Desde a época da faculdade, eu ouvia tanto nas aulas quanto em congressos e seminários que o ser humano se sente dissociado do meio ambiente, apesar de fazer parte dele.
Como Engenheira Florestal e Educadora Ambiental, lido há 23 anos com informações técnicas, principalmente relacionadas à temática ambiental. Entretanto, comecei a pensar na inter-relação “Deus – Meio Ambiente – Homem” somente em 2002, quando me tornei Cientista Cristã. Por uma bênção divina comecei a desenvolver trabalhos sobre Educação Ambiental, o que tem me levado a refletir cada vez mais sobre Deus e o meio ambiente.
Ao ler a Bíblia, vi que ela começa com a criação do mundo, e que Deus declara a perfeição de Sua obra ao criar a terra: “À porção seca chamou Deus Terra e ao ajuntamento das águas, Mares. E viu Deus que isso era bom. E disse: Produza a terra relva, ervas que dêem semente e árvores frutíferas que dêem fruto segundo a sua espécie, cuja semente esteja nele, sobre a terra. E assim se fez. A terra, pois, produziu relva, ervas que davam semente segundo a sua espécie e árvores que davam fruto, cuja semente estava nele, conforme a sua espécie. E viu Deus que isso era bom” (Gênesis 1:10–12). Também observei em outros trechos bíblicos que o meio ambiente e o homem estão inseridos em um só contexto. Jesus, por exemplo, fazia suas pregações ao ar livre, às margens dos rios, nas montanhas. No momento em que a crucificação se aproximava ele se retirou para orar no Monte das Oliveiras. Sempre há referência a um componente da natureza: flor, rio, mar, deserto, plantas, sol, animais, plantações. A inter-relação “Deus – Meio Ambiente – Homem” também foi abordada no livro Ciência e Saúde: “Quando acharmos o caminho na Ciência Cristã e reconhecermos o ser espiritual do homem, veremos e compreenderemos a Criação de Deus – todas as glórias da terra, e do céu, e do homem” (p. 264).
Com base nessas reflexões e em meus conhecimentos profissionais, também passei a colocar em Prática os ensinamentos da Ciência Cristã em qualquer assunto que se relacionasse à temática ambiental. Encarar o meio ambiente a partir de um ponto de vista espiritual e perfeito é uma forma de contribuir para solucionar a problemática ambiental.
“Que variedade, Senhor, nas tuas obras! Todas com sabedoria as fizeste; cheia está a terra das tuas riquezas” (Salmos 104:24). Esse Salmo confirmou para mim que Deus fez tudo perfeito. Então, por que não buscar essa perfeição, em vez de ficar presos a prognósticos negativos?
Digo isso porque o relatório divulgado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, sigla em inglês), Órgão das Nações Unidas responsável pela realização de estudos aprofundados sobre as transformações no clima, traz um prognóstico negativo para os próximos anos. Isso fez com que o mundo começasse a encarar seu meio ambiente com muita preocupação.
Esse documento, conhecido como “Quarto Relatório de Avaliação AR4”, é o mais completo de todos. Sua elaboração envolveu 2500 cientistas de mais de 130 países, divididos em três grupos, e consumiu seis anos de trabalho. O primeiro capítulo foi lançado em fevereiro e o segundo em abril de 2007. Esses dois capítulos confirmam a influência que o homem exerce sobre as mudanças climáticas.
Essa análise integrada das questões ambientais relacionadas com a preservação do meio ambiente e com o desenvolvimento sustentável mostra que a humanidade deve tomar consciência de que é preciso mudar suas ações em relação ao ambiente. Essas ações não são responsabilidade somente dos governantes, políticos e cientistas, mas de toda a humanidade. Cabe a cada um refletir em como reverter as previsões negativas.
Desde a divulgação do relatório percebi que as pessoas desenvolveram um certo temor quanto ao aquecimento global. Elas começaram a pensar no futuro considerando as previsões horríveis sobre o meio ambiente, imaginando que a terra pode acabar a qualquer momento. Contudo, elas não se deram conta de que o alerta principal do IPCC é que precisamos mudar nossas ações agora. Os meios de comunicação contribuíram muito para aumentar o medo das pessoas, ao apresentarem dados do relatório sem ouvir a opinião de especialistas, cuja visão sobre o assunto é diferente.
Como cada um pode ter um ponto de vista diferente sobre os problemas ambientais que preocupam a sociedade, essas questões sempre geram polêmica. Muitas das informações apresentadas costumam se pautar por abordagens considerando o bem e o mal, o natural e o artificial, o ser humano e a natureza, o desenvolvimento e a conservação. Contudo, de uma forma geral, todos passaram a acreditar que as conseqüências do aquecimento global são fatais para o meio ambiente e o ser humano.
Volver meu pensamento a Deus e à perfeição de Sua criação me ajudou a refutar os prognósticos negativos divulgados, substituin-do-os por verdades espirituais sobre a harmonia divina, pois aprendi que a forma de pensar e agir se reflete nos resultados desejados.
Precisamos nos harmonizar com a verdade espiritual de que a criação de Deus é perfeita e não pode ser abalada ou destruída por desleixo, descuido ou ignorância.
Com isso, lembrei-me da carta enviada em 1855 pelo cacique Seattle da Tribo Suquamish de Washington, EUA, ao Presidente Francis Pierce, questionando a oferta de compra das terras indígenas. Em um dos trechos dessa carta, ele faz a seguinte reflexão: “...o homem pertence à terra. ... Há uma ligação em tudo. O que ocorrer com a terra recairá sobre os filhos da terra. O homem não tramou o tecido da vida; ele é simplesmente um de seus fios. Tudo o que fizer ao tecido, fará a si mesmo. Mesmo o homem branco, cujo Deus caminha e fala como ele de amigo para amigo, não pode estar isento do destino comum. ... De uma coisa estamos certos e o homem branco poderá vir a descobrir um dia: nosso Deus é o mesmo Deus. ... A terra lhe é preciosa, e ferí-la é desprezar seu criador” (ver www.ambientebrasil.com.br). Se somos feitos à imagem e semelhança de Deus, e se tudo o que é feito por Ele é perfeito, por que então aceitamos a visão de um futuro aterrorizante? Precisamos nos harmonizar com a verdade espiritual de que a criação de Deus é perfeita e não pode ser abalada ou destruída por desleixo, descuido ou ignorância.
Neste momento, é preciso calar os sentidos físicos e entrar em sintonia com a natureza perfeita criada por Deus, uma vez que nela não há extinção de espécies, desertificação, maremotos, enchentes, furacões. É possível libertar a mente desses temores confiando em Deus como solução. Deus não cria nada para ser destruído pelo homem, nem uma força antagônica à dEle. Não é Deus que está transformando o mundo na catástrofe climática que estamos vivendo. Ele não está nos castigando, pois o castigo não faz parte do Seu governo.
De nada adiantam idéias mirabolantes se a forma de ver e lidar com a natureza não for mudada. Portanto, aproveitemos para refletir e modificar nossos hábitos, expressando mais amor e cuidado para com a natureza. A mudança na forma de pensar e agir se refletirá em um mundo melhor, e os problemas com o aquecimento global e o meio ambiente se resolverão
