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No Amor não há fronteiras

Da edição de agosto de 2007 dO Arauto da Ciência Cristã


Trabalhava como Secretária Executiva em uma companhia do ramo de engenharia de projetos em São Paulo, mas desejava fazer carreira na área de Recursos Humanos e continuar na empresa.

Quando relembro o momento pelo qual passava naquela época, em 1973, dou-me conta de que, às vezes, as aflições que passamos, apesar de causarem sofrimento, abrem novos horizontes que mostram oportunidades sobre as quais nunca pensaríamos se não houvesse sido necessário.

Motivada pelo desejo de esquecer uma pessoa, com a qual havia tido um relacionamento sério, e pela paixão que sentia pela língua e cultura francesas, resolvi estudar na França por um ano. Planejava fazer um curso de Treinamento de Pessoal para que estivesse capacitada a trabalhar em Recursos Humanos quando regressasse ao Brasil, o que acabou não acontecendo.

Cheguei a Paris sem falar muito bem francês e sem conhecer ninguém. Havia trazido endereços de conhecidos que moravam lá, mas não quis incomodá-los. Além disso, queria primeiro explorar o lugar sozinha e descobrir um mundo novo.

Morei por quase um ano em um hotel, onde conheci outros brasileiros que, como eu, buscavam aprimorar seus conhecimentos.

A adaptação foi lenta. No início, estranhava o clima. Lembrome do choque que senti ao ver as árvores secas e sem folhas durante o inverno. Ademais, como tenho muitos irmãos, nunca havia feito uma refeição sozinha. Não tinha o hábito de ir a restaurantes só e, várias vezes, fiquei sem comer até compreender que eu precisava crescer e aprender a viver longe da família.

Para complementar minha renda, comecei a procurar um trabalho. Contudo, o visto de estudante não me dava o direito de trabalhar. Comecei a orar para que Deus me mostrasse qual seria o meu lugar. Apesar de ainda não conhecer a Ciência Cristã na época, sabia que as portas se abririam para mim, se colocasse Deus em primeiro lugar.

Depois de certo tempo, obtive um emprego na Embaixada do Brasil, onde, naquela época, eu não precisava de permissão de trabalho por ser território brasileiro. Mais tarde, recebi o visto de residente, que me concede direitos de trabalhar.

Nessa época, tomei conhecimento da Ciência Cristã. Certo dia, sentia-me muito triste, pois naquela semana ocorreriam os casamentos de uma irmã e de um irmão, aos quais minha condição financeira não me permitiria comparecer. Dirigia-me a uma exposição de arte, quando, por acaso, entrei em uma Sala de Leitura da Ciência Cristã. Lá, ganhei um Le Héraut (Arauto em francês) que tinha um artigo intitulado “Sozinho, mas não solitário”. Pela leitura, compreendi que Deus era a fonte do amor, ao qual temos sempre acesso, independentemente de onde nos encontremos. A sensação de tristeza passou completamente.

Sinto que os brasileiros são acolhidos com amor e alegria pelos franceses. Entretanto, há muito o que orar com relação aos imigrantes, sejam eles brasileiros, africanos ou vindos dos países do Leste Europeu. Eles imigram para a França em grande quantidade, trabalham por salários baixos e se submetem a condições de vida precárias, fato que traz implicações econômicas e culturais para a sociedade francesa.

O governo francês tenta controlar o fluxo migratório. Para isso, regula a entrada de estrangeiros no país. Ao permitir somente a entrada de mão de obra necessária, dificulta o reagrupamento familiar e exige que familiares de imigrantes aprendam francês antes de chegarem à França. Essas são apenas algumas das medidas impostas para barrar a entrada de imigrantes ilegais.

A onda de ressentimento e violência que essa situação vem provocando na França me fez pensar sobre o conceito de barrreiras. Este país faz parte da União Européia, que prega o término das fronteiras. Medidas humanas, como a instituição de uma mesma moeda e a não exigência de visto para se viajar entre os países membros da união, são positivas, mas, pela oração, vejo que é possível elevar o pensamento e tirar dele as barreiras de medo, preconceito e miséria. Os filhos de Deus vivem no Amor, no qual não há fronteiras.

Estas palavras de Jesus me ajudaram a espiritualizar meu pensamento sobre imigração: “Ame o Senhor, seu Deus, com todo o coração, com toda a alma e com toda a mente” ... “Ame os outros como você ama a você mesmo” (Mateus 22:38-39).

Muitas vezes, o conceito de “abandonar algo” acompanha o de imigração. Pode-se deixar para trás o lar, os parentes e pessoas queridas, a língua e a cultura. O amor a Deus faz com que se reconheça que todos estão unidos a Ele, o Amor único, onde quer que se esteja. Ninguém precisa se sentir um imigrante, pois é impossível viver fora do Amor infinito.

Abrir as portas do pensamento e de um país é uma forma de amar o próximo. É possível aos países mais desenvolvidos ajudar aqueles que precisam, sem medo de que seus recursos se esgotem. Na verdade, quanto mais pessoas entenderem que a substância de Deus é espiritual, que Ele é a fonte de onde jorra todo o bem, que provê a abundância plena, de forma eqüitativa e infinita, para todos em todos os países, melhores soluções serão encontradas para curar a extrema pobreza de países menos desenvolvidos, da mesma maneira que os ricos socorrerão altruisticamente os mais necessitados.

Moro na França há mais de 30 anos e continuo a trabalhar na Embaixada do Brasil, em Paris. Acabei constituindo família e não voltei ao meu país. Sinto-me em casa, aqui ou em qualquer outro lugar, porque compreendo que um só Amor está no coração de todos e faz de toda a humanidade uma só família.

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