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ESPIRITUALIDADE E CURA

As riquezas do Espírito

Uma conversa com Evan Mehlenbacher

Da edição de agosto de 2007 dO Arauto da Ciência Cristã


Jeffrey Hildner: Às vezes, você planeja uma viagem, segue cuidadosamente o mapa e chega ao local de destino. Outras vezes, você se deixa levar pelo entusiasmo e a viagem simplesmente acontece, levando-o a lugares inesperados, que o deixam cheio de energia e o transformam. Recentemente, em uma tarde primaveril aqui em Boston, levado pelo entusiasmo do momento, fiz uma jornada em forma de diálogo com Evan Mehlenbacher. Junte-se a nós, no momento em que um comentário sobre o primeiro ano de faculdade de minha filha, desperta a lembrança dos dias de faculdade do próprio Evan...

Evan Mehlenbacher: Eu fora aceito em Stanford. Entretanto, essa faculdade era muito cara. Meus pais disseram: “Os negócios na fazenda estão difíceis, agora. Não teremos condições de enviá-lo para lá, mas, Evan, se você puder se sustentar por conta própria, então poderá ir”. Portanto, fui. Sem nenhuma ajuda ou bolsa de estudos, consegui me sustentar durante todo o curso. Fiquei sem dinheiro no primeiro trimestre do último ano, mas tinha créditos suficientes, portanto me formei antecipadamente. Eu estava mesmo pronto para entrar no mundo real!

JH: Você não tinha nenhum empréstimo para pagar?

EM: Não. Cresci em uma fazenda. No início, em uma fazenda de batatas e, depois que nos mudamos, meu pai trocou o cultivo de batatas pelo de maçãs. Ele nos pagava para trabalharmos no campo. Economizei cada centavo que ganhei desde o primeiro dia. Não gastava nada. Só sabíamos economizar. Portanto, estava financeiramente bem no início da faculdade.

Também tocava órgão. Toquei muito órgão durante a faculdade, algumas vezes para duas igrejas ao mesmo tempo, sem contar com casamentos e funerais. Além disso, vendia pianos e órgãos para uma loja.

JH: Portanto, você foi capaz de completar seu curso na faculdade Stanford, tocando pianos e órgãos e vendendo-os. Essa é uma grande história.

EM: Durante minhas primeiras férias de verão na faculdade, queria ter uma experiência diferente daquela de trabalhar na fazenda, portanto aceitei esse emprego de vender órgãos e pianos em uma loja no shopping. Fui muito bem sucedido, muitas vezes vendia tantos instrumentos, quanto o total de instrumentos vendidos pelos outros vendedores. Tinha aptidão para o negócio.

JH: A que você atribui seu sucesso?

EM: Bem, o fato é que eu tocava os instrumentos. Sentava-me na entrada da loja, tocando músicas populares e atraía uma multidão. Meu entusiasmo e amor pela música contagiavam e outras pessoas desejavam ter a mesma experiência.

JH: Você tinha um conhecimento prático e uma participação ativa naquilo que você vendia e podia demonstrar para as pessoas. Isso fazia toda a diferença.

EM: Com certeza. Vou lhe contar uma coisa: quando fui para a faculdade, imaginava que nunca, jamais, voltaria à fazenda, ou seja, nunca mais e ponto final. Entretanto, enquanto freqüentava Stanford, pensei: “Muito bem, mas então o que farei?” Imaginava que seria algo relacionado à administração de negócios, talvez na área de varejo ou no setor bancário. Contudo, quando chegou a hora de realmente arrumar um emprego, raciocinei: “Bem, poderia trabalhar para qualquer uma dessas corporações, mas começaria de baixo”. Meu pai queria que eu voltasse e tomasse conta dos negócios da família e ele era um fazendeiro bem sucedido, com uma operação bem sólida. Sabia que ele me alçaria a uma posição de gerência. Portanto, pensei: “Honestamente, qual é a melhor opção?”

JH: Começar de baixo ou começar de cima.

EM: Certo! Além disso, pensei: “Seja grato pela oportunidade”. Assim, voltei para casa e meu pai ficou comovido com minha decisão. Entretanto, o amor pelo trabalho na fazenda não estava em mim. Nós nos dávamos muito bem trabalhando juntos como uma equipe e o negócio prosperava, à medida que nossas árvores recémplantadas atingiam o desenvolvimento completo, mas o trabalho não tinha um significado genuíno para mim. Comecei uma intensa pesquisa espiritual para responder à pergunta: “O que farei com minha vida”? Levei cinco anos para obter uma resposta que me ajudou a chegar onde estou hoje.

Era muito difícil afastar-me da fazenda, uma vez que meu pai planejava que, no futuro, eu assumisse a administração do negócio. Depois de mais ou menos uns três anos, até disse a meu pai: “Cuidar de fazenda não é para mim. Preciso fazer algo diferente”. Entretanto, sua reação foi tão contundente, que retirei minha proposta. Ihe: “Esqueça. Não queria dizer isso.” É claro que era exatamente aquilo que queria dizer, mas não sabia como lidar com aquela reação negativa.

JH: Àquela altura, onde você se encontrava em sua jornada rumo à Prática Pública da Ciência Cristã em tempo integral? Você já praticava de alguma forma?

EM: Estava na prática em tempo parcial. Mais ou menos uns dois após a faculdade, fiz uma chamada telefônica que mudou o curso da minha vida. Deveria ligar para uma senhora para lhe perguntar se ela necessitaria de ajuda especial para ir à igreja, mas, quando fiz a ligação, ela não estava interessada naquilo que eu tinha a dizer. Ela estava sofrendo de artrite nos joelhos e mal podia se movimentar, sem falar em dirigir ou sair para comprar alimentos. Ela estava dominada pela dor e pelo medo, na verdade, aterrorizada com relação ao seu futuro. Já estava com mais de 85 anos, não tinha amigos, nem família e estava enclausurada em seu apartamento.

Assim que liguei, ela contoutoda sua história para mim. Ouvi sua amarga resenha de aflições e a primeira coisa que me veio ao pensamento foi: “Preciso me livrar dessa conversa o mais rapidamente possível”. Simplesmente não sabia o que fazer! Mas então, pensei: “Você vai passar de largo ao ver alguém em necessidade como fez o levita e o sacerdote? Ou você será o Samaritano que se compadece e ajuda?” Honestamente, acho que ponderei sobre o que fazer durante uns quinze minutos, enquanto estava ao telefone, e suava em bicas, Jeffrey, pensando: “Não posso fazer isso”. Finalmente, confiei na ajuda de Deus, deixei o medo de lado e perguntei: “Você gostaria que eu orasse com você sobre isso?” Ela responde: “Oh, você poderia, por favor? Não consigo imaginar qualquer outra coisa de que precise mais”. Fiquei chocado. Ela realmente desejava ajuda espiritual e agora eu tinha de ajudá-la!

Aquela oferta de ajuda foi o começo da minha prática. Ela foi minha primeira paciente. Respondi: “Orarei para você hoje à noite e irei visitá-la tão logo saia do trabalho amanhã”, que era um sábado. Orei para ela conforme prometido e fui ao seu apartamento no dia seguinte. Ela me recebeu cumprimentando-me à porta e disse: “Olha, Evan, sem andador”. Ela havia atravessado a sala de visitas sozinha; sentamos para conversar e falamos durante quarenta minutos sobre a Ciência Cristã e o poder sanador de Deus. Eu simplesmente a amei. Isso era exatamente o que eu estava fazendo, amando-a e reconhecendo o amor de Deus por ela. O efeito foi profundo. O amor da Verdade que eu partilhava com ela voltava direto para mim sob a forma de seu amor pelo que eu tinha para compartilhar. Ela era muito receptiva. Foi um momento sagrado para nós dois. Essa visita e a oração foram o ponto decisivo para uma grande reviravolta, tanto para ela como para mim.

No dia seguinte, ela foi à igreja pela primeira vez em meses. Dirigiu seu próprio carro e continuou a viver de forma independente. Começou a contar a seus amigos: “O Evan e eu oramos juntos e agora posso andar novamente”. Eles começaram a ligar para mim, também.

Comecei uma intensa pesquisa espiritual para responder à pergunta: “O que farei com minha vida”? Levei cinco anos para obter uma resposta que me ajudou a chegar onde estou hoje.

JH: A história se espalhou.

EM: Ah, sim. Passei a ter de um a três pacientes me ligando por dia, depois daquela única visita. Também, era difícil eles conseguirem falar comigo, porque eu trabalhava em média de 10 a 12 horas por dia na fazenda. Portanto, eles precisavam ligar pela manhã bem cedo, na hora do almoço ou à noite. Esse foi o nascimento da minha prática, ou seja, ajudar os outros pela oração.

Contudo, durante todo esse tempo, continuava lutando contra as expectativas de meu pai e com a pergunta: “O que vou fazer do resto de minha vida?” Eu adoraria ter entrado para a prática da cura em tempo integral, mas ficava apavorado com a possibilidade de não ter nenhum dinheiro. Era jovem, estava com uns 24 ou 25 anos e não tinha nenhuma quantia guardada. Cada centavo que economizava, era usado para plantar macieiras, em um pedaço de terra no pomar. Esse era um projeto de dez anos, pois não se ganha dinheiro com árvores frutíferas até que elas cresçam e isso leva anos.

Foi então que me casei. A Kathy se mudou de Denver para a fazenda. Minha prática ia bem, trabalhava longas horas na fazenda e era recém-casado. Voltava para casa do trabalho e tinha de ligar para meus pacientes. Além disso, era também um dos Leitores na igreja. A Kathy me perguntava: “Onde é que eu me encaixo aqui?” Não havia sido uma boa idéia têla trazido para a vida tão agitada que levava. Precisava abrir mão de alguma coisa. Naturalmente, não seria o casamento, como também não abriria mão da prática, por isso, era necessário abandonar a fazenda.

A Kathy foi como um anjo que Deus me enviou. Ela era uma enorme fonte de encorajamento, porque eu dizia: “Como vamos nos sustentar, se eu for para a prática em tempo integral?” E ela respondia: “Não se preocupe com isso, vamos nos sair bem. Deus está cuidando de nós”. Sua fé foi o empurrão que me fez vencer o medo de carência.

Eu simplesmente a amei. Isso era exatamente o que eu estava fazendo, amando-a e reconhecendo o amor de Deus por ela. O efeito foi profundo.

Então, disse ao meu pai: “Tenho de ir embora”. Foi uma conversa de cortar o coração, com direito a lágrimas e remorso. Contudo, era necessário. Disselhe: “Permanecerei aqui até o fim do ano, enquanto você decide o que fazer”, o que de fato acabei fazendo. Em outubro daquele ano, Kathy e eu retornamos a Denver, com o objetivo de proporcionar a meu pai e a nós mesmos mais tempo para decidir nosso futuro. Ele manteve o pomar por mais dois anos e então o vendeu por um bom preço, o que era realmente a coisa certa a fazer. Quando saí, não se podia vender um pomar de maçãs por um bom preço porque o valor de mercado da maçã estava muito baixo. Sabia que o preço subiria no devido tempo e valorizaria de novo o pedaço de terra de minha propriedade, capacitando-me a recuperar meu investimento. Entretanto, estava aprendendo a valorizar mais as riquezas espirituais do que as materiais e estava mais do que pronto para abrir mão do meu pomar, mesmo sem nenhum lucro. Além disso, não estava mais disposto a sofrer em um trabalho que não era do meu agrado. Portanto, colocamos todos os nossos pertences na carroceria da pick-up da Kathy e do meu pequeno carro e, com um pouco de dinheiro no Banco, rumamos para Denver. Três anos mais tarde, meu pai vendeu o restante da fazenda e todos nós nos mudamos de volta para Washington.

JH: A Kathy estava empregada?

EM: Ela trabalhava na irrigação dos campos de golfe do country clube, ganhando um salário modesto, mas que nos sustentou durante os primeiros dois anos. Mudamo-nos para um apartamento de um quarto e estávamos muito felizes. Podíamos comprar alimentos e colocar gasolina no carro e isso era o suficiente para nós. Não tínhamos gostos muito caros.

JH: Os chamados pedindo ajuda pela Ciência Cristã continuavam chegando?

EM: Sim. Tinha poucos pacientes nos primeiros anos, mas esse foi um período de aprendizado no que refere a deixar tudo pelo Cristo. Precisei fazer mudanças de pensamento importantes, a fim de progredir espiritualmente, tal como abandonar uma preocupação excessiva a respeito de dinheiro. Veja, meu objetivo inicial havia sido ser um milionário. Queria ficar rico e ainda bem jovem. Isso era o que meu pai ensinava: “Você tem de ganhar dinheiro”. Teria ficado milionário no devido tempo, se tivesse ficado com o negócio da família. Contudo, estava percebendo claramente que a felicidade não vem do dinheiro, mas, de Deus e pode ser encontrada no Espírito, não apenas na posse de coisas.

JH: Quando você diz: “deixar tudo pelo Cristo”, sei que você não quer dizer Jesus. Portanto, vamos fazer uma pausa e lançar um pouco de luz sobre o significado da palavra Cristo.

EM: Cristo é a verdade sobre Deus, manifestada na experiência humana para que sejamos beneficiados pela cura. É o poder e a presença espirituais de Deus sempre em ação a nosso favor. Você não encontra esse poder na matéria. Você não o encontra na medicina ou nas pílulas materiais. Você não o encontra no dinheiro ou nas coisas materiais. Também não o encontra na fama, na popularidade, no status, no prestígio ou na posição social. O Cristo é o Espírito puro em ação. O poder sanador provém do Espírito. A consciência do Cristo é a consciência da vida espiritual, a qual cura. Entretanto, para se ter essa consciência, o pensamento não pode estar cheio de amor e desejo por coisas materiais.

JH: OK. Como você define o homem Jesus?

EM: Bem, acho que Jesus demonstrou o Cristo melhor do que qualquer outra pessoa.

JH: Ele estava ligado ao poder da Verdade divina melhor do que qualquer outra pessoa jamais esteve.

EM: Sim, e mais do que apenas estar ligado, ele estava tão unido com o Cristo em seu pensamento, que o Cristo governava suas ações, sua carreira, seu destino. Jesus era totalmente altruísta e sempre cedia à influência do Cristo. Ele vivia para Deus, não para si mesmo.

JH: A cura traz à luz aquele verdadeiro elemento-crístico, ou seja, aquela identidade verdadeira do Cristo, em todos, não é?

EM: Sim, estamos procurando pelo Cristo em todos, em nossos pacientes e em nós mesmos.

JH: Quando reconhecemos a verdadeira natureza do Cristo nas pessoas, inclusive em nós mesmos, essa visão traz cura. Mary Baker Eddy foi direto ao ponto a respeito dessa idéia em Ciência e Saúde, quando diz: “Jesus via na Ciência o homem perfeito, que lhe aparecia ali mesmo onde o homem mortal e pecador aparece aos mortais. Nesse homem perfeito o Salvador via a própria semelhança de Deus, e esse modo correto de ver o homem curava os doentes” (pp. 476-477).

EM: É aí que entra o “deixar tudo pelo Cristo”, na prática da cura. Para “deixar tudo pelo Cristo”, você tem de abandonar qualquer ponto de vista material limitado que negue a presença da perfeição espiritual, aqui e agora. Para ver nosso próximo como o filho perfeito de Deus, você tem de abandonar a visão física que tem a respeito dele, abandonar a crença de que ele seja mortal e sujeito à imperfeição. Você tem de abandonar qualquer crença em doença que pareça estar atrelada a essa pessoa. Tem de abandonar todos os temores e dúvidas que neguem que esse paciente seja o filho perfeito de Deus.

JH: Maravilhoso. Agora, vamos continuar do ponto em que paramos. Em que você se formou em Stanford?

EM: Em Economia. A maior parte do meu estudo estava focada no dinheiro, ou seja, como ganhálo, como mantê-lo e como gastálo. A maioria dos meus colegas de dormitório se preocupava em ganhar dinheiro. Eu aprecio muito minha experiência em Stanford, pois é uma instituição educacional extraordinária, mas o clima mental era direcionado para o sucesso e eu acreditava nisso, assim como todos os outros. Era uma idéia fixa à qual havia me entregado completamente, durante anos. Seu poder mesmérico sobre meu pensamento, naquela ocasião, era muito grande.

Antes que estivesse pronto para me dedicar à prática da cura, precisava abandonar aquele amor pelo dinheiro. Ao final de cinco longos anos de uma luta cruel constante após a formatura, fiz a mudança com êxito, ou seja, deixei de desejar ser um milionário para desejar, acima de tudo, as riquezas do Espírito. Perguntei-me: “O que é que tem valor na vida: o dinheiro ou a Verdade?” Quando jovem e ainda cursando o ensino médio, acumulei muitos troféus e prêmios e os exibia em uma enorme prateleira em meu quarto. Na faculdade, durante minha busca pela Verdade, comecei a vislumbrar que havia algo mais na vida do que a fama e o sucesso mundano. Apenas não havia entendido isso tudo ainda. Em minha busca por respostas espiritualmente satisfatórias, estudei com atenção o livro de Eclesiastes e o Sermão do Monte, a fim de compreender melhor a diferença entre riquezas espirituais verdadeiras e a vanglória monetária. Levei muito a sério o que lia. “Vaidade de vaidades”, disse o Pregador sobre o acúmulo de riquezas materiais. “Não podeis servir a Deus e às riquezas”, pregou Jesus. Um dia, olhei para todos aqueles prêmios expostos em minha prateleira de troféus e pensei: “Não quero mais ser identificado com esse tipo de ostentação”. Estudei um trecho onde a Sra. Eddy escreveu: “As honrarias da sociedade perecem e seus ganhos significam perda para o Cientista Cristão” (Miscellaneous Writings [Escritos Diversos], 1883—1896, p. 358).

Desejava o ganho espiritual em minha vida, não o aplauso temporal. Portanto, me desfiz de todos os meus troféus, até mesmo meu prémio de excelente desempenho acadêmico, que ganhei durante o discurso de despedida do ensino médio. Tudo mesmo, malas cheias de coisas. Esse foi o fim do meu desejo de perseguir o aplauso mundano. Uma profunda paz de espírito me sobreveio e nunca me arrependi dessa decisão. Ela simbolizou uma purgação do materialismo para fora do meu pensamento, de grande amplitude. Uau..., que limpeza...

JH: Então você recebeu seu diploma da faculdade e repentinamente decidiu reestruturar completamente seus pontos de vista.

EM: Exatamente! Todos os meus pontos de vista. Aquele período de cinco anos após a faculdade representou uma mudança sísmica em meu pensamento, de desejar ser materialmente rico e bem sucedido, para o desejo de uma vida espiritual genuína e cheia de significado. Desejava conhecer a Verdade mais do que qualquer outra coisa. O Cristo me purificou do desejo por sucesso material. Isso também me possibilitou a abandonar o negócio da família, o que foi extremamente difícil para meu pai, minha família e os amigos compreenderem, uma vez que o futuro financeiro do negócio era muito promissor. Contudo, foi necessário fazer essa transição, da matéria para o Espírito, a fim de me preparar para a prática pública da cura.

Para “deixar tudo pelo Cristo”, você tem de abandonar qualquer ponto de vista material limitado que negue a presença da perfeição espiritual, aqui e agora..

A prosperidade é algo bom se nossas intenções são boas. Portanto, quando alguém diz: “Deixar tudo pelo Cristo”, posso me relacionar com esse tema de uma forma muito prática. Não é apenas um exercício teórico, intelectual. Significa deixar TUDO pelo Cristo, ou seja, deixar seu amor pelo mundo, deixar seu apego às coisas, deixar sua busca pelo dinheiro, deixar seu amor pelas glórias temporais para trás, sejam quais forem as formas que possam tomar, e dedicar seu coração, mente, energia e alma à Verdade, ou seja, buscar o Amor divino, buscar a Deus. Você não pode estar mentalmente focado em uma busca por riquezas mundanas e uma busca por riquezas espirituais, ao mesmo tempo. É impossível fazer isso. Jesus foi radical, quando disse: “Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra... onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu... onde ladrões não escavam, nem roubam; porque onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração” (Mateus 6:19-21).

Poucas pessoas, se é que existe alguma, estão dispostas a tomar a posição radical de Jesus de andar por aí apenas com a roupa do corpo. É preciso ser prático a respeito do que se está pronto para demonstrar. Ainda assim, Jesus foi muito preciso. “Sigame”, significa seguir-me rumo ao Espírito. Também significa abandonar seu apego ao mundo. Pondero a respeito da vida simples que ele viveu, sem buscar posição ou poder para si mesmo. Ele não investia recursos, energias e tempo, construindo uma posição social, econômica ou política no mundo e dizendo: “Olhe o que realizei”. Seu pensamento, tempo e energia estavam focados no Espírito e na obediência a Deus.

JH: Então me diga como esse conceito se desenvolveu em sua vida, ou seja, em sua prática de cura, em tornar-se um professor de Ciência Cristã e em conseguir sustentar a Kathy e seus três filhos?

EM: Bem, é uma pergunta simples.

JH: Você me mantém em suspense, visto que tomou uma posição radical. Reestruturou seu pensamento com êxito. Foi testado e escolheu o casamento e a prática. Retirou-se do negócio da família e entrou em acordo com seu pai. E daí, o que aconteceu depois?

EM: Devo lhe confessar que, durante os dois primeiros anos na prática, ainda lidava com o medo da carência, mas nunca enfrentamos uma crise. Nossas necessidades eram supridas diariamente. Contudo, comecei a me preocupar com o futuro. Nunca poderemos ter filhos, imagine como sustentá-los até a faculdade! Ou: O que faremos quando nosso carro ficar velho e não tivermos dinheiro para comprar um novo? Começava a me preocupar a respeito do grande cenário das despesas. Tanto que, a certa altura, perdi a esperança. Esse foi um outro momento de “deixar tudo pelo Cristo”. Muito embora a prática estivesse indo bem, ela era muito modesta e eu imaginava: “Não acho que vou conseguir, não acho que vou ser bem sucedido”.

Eu até cheguei a pegar o telefone e discar o número do meu pai. Era um domingo à tarde e ia lhe dizer que voltaria para a fazenda. Não havia contado nada para a Kathy. Liguei para ele e o telefone tocou, tocou e tocou. Pensei: Isso é um sinal. Desliguei o telefone e disse para mim mesmo: “Você nunca voltará, Deus não vai deixar”. Teria tomado a pior decisão da minha vida, se meu pai tivesse atendido ao telefone, mas isso não aconteceu. Para mim, foi uma prova de que Deus me protegeria, em todas as situações. Ele não permitiria que eu cometesse um erro. Sentir aquela proteção foi um ponto decisivo importante para minha fé no futuro. Sabia que nos sairíamos bem.

Tive aquela sensação de que, enquanto servisse a Deus, Ele tomaria conta de mim. A Bíblia diz: Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós outros” (Tiago 4:8). Não tente delinear seu futuro em termos humanos. Foi um dia importante e surpreendente, quando compreendi que não tinha de ganhar a vida. A Vida é um dom. É um dom de Deus. Nós não a adquirimos. Ela nos é dada. É isso o que fazemos na prática, reconhecer a vida que Deus já nos deu, plena e completa. Ela já foi suprida e é somente o que Ciência e Saúde chama de “mente mortal” que deseja determinar que o bem na vida vem em pequenas quantidades ou em quantidades limitadas. Contudo, a mente mortal está errada. Deus é o provedor de todo o bem, que vem de forma abundante, em forma de idéias. Deus não distribui dinheiro, mas Ele supre sabedoria, verdade e amor, ou seja, as idéias da verdade e do amor são os “pensamentos de suprimento” que se manifestam na experiência humana em contas pagas e necessidades supridas. Deus é um fornecedor ilimitado desses “pensamentos de suprimento”.

Acho que, com o passar do tempo, à medida que meu amor a Deus continuava a crescer, juntamente com meu empenho em fazer o melhor que pudesse no trabalho de cura, Deus continuou, cada vez mais, a abençoar minha prática ao longo do caminho. Estava aprendendo a ficar mais preparado para responder à demanda por cura que havia estado ali o tempo todo. Foi então que as coisas começaram a acontecer. A certa altura, fui representante da igreja junto às Organizações da Ciência Cristã para as faculdades. Mais tarde, trabalhei para A Igreja Mãe durante um ano.

Com todas essas experiências, aprendi algo sobre economia que não aprendi em Stanford, que vivemos no universo da Mente divina, onde a verdadeira substância toma a forma de idéias. De fato, economia é a gestão de nossos recursos, mas, na prática da cura, compreendemos que nossos recursos não são físicos. Não são sequer conceitos humanos. Eles são idéias divinas e você está no negócio de expressar essas idéias divinas. Isso é o que você tem a oferecer e, à medida que você compartilha com êxito esses ativos, esses bens, com sua clientela, esse intercâmbio, em troca, satisfaz suas próprias necessidades humanas. Seus recursos divinos são infinitos.

Hoje, minha prática continua de vento em popa. Se existir alguma preocupação agora, não é sobre ter pacientes suficientes, mas é sobre ter pacientes demais.

Não vivemos em um universo constituído de tempo e espaço. No Espírito não existe nenhum limite, nenhuma fronteira e a prática da cura não significa dividir sua vida em segmentos de tempo, mas significa expressar Amor infinito, onde não há tempo.

JH: Você tem vivenciado abundância.

EM: É interessante. Dei conferências públicas sobre a Ciência Cristã durante dez anos. Fiz mais de quinhentas conferências. Viajava 192.000 quilômetros por ano por toda a América do Norte. Viajei para o exterior umas duas vezes e então, há alguns anos, trabalhei de novo para A Igreja Mãe, desta vez durante dois anos. Não viajei muito durante esses dois anos, mas todos os outros foram muito movimentados. Tenho uma esposa incrível que aguentou tudo isso! Ficava fora cem dias por ano e tínhamos duas crianças pequenas em casa. Então, chegou a hora de deixar outros fazerem o trabalho em A Igreja Mãe. Fiquei um pouco preocupado no início. Ah, imagino o que acontecerá com minha prática, se ficar apenas em casa. Não estava seguro. Contudo, meu trabalho na prática cresceu exponencialmente pelo fato de eu estar em casa. Os pacientes podiam entrar em contato comigo e isso fez com que quadruplicassem. Ela continuou tão movimentada, que chegava em casa do escritório e dizia para minha esposa: “Não sei como posso manter esse ritmo”. Recebia chamadas constantemente, visitas e e-mails o dia inteiro. Tinha cerca de 40 a 50 por cento da minha prática via e-mail. Depois de dizer isso para a Kathy várias vezes, ela olhou para mim um dia e disse: “Não é isso que você queria?” Minha resposta então foi: “Sim, exatamente isso!”

A vida é muito diferente hoje do que era há vinte anos. No começo, temia a falta de dinheiro, agora é com a falta de tempo que tenho de lutar. Mas isso também é apenas uma mentira. Não vivemos em um universo constituído de tempo e espaço. No Espírito não existe nenhum limite, nenhuma fronteira e a prática não significa dividir sua vida em segmentos de tempo, mas expressar Amor infinito, onde não há tempo. A demanda sobre o praticista é fazer isso melhor, expressar mais do único Amor infinito que satisfaz a todas as necessidades, de forma imediata. Quanta alegria traz a prática da cura!

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