluto, que essa paz se tornou o fator motivador de sua vida e o capacitou a cumprir sua missão de cura e salvação. Jesus não permitia que a aparência agressiva das circunstâncias negativas ou do mal humano abalasse sua total convicção de que Deus está no completo controle e governo de cada aspecto da vida.

Jesus trazia a autoridade da paz de Deus para cada circunstância com a qual se deparava. Isso não quer dizer que ele não enfrentasse situações de conflito aparente envolvendo desavenças, guerras políticas e teológicas, ódio, desprezo e crucificação. Contudo, ele conseguia acalmar todas essas tempestades, por ser o representante da paz e da harmonia do Cristo, qualidades sempre presentes de Deus.

A verdadeira paz não consiste simplesmente na ausência de conflito, mas na consciência da presença de Deus, percebida no Cristo, a Verdade. Esse Cristo é tangível e substancial.

Eu agora percebia que, como seguidora de Jesus, poderia adotar essa mesma abordagem. Compreendi que não tinha de obter a paz como se ela fosse algo fora de mim mesma porque, como criação de Deus, eu era a própria evidência da paz. Precisava apenas encontrar aquela paz dentro de mim, acalentá-la e refleti-la, como parte de minha verdadeira identidade.

Muito freqüentemente acreditamos que uma mudança na situação humana pode determinar a paz, em vez de confiar no fundamento espiritual do pensamento, que promove a mudança desejada.

Desejamos um cessar-fogo, quando o que realmente necessitamos é conhecer a paz genuína encontrada somente em nossa união com Deus e com toda a Sua criação. Em meio a guerras, desastres naturais, relacionamentos estremecidos, doença ou outras provações, talvez desejemos simplesmente ser poupados do barulho e do caos provocados pelo mal. Entretanto, a verdadeira paz não consiste simplesmente na ausência de conflito, mas na consciência da presença de Deus, percebida no Cristo, a Verdade. Esse Cristo é tangível e substancial. Ele nos faz perceber a falta de poder do mal e nos liberta de todo tipo de sofrimento.

O Apóstolo Paulo disse: “...o pendor da carne dá para a morte, mas o do Espírito, para a vida e paz” (Romanos 8:6). A verdadeira compreensão de que a Vida é Deus nos proporciona paz, porque implica o reconhecimento de que a existência é espiritual, boa, rica e repleta de amor. É a existência fundamentada na certeza do eterno bem-estar. Um conceito mortal e material sobre a vida é incerto, vulnerável, tumultuado e limitado, e não resulta em uma confiança pacífica. Mary Baker Eddy escreveu: “A vida material é a antípoda da vida espiritual; escarnece a felicidade do ser espiritual; carece de permanência e de paz” (Miscellaneous Writings 1883–1896, pp.351–352).

Enquanto orava seguindo essa linha de raciocínio compreendi que, da mesma forma como Jesus havia revelado o Cristo a verdade sobre Deus e sobre cada um de nós como filhos de Deus para superar os desafios de sua época, também eu poderia encontrar a cura no meu próprio reconhecimento do Cristo e da paz que ele desperta em nosso coração.

Essa certeza de “Deus conosco” (o reino dos céus aqui e agora) me trouxe enorme conforto. Elevoume à convicção do amor e do cuidado de Deus por toda a Sua criação. Parei de me concentrar excessivamente na guerra, na agressão e no ódio, ou seja, nas tempestades que pareciam me cercar e dominar. Conscientizei-me da paz que a compreensão da Vida divina traz a cada aspecto de nossa vida. Verdadeiramente descobri um pouco do reino dos céus dentro de mim.

Em uma tarde muito quente, uns dois dias depois do incidente, resolvi tomar um banho para me refrescar. Embora tivesse começado a permitir que o gato andasse pelo apartamento, eu havia decidido evitar qualquer contato direto com ele. Porém, com minha recémdescoberta compreensão da paz verdadeira, eu continuava a acalentar as qualidades espirituais dele. Percebi que, nem eu e nem ele poderíamos ser enganados por pensamentos agressivos de mal e de medo, pois ambos fazíamos parte da criação de Deus.

Quando me recostei na banheira o gato entrou no banheiro, pulou para a borda atrás de mim, deitou-se encostado na minha cabeça e começou a ronronar. Esse foi o começo de um relacionamento pacífico e cheio de amor entre nós dois. Nunca mais ele ficou commedo ou se tornou agressivo; estava completamente transformado e em paz.

Conscientizei-me da paz que a compreensão da Vida divina traz a cada aspecto de nossa vida. Verdadeiramente descobri um pouco do reino dos céus dentro de mim.

Nos dias que se seguiram minha compreensão da paz espiritual trouxe cura para mim também. O ferimento profundo fechou e voltei a usar a mão normalmente. O melhor de tudo, porém, foi que passei a me deixar influenciar cada vez menos pelo mundo ao meu redor; aos poucos também comecei a me impressionar menos com os conflitos e tensões na vizinhança. Descobri um pouco do reino dos céus dentro de mim, de uma forma que continua a me abençoar e me trazer uma paz sempre crescente e tangível.

Para conhecer mais conteúdo como este, convidamos você a se inscrever para receber as notificações semanais do Arauto. Você receberá artigos, gravações em áudio e anúncios diretamente via WhatsApp ou e-mail.

Inscreva-se

Mais nesta edição / julho de 2007

A missão dO Arauto da Ciência Cristã 

“...anunciar a atividade e disponibilidade universal da Verdade...”

                                                                                        Mary Baker Eddy

Conheça melhor o Arauto e sua missão.