Você pode imaginar um mundo em que a corrupção não exista? Onde as pessoas não colem nos exames ou soneguem impostos? Sem nenhuma cobiça por dinheiro ou poder? Poderia haver um mundo tão justo que os únicos tribunais ou cortes de justiça necessários seriam "os tribunais do Senhor"? Onde, conforme escreveu um poeta bíblico, entramos somente para dar graças a Deus por Sua verdade eterna, pela riqueza imparcial de Seu amor (ver Salmos 116:19 e 100:4, conforme a Bíblia King James).
Claro que essa não é a forma pela qual a maioria das pessoas vê o mundo. Em uma pesquisa de opinião conduzida pela CNN após a divulgação do que talvez seja o pior esquema de fraude em investimentos já descoberto, uma espécie de pirâmide financeira, a CNN relatou que 74 por cento dos americanos acreditam que tal "comportamento é comum entre os consultores e instituições financeiras" (David Goldman, "Pesquisa: os americanos acham o comportamento de [Bernard] Madoff comum," de 23 de dezembro de 2008). Incidentes tais como a fraude nos negócios do Banco Société Générale da França, juntamente com as fraudes financeiras e eleitorais nos antigos países comunistas da Europa, apontam para o alcance global da corrupção. Somente nos Estados Unidos, uma sequência de atos corruptos praticados por governantes eleitos, desde Nova Iorque (um governador destituído de seu cargo, envolvido em prostituição), a Illinois (um governador preso por tentar vender uma nomeação senatorial), e ao Alaska (um senador condenado por crimes federais), tem produzido um quadro particularmente embaraçoso.
Ainda assim, um universo livre de corrupção é algo muito maior do que uma simples fantasia moral. Em meio a um mundo corrupto, o profeta Isaías, em sua época, percebeu o "reino pacífico", ou seja, um universo sem violência e competição por recursos, sem nenhum impulso predador ou destrutivo (ver Isaías 11). Embora exilado na ilha de Patmos, no Mar Egeu, João, o Revelador, escreveu sobre uma visão em que Deus lhe mostrava "um novo céu e uma nova terra", a "nova Jerusalém", livre de morte, tristeza e dor (ver Apocalipse 21).
Seriam essas visões somente esperanças idealizadas de uma distante vitória sobre o mal? Predições de um fim do mundo apocalíptico no futuro? Seriam talvez mensagens codificadas destinadas apenas a pessoas do seu próprio tempo? Ou nenhuma das hipóteses acima?
E se, ao contrário, essas duas visões forem um tipo de abertura a uma verdade fundamental, a um mundo de integridade espiritual, que existe exatamente onde a corrupção parece prosperar, mas que passa em grande parte despercebido e, consequentemente, viven-ciado em certo grau? Comentando sobre a revelação de João, a Fundadora do Arauto, Mary Baker Eddy, perguntou: "Já imaginaste alguma vez esse céu e essa terra, habitados por seres sob o domínio da sabedoria suprema"? Em uma passagem que indica a razão pela qual as pessoas deixam de perceber a inteireza divina, ela continuou: "Livremo-nos da crença de que o homem esteja separado de Deus, e obedeçamos unicamente ao Princípio divino, a Vida e o Amor. Eis o grande ponto de partida para todo verdadeiro desenvolvimento espiritual" (Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 91).
A corrupção não pode ser descartada de forma leviana. Ela exigirá uma luta por um despertar, para uma correção de rumo no caráter e um progresso espiritual conseguido com muito empenho, antes que o pensamento humano se alinhe completamente ao conselho bíblico: "Porque é necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade e que o corpo mortal se revista da imortalidade" (1 Coríntios 15:53).
A Ciência Cristã nos capacita a ver e a vivenciar o mundo mais como os profetas antigos o discerniam. Ela nos oferece os meios para nos "despirmos" do modelo corrupto de vida, limitado pelas novas/velhas condenações do pecado original e do determinismo biológico, e nos proporciona os meios para conhecer a Deus como o Princípio universal, o Amor que sustenta, o Criador, cuja criação é inteiramente boa e espiritual.
Foi uma visão como essa, espiritualmente iluminada, que capacitou a Cristo Jesus salvar os pecadores. Ele libertava as pessoas dos pontos de vista obscuros e distorcidos sobre si mesmos e, nesse processo, curava suas deformidades físicas. Um coletor de impostos, desprezado por todos e, provavelmente, corrupto, chamado Zaqueu, vivenciou uma libertação moral espontânea, uma restauração à sua bondade e honestidade inatas, por meio de seu encontro com Cristo (ver Lucas 19). Jesus via, além da prisão mental da corrupção, o homem ou a mulher real da criação de Deus e essa visão trazia cura.
Hoje, a cura de toda uma comunidade global começa na vida individual, com a visão, levedada pelo Cristo, a respeito da identidade e da substância, com desejos melhorados e vitórias progressivas sobre a corrupção, em todas as suas formas. Entregar-se a pensamentos ou desejos corruptos alimenta o mau comportamento ignorante ou voluntarioso. Mesmo as formas menores de corrupção, tais como a tendência de usar um linguajar grosseiro, o que a Bíblia chama de "palavra torpe" (Efésios 4:29), apontam para estados mentais que podemos começar a corrigir, à medida que nos dispomos a abandonar os sinais mais evidentes de corrupção.
Aqueles que oram pelo mundo podem apoiar mentalmente o amor instintivo da humanidade pela honestidade e justiça. Embora a pesquisa da CNN provavelmente reflita de forma exata a reação pública ao comportamento corrupto, acreditamos que essas percepções contradizem a verdade subjacente, ou seja: que a vasta maioria das pessoas é honesta. Dito isso, precaver-se contra a fraude exigirá uma vigilância maior.
O magnetismo espiritual, a atração para crescermos espiritualmente, o impulso para se fazer a coisa certa em todas as circunstâncias, é imensuravelmente mais poderoso do que o instinto animal de defraudar e causar dano. Temos o direito divino, não somente de ver a "nova terra" que os profetas viram, mas também de ver revelado e corrigido tudo o que ficar aquém da natureza verdadeira da criação.
