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Matéria de capa

Lições sobre integridade na política

Da edição de agosto de 2009 dO Arauto da Ciência Cristã


Quando alguém é eleito ou nomeado para um cargo no alto escalão do governo norteamericano, o documento que representa seu mandato começa com esta declaração: "Depositando especial confiança em sua integridade, prudência e capacidade, eu o nomeio para..." e então continua a descrição do cargo para o qual a pessoa foi designada. Minha própria integridade foi testada na Casa Branca, enquanto fui Assessor para Assuntos Internos para o entãa Presidente Nixon, e nomeado co-presidente dos "Plumbers" (Encanadores), uma unidade especial de investigações da Casa Branca sobre vazamento de informações confidenciais. Era uma equipe incumbida de desacreditar o Dr. Daniel Ellsberg no vazamento conhecido como "Papéis do Pentágono". Ele era um ativista antiguerra que havia passado para dois grandes jornais documentos confidenciais sobre a estratégia dos Estados Unidos na guerra contra o Vietnã. Fomos também encarregados de rastrear quaisquer outros "vazamentos" de informações confidenciais. Contudo, para levar a cabo nossa tarefa, infringimos a lei.

Nossas ações vieram à luz à medida que o caso Watergate começou a aparecer na imprensa. Optei por me declarar culpado e voluntariamente aceitei qualquer sentença que o tribunal impusesse, porque percebi que necessitava fazer isso, a fim de restabelecer meu próprio senso de integridade.

Há cerca de 15 anos, comecei uma busca por entender o que havia me levado à violação de conduta legal e ética, enquanto estive no governo. Compreendi também que aquelas palavras "Depositando especial confiança em sua integridade" nem sempre eram levadas a sério.

Integridade também significa "perfeição, um estado intacto"

Foi quando comecei a examinar o que realmente significa a ideia de integridade. A definição dessa palavra deriva da raiz latina ínteger, que significa "não tocado, não danificado, inteiro". Integer em inglês também quer dizer um número inteiro. A partir daí, elaborei três perguntas que costumava fazer a mim mesmo, a fim de controlar minha conduta.

A primeira pergunta é basicamente intelectual ou analítica: "É [a ação proposta] inteira e completa"?

A segunda pergunta aborda a dimensão moral com relação à integridade, a qual muitas vezes associamos à honestidade e à retidão, e é: "Ela é correta"?

A terceira pergunta, fundamentalmente espiritual em sua natureza, é esta: "Ela é boa"? Acrescentei essa terceira pergunta há uns seis anos, porque acho que a integridade também significa "perfeição, um estado intacto". Considerando-se que Deus é bom, essa pergunta realmente significa: "A ação proposta é de natureza boa"? Descobri que, sempre que estou sob enorme pressão ou quando os riscos são altos, esse é o momento de ficar calmo e de me fazer essas três perguntas. A experiência também tem me ensinado que, quando conseguimos respondê-las afirmativamente, estamos a salvo.

Compreendi que era importante reconhecer o erro que eu havia cometido

Ao ponderar sobre responsabilidade, deparei-me com esta passagem em Ciência e Saúde, que diz que Jesus "Executou bem a obra da vida, não só em justiça para consigo mesmo, senão por misericórdia para com os mortais—para mostrar-lhes como fazer a deles, mas não para fazê-la por eles, nem para desobrigá-los de uma só responsabilidade" (p. 18).

Portanto, embora a oração na Ciência Cristã comece com a premissa espiritual de "Deus perfeito e homem perfeito" (ver Ciência e Saúde, p. 259), é importante que o indivíduo faça escolhas que estejam em harmonia com essa premissa, que prove que ela é verdadeira. Isso foi, de certa maneira, o que me levou à confissão de culpa. Compreendi que era importante reconhecer o erro que eu havia cometido, assumir a responsabilidade por ele e pagar as consequências legais, para que eu pudesse restabelecer minha inocência e seguir em frente.

Mary Baker Eddy fez uma observação muito interessante, quando perguntou: "Se cometes um crime, deves tu mesmo confessarte criminoso"? E sua resposta foi: "Sim" (Ibidem, p. 461). Aprendi no meu estudo e prática da Ciência Cristã que reconhecer o pecado nos ajuda a destruí-lo. Tive de ser muito claro comigo mesmo a respeito do abuso de poder no qual havia me envolvido, para poder dizer honestamente: "Esse é o tipo de pensamento com o qual nunca mais quero me envolver". Em seguida, tive de assumir a responsabilidade pelo ato e estar disposto a sofrer as consequências legais de forma completa.

O que significa "andar na minha integridade"?

O Salmo 26 foi extremamente útil, e começa assim: "Faze-me justiça, Senhor, pois tenho andado na minha integridade e confio no Senhor, sem vacilar". Logo adiante, encontramos esta conclusão: "Quanto a mim, porém, ando na minha integridade" (Salmos 26:1, 11). Tive de pensar: "O que significa 'andar na minha integridade' "? Também orava com esta passagem de Ciência e Saúde: "Tudo o que realmente existe é a Mente divina e sua idéia, e nessa Mente o ser inteiro se revela harmonioso e eterno" (p. 151). Para mim, essa declaração sanadora define a origem da integridade espiritual, e a frase seguinte mostrou-me como andar nessa integridade: "O caminho reto e estreito consiste em ver e reconhecer esse fato, em ceder a esse poder, e seguir as diretrizes da verdade".

Quanto mais me conscientizava dessa verdade, mais o caminho se revelava diante de mim. Foi isso o que realmente aconteceu. Dentro de duas semanas após minha confissão de culpa, um bom amigo me disse que um dos mais respeitados advogados de Seattle, William L. Dwyer, estava disposto a falar comigo para me representar no processo disciplinar judicial. Quando ele assumiu meu caso, disse que nós iríamos ter uma "visão de longo alcance e de longo prazo". Precisávamos encontrar formas para que eu fizesse reparações, que mostrassem que eu havia compreendido o que dera errado e tomasse providências para corrigi-lo, mas que isso poderia levar anos.

Realmente, levou sete anos desde aquele momento até que eu finalmente fosse reinstituído pelo tribunal à prática da advocacia. Mas aconteceu devido àquela previsão de longo prazo.

Todos temos dentro de nós, provenientes de Deus, as qualidades essenciais que nos mantêm a salvo, tais como humildade e mansidão

Permanecer absolutamente ancorado naquilo que sabemos que é correto, bom e constitucional é uma lição perene, e uma exigência.

Hoje, já se passaram quase 30 anos. Não é exatamente agradável trazer de volta a público esses acontecimentos. Mas para mim, as lições de Watergate ainda são relevantes, porque a falta de integridade e de abuso de poder têm aparecido muito na mídia ultimamente e ainda precisam de cura no governo, nos esportes, nas profissões, e em qualquer atividade humana. Um artigo sobre minhas experiências, escrrito para o jornal The New York Times em julho de 2008, foi intitulado: "A invasão de privacidade que a história esqueceu". Contudo, essas são, de fato, antigas lições, que nunca deveríamos esquecer.

Em muitas situações, a remuneração financeira é tão alta que supera o senso interior de um indivíduo sobre aquilo que é certo ou errado. A pessoa é levada de roldão por um estado quase mesmérico e pode se tornar tão identificada com um líder, ou com um grupo e a "maneira de pensar" desse grupo, que essa pessoa acaba perdendo a capacidade individual de ver e perceber o que está acontecendo. Existem também outras ameaças à nossa integridade, que vêm sob a forma de vaidade ou, às vezes, de arrogância ou prepotência: "Consigo fazer qualquer coisa!", ou ainda sob a forma de imaturidade. Contudo, todos temos dentro de nós, provenientes de Deus, as qualidades essenciais que nos mantêm a salvo, tais como humildade e mansidão.

Os desafios e as ameaças que podem surgir talvez mudem. Entretanto, permanecer absolutamente ancorado naquilo que sabemos que é correto, bom e constitucional é uma lição perene, e uma exigência. O único requisito, na minha opinião, é que cada pessoa permaneça firmemente conectada ao seu mais profundo senso do que é correto e do que é bom, ou seja, ao seu senso mais elevado de integridade.

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