Faz cinco anos que voltei de uma viagem em que vivenciei uma das experiências mais reveladoras em minha vida, pois constatei de um modo concreto que Deus está em todos os lugares, que moramos em Seu reino e vivemos sob Suas leis. Mostrou-me também que qualquer ser humano reflete o Amor divino, independentemente de idade e nacionalidade.
Em 2004, passei cinco meses estudando alemão na cidade de Darmstadt, na Alemanha. Antes de partir, muitas pessoas me perguntavam: "Mas, por que na Alemanha? Lá todos são tão frios..." Apesar desse tipo de comentário, nunca cogitei a possibilidade de ir para outro lugar; sempre tive motivos pessoais e muito sólidos para ir àquele país. Na época, tinha 19 anos e, naturalmente, a insegurança de ficar longe por muito tempo e o medo de não fazer amigos, às vezes pareciam querer falar mais alto. Lembro-me de que semanas antes da viagem, depareime com este trecho de Mary Baker Eddy: "Tende bom ânimo. Deus vos está guiando para a frente e para o alto" (The First of Church Christ, Scientist, and Miscellany [A Primeira Igreja de Cristo, Cientista, e Vários Escritos], p. 140). Essas palavras simples me confortaram com a certeza de que nada poderia dar errado, pois eu estava sendo guiada por Deus.
Desde o primeiro dia fui muito bem recebida em uma família bastante carinhosa e hospitaleira. Fiz amigos de lugares diversos, todos muito bons, simpáticos e receptivos. Eu estava totalmente feliz e realizada, certa de que não poderia haver lugar do mundo em que fosse tratada sem amor, pois todos somos filhos do mesmo Deus, que é ao mesmo tempo Mãe e Pai. Mas uma revelação divina ainda maior me esperava.
Saí do Brasil apenas com o visto de turista, que me permitia ficar na Alemanha por três meses no máximo. A minha ideia era de ficar pelo menos cinco meses e eu acreditava, que uma vez naquele país eu conseguiria outro visto, talvez um de estudante, apesar do curso de alemão em que estava matriculada não exigir nenhum visto. Contudo, nenhuma das possibilidades que eu cogitei para prolongar meu visto eram possíveis pelas leis da União Européia. Apesar de eu estar estudando e morando com uma família alemã amiga, teria de retornar ao Brasil após três meses.
Quando me dei conta dessa situação, fiquei muito chateada. Voltar para casa tão cedo seria uma grande frustração para mim; eu não terminaria o curso nem poderia realizar algumas viagens que havia planejado com amigas. Por esse motivo, passei algumas noites sem dormir. Conversei muito com meus pais, que são Cientistas Cristãos, e com uma Praticista da Ciência Cristã. Eles me recomendaram a leitura deste salmo, que, para mim, é uma promessa linda: "Porque aos seus anjos dará ordens a teu respeito, para que te guardem em todos os teus caminhos. ... Ele me invocará, e eu lhe responderei; na sua angústia eu estarei com ele..." (Salmos 91:11, 15).
Depois de estudar bastante esse salmo, senti-me leve e calma, carinhosamente ligada a Deus. Comecei a andar pelas ruas da cidade, pelos bosques, ver os riachos e montanhas e tive a compreensão absoluta de que nenhum desses preciosos locais eram de propriedade de um homem ou de uma nação, mas eram todos propriedades divinas, o que me garantia o direito simples e pleno de poder continuar andando por lugares como aqueles, onde quer que me encontrasse. Senti-me muito grata por pertencer de modo íntegro a essa natureza, mesmo sabendo que provavelmente eu precisaria deixar o país antes do planejado. Por direito divino, eu estaria sempre no lugar correto. Entendi que poderia ser feliz em qualquer local, pois estaria sempre na presença infinita e amorosa de Deus.
Alguns dias mais tarde, a família que me hospedava teve a ideia de ir à Secretaria para Estrangeiros de outra cidade, para perguntar se não seria possível prolongar meu visto. Tratava-se de uma cidade pequena, em que um de seus parentes morava. Eu não estava muito animada, já que em todas as outras tentativas a resposta foi sempre seca e objetiva: "impossível, ela precisa retornar ao Brasil". Mas nessa cidadezinha, garantiram, mesmo por telefone, que não haveria problema algum em prolongar meu visto.
No dia seguinte, fui até essa secretaria onde, sem fazer qualquer tipo de pergunta, prolongaram a minha estada na Alemanha, sem nenhum problema legal. Perguntaram-me inclusive até quando eu gostaria de ficar.
A gratidão que senti foi imensa, não só porque poderia continuar meus estudos e planos de viagem, mas também por ter vivenciado o amor que minha família alemã demonstrou, acompanhando-me todo o tempo na busca pela renovação do visto. Eles não apenas me levaram aos lugares necessários, e me ajudaram com toda a burocracia, mas de fato torceram muito para que eu pudesse continuar a ser filha deles por mais alguns meses! Fizeram tudo alegremente para que eu prorrogasse meu visto. Quando a resposta positiva saiu, todos comemoramos felizes.
Comprovei com essa experiência que, como filhos de Deus, todos fazemos parte da mesma família e do mesmo lar espiritual, sempre regido por leis divinas de amor.