Sempre que ando pelas ruas de Salvador, cidade onde moro, deparo-me com vendedores ambulantes que vendem CDs, DVDs, tênis, perfumes importados. Os preços são extremamente tentadores e atraem muitos consumidores a essas barracas. Por outro lado, mostram que os produtos são falsificados.
Diante de cenas como essas, eu me questiono: "quem é que leva vantagem?", o vendedor ou o comprador? Quem compra sabe que é um produto pirateado, por melhor que seja sua falsificação, jamais terá a mesma qualidade do original.
De um lado, os consumidores justificam a pirataria e alegam que o preço dos originais é elevado. De outro, os comerciantes argumentam que os vendem porque não têm emprego e precisam sobreviver.
Até pouco tempo atrás, a principal conseqüência da falsificação de produtos como roupas, brinquedos, relógios, óculos, produtos esportivos, software, livros, CDs e DVDs era o prejuízo financeiro que causava para fabricantes, escritores, músicos, designers e editoras. Mas agora, até medicamentos e rações são falsificados, o que coloca em risco a vida humana e de animais. É bom mencionar também a pirataria em radiodifusão nas comunidades próximas a aeroportos, a qual causa sérios danos à aviação brasileira devido à interferência que seus aparelhos causam na comunicação das aeronaves com as torres de controle.
Apesar de a população conhecer as conseqüências que a falsificação pode trazer, bem como da repreensão policial e fiscalização intensa dos órgãos responsáveis, o comércio ilegal continua a acontecer em plena luz do dia e a maioria das pessoas convive com isso como se fosse algo normal. Poucos ainda se importam ou se surpreendem com as notícias sobre a apreensão de produtos pirateados, pois isso faz parte do dia-a-dia em várias cidades do país.
A atitude passiva "isso não é mais novidade" ou "consome produtos falsificados quem quer" me fez refletir mais profundamente sobre o assunto sob o ponto de vista espiritual. O que fazer para sair desse estado letárgico em que a sociedade vive diante da situação?
Encontrei este versículo bíblico: "Não siga a maioria quando ela faz o que é errado e não dê testemunho falso para ajudar a maioria a torcer a justiça" (Êxodo 23:2). Dei-me conta de que, ao aceitar um produto falsificado como substituto do real, consente-se na presença de outras "coisas falsas" na vida. Permite-se que o errado pareça real e segue-se um modelo falso, já padrão em nossa sociedade, ao aceitar calado o que ocorre de errado conosco, em nosso país e no mundo. Parece até que o normal a ser seguido é o pensamento de levar vantagem em tudo, sem preocupação maior com os meios e os fins.
Sempre confiei muito em Deus e busquei nEle respostas para minha vida. Entretanto, até começar a estudar a Ciência Cristã, achava que resultados desastrosos também provinham de Deus. Isso contribuiu para o desenvolvimento de uma forma incrédula e negativa de pensar sobre muitos assuntos como escândalos no governo e notícias de produtos falsificados apreendidos, pois os via sendo vendidos nas ruas semanas depois.
A Ciência Cristã, no entanto, me mostrou que Deus é Amor e provê somente o bem. Como Seu amor abraça a todos, não pode existir uma lei de vantagem parcial, uma vez que todos são abençoados igualmente. Acredito que a maneira como Deus vê e ama Sua criação é única e perfeita. É possível confiar e sentir esse amor incondicional do Pai manifestado a todos os seus filhos.
Comecei a aplicar tudo o que tenho aprendido em meus estudos da Bíblia e de Ciência e Saúde a diversas situações. Lembrei de uma passagem desse livro, em que Mary Baker Eddy diz: "Nossos pontos de vista errados acerca da vida ocultam a harmonia eterna e produzem os males de que nos queixamos. O fato de os mortais crerem em leis materiais e rejeitarem a Ciência da Mente, não faz com que a materialidade ocupe o primeiro lugar e a lei superior da Alma, o último" (pp. 62, 63).
Deus é Amor e provê somente o bem. Como Seu amor abraça a todos, não pode existir uma lei de vantagem parcial, uma vez que todos são abençoados igualmente.
Percebi que, antes de me queixar da situação errônea que via à minha frente, precisava corrigir o pensamento e afirmar a Verdade divina em minha consciência. A lei superior da Alma, Deus, não nos conduz por caminhos tortuosos. Saber que no governo divino tudo é perfeito e reto, anula a pirataria, impostos sonegados e a chamada "lei da vantagem". Podemos ver esse reino manifestado quando alinhamos nosso pensamento a Deus. Por isso, também tenho incluído os legisladores em minhas orações.
A solução definitiva virá quando as pessoas pararem de justificar atitudes e comportamentos que alimentam o ciclo da corrupção. Na Mente única e perfeita só existe lugar para o verdadeiro.
