Na noite anterior à crucificação, Jesus passou parte da noite com seus discípulos. Talvez ele tenha refletido profundamente sobre o modo como eles levariam avante a obra e as idéias de seu ministério, as quais transformariam o mundo. Talvez houvesse tido até mesmo um senso de urgência. O que sabemos com certeza é que ele disse a seus discípulos algo de vital importância: "Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros" (João 13:34, 35).
Esse mandamento resume o princípio fundamental do ensinamento de Jesus, ou seja, de que o amor deve ser a força geradora do pensamento e das ações dos cristãos. Ele estabeleceu um padrão que cada um de nós pode se esforçar para alcançar. Mas como faremos isso? Primeiro, reconhecendo que a capacidade de amar não é uma virtude pessoal, porque, a despeito de seu incrível registro de curas, Jesus humildemente reconhecia: "Eu nada posso fazer de mim mesmo; na forma por que ouço, julgo. O meu juízo é justo, porque não procuro a minha própria vontade, e sim a daquele que me enviou" (João 5:30). Portanto, podemos estar seguros de que Deus proverá a paciência, a energia, a compaixão e a compreensão de que precisamos para fazer Sua vontade. Tendo em vista que a fonte de nosso ser é Deus, o próprio Amor, a capacidade de amar os outros é intrínseca, um estado natural do ser.
Por conseguinte, surge a pergunta óbvia: Por que o mundo padece de ódio, guerra, fome, genocídio? Mary Baker Eddy explicou essas ocorrências trágicas desta maneira: "A origem de toda discórdia humana foi o sonho de Adão, o sono profundo no qual se originou a ilusão de que a vida e a inteligência procederam da matéria e nela entraram" (Ciência e Saúde, pp. 306–307).
Existe alguma forma prática de escapar desse sonho de Adão, dessa ilusão de discórdia mortal, que clama por socorro? Como conceber um mundo repleto de amor ao próximo? João descreveu esse tipo de mundo, ou seja, a realidade espiritual, no livro do Apocalipse. Ele chamou a esse mundo de cidade de Deus. Essa "cidade santa" é a consciência divina, a atualidade contínua e presente do Amor divino, da paz e da felicidade eterna. João percebeu essa visão santa como uma realidade presente, aqui e agora.
Contudo, será que esse estado celestial do ser não soa idealizado demais para ser realmente prático? Talvez amar aos outros, a todos, neste momento, pareça um pouco demais em sua vida. Simplesmente sobreviver, no dia-a-dia, e cuidar de suas próprias necessidades, seja tudo o que você possa fazer. Talvez isso seja verdadeiro para muitos de nós. Todavia, Jesus devia saber que esse mandamento teria um grande impacto na maneira como nos sentimos sobre nós mesmos e o resto do mundo, porque sair de nossa zona de conforto e nos colocar no lugar do outro tem um efeito poderoso. Ter uma noção das necessidades das outras pessoas, freqüentemente, coloca nossos próprios dilemas em perspectiva.
Em seu Sermão do Monte, Jesus explicou até onde precisamos ir, para amar aos outros. Por exemplo, ele disse: "Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos do vosso Pai celeste, porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos" (Mateus 5:44, 45). Hoje, essas diretrizes talvez pareçam ir contra o bom senso, ou seja, amar seus inimigos e orar por aqueles que o perseguem. Talvez você possa dizer: "Não é dessa forma que o mundo funciona"! Entretanto, Jesus talvez soubesse que o amor é a única solução real para acabar com o sonho adâmico no mundo. Permanece então a pergunta: Como enfrentar os desafios que tanto pesam em nossa própria vida para oferecer amor aos outros?
Pequenos atos de amor fazem com que os outros se sintam bem cuidados, importantes e dignos de ser amados.
Pequenos atos de amor, tais como, falar com suavidade com uma criança que se comportou mal, em vez de falar de forma áspera, ou expressar paciência em vez de irritação quando somos incomodados, ou talvez se servir de uma porção menor para que sobre mais para os outros, esses momentos discretos de amor podem não impressionar, mas são poderosos. Eles fazem com que os outros se sintam bem cuidados, importantes e dignos de ser amados.
Esse é apenas um começo para maiores transformações, quer seja em nosso próprio lar, com nosso vizinho, nossa família, nossa igreja, ou em crises iminentes e desesperadoras em terras distantes. Não importa o quão grande ou pequena a situação seja, podemos estar certos de que vidas mudarão para melhor, quando respondermos com qualquer medida do amor do Cristo que formos capazes de expressar.
